O carnaval, uma das festas mais emblemáticas do mundo, é um período marcado pela celebração, pela festa e pelos excessos. Por trás das máscaras e dos desfiles, há uma rica simbologia que envolve questões profundas sobre a natureza humana, a sexualidade e a busca pela transcendência, envolvendo uma vasta iconografia que remete a conceitos ancestrais e sociais. Para muitos, é um período de celebração da vida e da liberdade, onde os limites são temporariamente suspensos. Nas entrelinhas, no entanto, há uma crítica à sociedade e seus tabus em relação à sexualidade e à liberdade individual.
Segundo algumas tradições, durante o carnaval, os portais do submundo se abrem e os "gênios da natureza", erroneamente chamados de demônios, caminham sobre a Terra. É um período em que o povo da "mão esquerda", cultuando figuras como Exu e Pomba-gira, encontra seu espaço de expressão.
Historicamente, o carnaval tem sido associado à celebração de Dionísio, o deus grego da natureza, da alegria e da fertilidade; e Baco, seu equivalente na mitologia romana, representando a liberdade e a indulgência. Nesse contexto, a festa é vista como um momento de culto à vida e à energia vital que permeia a natureza e o ser humano.
Essa festividade também cultua a deusa Babilônia, símbolo da libido, da sexualidade sagrada e da fertilidade, cuja energia é vista como vital para a realização dos desejos e metas individuais. Essa energia não se restringe apenas ao sexo físico, mas abrange a criatividade, os projetos pessoais e a busca pela realização individual. Segundo Freud, a libido é a força motriz por trás de nossas ações e desejos, permeando todas as áreas de nossas vidas.
Nesse contexto, para os praticantes da magia durante o carnaval, a energia telúrica das massas potencializa seus rituais. O ritual da deusa Babilônia é visto como um momento de purificação para alcançar a prosperidade e expandir a consciência, numa tradição que remonta às festas de Lupercália, na Roma Antiga. A mulher é encarada como a encarnação da deusa na Terra, um portal vivo para a energia divina.
Os adeptos da "mão esquerda" veem no carnaval uma oportunidade de trabalhar seus chacras e remover crenças limitantes que bloqueiam a mente. Através da divina alquimia, buscam transformar a consciência limitada em uma consciência expandida, rompendo com paradigmas que os mantêm em um estado de ignorância.
Por outro lado, o contexto também levanta críticas à forma como a sociedade lida com a sexualidade e a liberdade individual. Muitas das repressões e tabus em torno do sexo são fruto de condicionamentos sociais e religiosos que limitam a expressão genuína do ser humano.
Quem realmente é responsável por reprimir a sexualidade humana e perpetuar os tabus em torno dela? Para os adeptos da espiritualidade pagã, como satanismo, por exemplo, não existe distinção entre sagrado e profano, pois tudo é visto como parte do todo, perfeito em sua essência.
Em última análise, o carnaval é um momento de reflexão sobre as complexidades da condição humana, onde o sagrado e o profano se entrelaçam em uma dança incessante. É um convite para repensar nossas crenças e valores, buscando uma compreensão mais ampla e inclusiva da sexualidade e da espiritualidade. Ao fazê-lo, podemos encontrar um equilíbrio entre a celebração da vida e o respeito pelos limites éticos e morais que nos guiam como sociedade.
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