Um olhar sobre a dor, a superação e a resistência feminina em um Brasil que ainda precisa aprender a respeitar suas mulheres

Ser mulher negra no Brasil é enfrentar desafios contínuos. E quando essas mulheres são traídas e violentadas, a dor é ainda mais profunda. Recentemente, um ícone da música brasileira, enfrenta uma das fases mais delicadas de sua vida, a cantora Iza revelou ter sido traída durante a gravidez, um dos momentos mais sensíveis na vida de uma mulher. Simultaneamente, Ingrid Santa Rita, participante da 4ª temporada de um reality show, denunciou ter sido estuprada por Leandro Marçal após o casamento.
Ambas as histórias escancaram um problema sistêmico: a desvalorização da mulher negra no Brasil. A gestação deveria ser um período de alegria e preparação, mas para Iza, tornou-se um mar de sofrimento e traição. A notícia pegou todos de surpresa e evidenciou a fragilidade emocional que a cantora enfrentava, um golpe pesado em meio a um dos momentos mais vulneráveis da vida de uma mulher.
Ingrid Santa Rita, por sua vez, levou a público uma verdade brutal que muitas mulheres negras enfrentam: a violência sexual dentro de relacionamentos que, teoricamente, deveriam ser de proteção e amor. Seu relato ecoa o de muitas outras que sofrem caladas, sem espaço para denúncia ou justiça.

Os dados não mentem. Segundo o Atlas da Violência de 2023, mulheres negras representam 66% das vítimas de homicídio no Brasil. A violência obstétrica, que inclui desde abusos verbais até negligência médica durante o parto, também atinge majoritariamente mulheres negras, evidenciando um sistema de saúde racista e desigual.
A traição sofrida por Iza não é apenas um episódio de infidelidade; é um reflexo de como a sociedade brasileira ainda vê e trata suas mulheres negras. Da mesma forma, a violência sexual contra Ingrid Santa Rita expõe uma cultura de impunidade e silenciamento.
Enquanto seguimos na luta por um país mais justo e igualitário, histórias como as de Iza e Ingrid não podem ser esquecidas. Elas representam a dor, a resiliência e a força da mulher negra. A coragem dessas mulheres em denunciar e enfrentar suas adversidades é um lembrete poderoso de que a luta por respeito e dignidade continua, e que não podemos permitir que nossas vozes sejam silenciadas.
No Brasil de hoje, é imperativo reconhecer e combater as injustiças que ainda assolam nossas mulheres. Afinal, a verdadeira transformação social só virá quando todas as mulheres, independentemente de sua cor, forem tratadas com o respeito e a dignidade que merecem.
Traições, abusos e violências são sintomas de uma sociedade que ainda não aprendeu a valorizar e proteger suas mulheres negras. É necessário um olhar crítico e ações concretas para mudar essa narrativa. Enquanto isso, figuras como Iza e Ingrid Santa Rita nos lembram da força e da resiliência que resistem, mesmo diante das adversidades mais profundas. O Brasil precisa reconhecer e enfrentar essas questões, não com piedade, mas com justiça e respeito, para que futuras gerações possam viver em um país verdadeiramente igualitário.
A luta continua, e a resistência das mulheres negras é a prova de que, mesmo nos momentos mais sombrios, há sempre uma luz de esperança que nos guia.
Ana Soáres
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