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Ana Soáres

13 de maio Pretos Velhos: Mensageiros da Ancestralidade e Guardiões da Sabedoria Africana

Para além da escravidão: Reconhecendo a herança real e a força ancestral dos Pretos Velhos



Casal de Negros Velhos 1889 - Arquivo Nacional

Em um Brasil marcado pela história da escravidão, a figura dos Pretos Velhos assume um papel fundamental na reconexão com a ancestralidade africana e na afirmação da identidade afro-brasileira. Mais do que simples personagens folclóricos ou entidades religiosas, os Pretos Velhos são guardiões da sabedoria ancestral, mensageiros de um passado rico e complexo, e símbolos da força e resistência de um povo que jamais se resignou à opressão.

Ao contrário do que a narrativa eurocêntrica da escravidão tenta nos fazer acreditar, os Pretos Velhos não eram simplesmente vítimas passivas da opressão. Muitos deles, antes de serem sequestrados e trazidos à força para as Américas, eram reis, rainhas, chefes tribais e outros membros da nobreza africana.

Essa herança real, muitas vezes invisibilizada e negada, se faz presente na sabedoria profunda, na postura serena e na aura de autoridade que emanam dos Pretos Velhos. Eles carregam consigo a memória de um passado grandioso, de uma cultura rica e de uma civilização que influenciou o mundo em diversos aspectos.

Lembremos que a escravidão não foi apenas um evento histórico, mas sim um sistema cruel e desumano que deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Ao honrar a memória e a luta dos Pretos Velhos, reconhecemos a injustiça do passado e nos comprometemos com a construção de um futuro mais justo e igualitário.

Seus ensinamentos, carregados de sabedoria ancestral e valores como a compaixão, a resiliência e a espiritualidade, servem como guia para as novas gerações, inspirando-as a lutar por seus direitos, a valorizar suas raízes e a construir uma sociedade mais justa e fraterna.

O resgate da história e da importância dos Pretos Velhos é um convite à reconexão com a ancestralidade africana, à valorização da cultura afro-brasileira e ao combate ao racismo estrutural. É um chamado à ação, à luta por uma sociedade mais justa e à construção de um futuro onde a diáspora africana seja celebrada em toda sua riqueza e diversidade.

Para muitos afro-brasileiros, a busca por seus ancestrais Pretos Velhos pode ser um processo transformador. Através da pesquisa, da consulta a casas de candomblé e terreiros de umbanda, e da conexão com a espiritualidade afro-brasileira, é possível desvendar as raízes de sua ancestralidade, conectando-se com um legado de força, sabedoria e ancestralidade.

Essa jornada pode fortalecer a identidade individual e coletiva, inspirando novas lutas e conquistas.

A preservação da memória dos Pretos Velhos é uma responsabilidade compartilhada por todos. É preciso que governos, instituições de ensino, comunidades e indivíduos se unam para promover a pesquisa, a educação e a divulgação dessa história rica e inspiradora. Combater o racismo estrutural e construir uma sociedade mais justa e igualitária também passa por reconhecer e valorizar a importância dos Pretos Velhos em toda sua dimensão.

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