O ser humano é um ser social, em constante interação com o outro. Essa relação, no entanto, não se limita à mera troca de informações. Em cada encontro, projetamos no outro nossas próprias falhas, qualidades e desejos, em um processo psicológico conhecido como projeção.
É como se estivéssemos diante de um espelho, onde vemos refletidas não apenas as características da outra pessoa, mas também as nossas próprias. Esse mecanismo, embora natural, pode gerar conflitos e mal-entendidos. Ao projetar no outro aquilo que nos incomoda em nós mesmos, arriscamos interpretá-lo de forma errônea, criando barreiras na comunicação e prejudicando a relação.
No caso das mulheres britânicas, por exemplo, pesquisas do Instituto de Psiquiatria de Londres revelam que elas se olham no espelho em média 38 vezes por dia, enquanto os homens o fazem 18 vezes. Essa diferença pode ser interpretada como um sinal de narcisismo ou vaidade, mas também como uma busca por autoconhecimento e autoaceitação.
Ao nos olharmos no espelho, estamos buscando entender quem somos, quais são nossas qualidades e defeitos. É um processo essencial para o desenvolvimento pessoal, mas que pode ser desafiador, pois nos confronta com nossas próprias fragilidades.
Na esfera social, a projeção também se manifesta de diversas formas. Ao analisarmos a história econômica do brasileiro, por exemplo, vemos como a dimensão racial influenciou profundamente a construção da sociedade.
Desde a abolição da escravidão, há 132 anos, a população negra luta por um lugar de igualdade no mercado de trabalho. Apesar da notável ascensão na escolaridade, as mulheres negras ainda são as mais afetadas pelas desigualdades, ocupando os piores lugares no mercado de trabalho e recebendo os menores salários.
O empreendedorismo surge como uma alternativa para driblar essas barreiras, mas é importante lembrar que a maioria das mulheres negras empreende por necessidade, não por opção. Se houvesse oportunidades de emprego formal com qualidade e estabilidade financeira, elas optariam certamente por essa alternativa.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a projeção do "eu" na sociedade seja um processo positivo e construtivo. É preciso que todos os indivíduos se conscientizem das desigualdades existentes e se engajem na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Para que isso aconteça, é fundamental que as iniciativas de apoio ao afroempreendedorismo sejam ampliadas e democratizadas. O Instituto Feira Preta, por exemplo, é uma organização que faz um trabalho importante nesse sentido, mapeando o afroempreendedorismo no Brasil e promovendo a educação empreendedora.
Outras iniciativas também são essenciais, como a criação de aceleradoras e incubadoras de negócios negros, a articulação do chamado "black money" e o investimento em políticas públicas que promovam a equidade racial.
Ao trabalharmos juntos para construir uma sociedade mais justa e igualitária, poderemos finalmente olhar para o outro sem projetar nossas próprias falhas e medos, mas sim reconhecendo nele a sua individualidade e o seu potencial.
É fundamental que as iniciativas de apoio ao afroempreendedorismo sejam ampliadas e democratizadas. O Instituto Feira Preta, por exemplo, é uma organização que faz um trabalho importante nesse sentido, mapeando o afroempreendedorismo no Brasil e promovendo a educação empreendedora.
Outras iniciativas também são essenciais, como a criação de aceleradoras e incubadoras de negócios negros, a articulação do chamado "black money" e o investimento em políticas públicas que promovam a equidade racial.
Ao trabalharmos juntos para construir uma sociedade mais justa e igualitária, poderemos finalmente olhar para o outro sem projetar nossas próprias falhas e medos, mas sim reconhecendo nele a sua individualidade e o seu potencial.
Ana Soáres
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