Olá, fico feliz pelo vosso regresso. Isso indica que gostaram do começo. Irei, então, dar continuação. Onde estávamos? Ah, sim, Eva se entregou em amor para Adão. Assim fazendo, ambos consumiram a maçã da consciência.
Eles cresceram e chegou a hora de Adão e Eva descobrirem como viver por conta própria. Descobriram como conseguir comida, aprenderam a caçar e, assim, descobrindo a morte, aprenderam a lavrar e plantar, assim descobrindo a vida. E um dia aprenderam a criar.
Quando Caim e Abel nasceram, Javé ficou feliz, orgulhoso e observou os dois crescerem com grande paixão e amor. Só que Javé lhes deus outra dádiva: a da ignorância.
Em seu amor, Javé pensou ter lhes dado a capacidade de se apaixonar por cada descoberta, assim como ele se apaixonou por cada criação. Só que, em seu grande amor, ele ficou cego. Caim possuía a dádiva da ignorância e aprendeu muito bem a se apaixonar por sua vida. Não aprendeu, no entanto, a apreciá-la e compartilhá-la, encerrando, com seus dedos, a vida do irmão.
O primeiro crime também foi a primeira surpresa e decepção de Javé. Em seu grande amor, ele ficou cego às regras que ele mesmo criara e às possibilidades que elas poderiam desencadear.
Desde então, ele vem tentando arrumar os males que seus filhos cometeram roubando, assassinando, traindo, estuprando ou sequestrando. Nossa história é cheia de momentos cruéis, seja dentro desse texto, seja fora dele, chegando ao ponto em que é fácil perder a esperança.
Cheio de mágoas e não compreendendo por que seus filhos fariam tantas atrocidades uns para com os outros, ele interveio em cada uma delas, às vezes melhorando a situação, às vezes piorando-a. Foi então que ele percebeu que jamais conseguiria ajudar seus filhos se ele não conseguisse entender as razões que os levam a cometer tais atrocidades.
Javé percebeu que sempre esteve em um pedestal e observara seus filhos como nós observamos os peixes num aquário. Ele resolveu que, para entender nossos suplícios, teria que viver nossos suplícios. Javé se faria homem.
Ele pensou em perder a memória para que pudesse viver uma boa quantidade de vida de forma pura e acumular conhecimento, aproveitando, assim, a própria dádiva da ignorância da qual ele nos incumbiu.
Foi aí que Javé escolheu uma mãe com a qual pudesse aprender a amar, mesmo nas horas mais árduas, e um pai que o ensinasse a ser justo e corajoso. Assim, Maria e José foram escolhidos para criar a encarnação de Javé, dando-lhe um nome humano: Jesus.
Javé abandonou o pedestal, sua divindade e imortalidade, seu imenso conhecimento e sabedoria e abraçou a humildade. Para ele, era mais importante saber por que nos odiávamos tanto do que ficar apenas observando. Javé se fez humano, de carne, mortal e ignorante, nascendo na pobreza, mas com pais amorosos e humildes.
A partir de agora, me referirei a ele como Jesus, pois, ao abandonar tudo e arriscar a própria vida para entender nossos problemas, ele se comportou exatamente como um pai.
E por hoje também deixo vocês aqui, mas com a promessa de que a próxima e última parte será a mais emocionante.
Até lá meus queridos leitores.
Alan Falciani
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