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A Artista por Trás da Coluna que se Inicia

Renata Freitas

Em minha primeira matéria para a Coluna de Moda, decidi pela boa educação de apresentar-me. Sou Renata Freitas, tenho 32 anos, nascida e criada em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Sou Designer de Moda autodidata, costureira e modelista por formação, Consultora de Imagem e Pesquisadora em Moda, Arte, Cultura e Psicanálise.

Créditos: Arquivo Pessoal - Ativação de Marca em SPFW
Créditos: Arquivo Pessoal - Ativação de Marca em SPFW

A arte, em suas diversas formas, sempre esteve presente em minha vida, mas só recentemente também como trabalho. Sou o que chamam multiartista porque utilizo de várias formas de expressão para o exercício da criatividade. Hoje, focarei na Arte da produção de Moda.

Na infância, minha mãe costurava roupas para mim e minha irmã, enquanto eu brincava naquela máquina de costura com um volante enorme da minha avó. Tinha notícias da minha tia que trabalhava em uma confecção e produzia para grandes marcas da época e uniformes militares. Na adolescência, uma grande amiga da família, costureira, nos fazia roupas sob medida. Ainda sobre primeiras referências, já na escrita, brincava com a máquina de escrever do meu avô. E observava minha tia, em seu hábito de manter cadernos e agendas bem decorados, em sua letra quase desenhada.

Foi então que em 2016 inaugurou um curso de modelagem, corte e costura perto de casa. Sempre tive vontade de aprender, e precisava exercitar as criatividades e manualidades. Sem muitas pretensões, só queria fazer umas roupas próprias que não encontrava por aí. Nunca tive paciência para rodar em shoppings, provadores, lojas sem fim. A costura me pareceu a solução perfeita, só não fazia ideia de onde me levaria. Foi amor à primeira peça produzida e desde então não parei. Por alguns anos era uma prática limitada às aulas do curso e algumas costuras em casa.

Formei em Direito em 2017, com muito custo, pois, ao final, saí frustrada com todo o sistema jurídico, social, cultural, econômico. Em 2018, comecei a organizar essa transição de carreira para a Arte, iniciando na costura e conciliando as duas coisas. Continuei trabalhando na área jurídica, até que em 2020, com a pandemia, o trabalho se tornou insustentável. Neste ano simbólico, considero-me iniciada na Arte. Claro, com ares de arteterapia. Em seguida, teatro de rua em contexto de Psiquiatria Transcultural, depois Psicanálise, me tratando para estudar ou estudando para me tratar. A partir dessa e de outras experiências intensas, iniciei também uma pesquisa sobre imagem, corpos e vestimentas.

É dessa amálgama de vivências que surge a Espaço Vênvs, minha marca de moda autoral brasileira, que tem em seus princípios muito forte a sustentabilidade social, no respeito aos corpos, conforto e produção consciente.

Meu processo criativo é artístico, intuitivo, também integrando a Pesquisa nas áreas da Saúde Mental e Cultura. A busca pelos prazeres estéticos, não relacionados aos padrões, mas sim àquela sensação indescritível de olhar para um objeto e identificar-se de alguma forma através da imagem. As inspirações surgem de coisas que vejo pela rua, nas redes sociais, desfiles, séries e filmes. Tenho muitos esboços de desenhos que surgiram dessa forma. O propósito é oferecer peças e serviços acessíveis, a democratização da moda e conforto.

Achei de bom-tom trazer esta minibiografia como primeira matéria para mostrar qual é a base do meu trabalho e de qual perspectiva falarei, qual é o meu ponto de partida. Pretendo expor aqui o que encontro de teoria e prática nos estudos e no trabalho cotidiano da produção cultural do que chamamos Moda. Para que, juntos, possamos ampliar nossas reflexões em torno destes temas fascinantes e complexos.

Agradeço, desde já, a atenção.


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