Instituto protocola pedido para impedir contratação da cantora após polêmica religiosa

O Carnaval 2025 de Salvador nem começou oficialmente, mas já tem um bloco polêmico puxado por Claudia Leitte. O Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras) entrou com uma ação no Ministério Público da Bahia para impedir que o Estado e a Prefeitura de Salvador contratem a cantora para apresentações na folia de 2025. O motivo? A substituição do nome de Iemanjá por “Meu rei Yeshua” em sua antiga música.
A composição gerou críticas e abriu um debate sobre respeito às religiões de matriz africana, especialmente porque Iemanjá é uma das figuras mais celebradas no sincretismo religioso da Bahia, com sua festa tradicional acontecendo justamente em fevereiro, às vésperas do Carnaval. A mudança no verso foi interpretada por líderes religiosos e entidades do movimento negro como um desrespeito às crenças de matriz africana.
Carnaval 2025 e religião: um tema recorrente
A interseção entre fé e festa não é novidade no Carnaval baiano. Grandes nomes da música já foram protagonistas de discussões semelhantes. Em 2020, por exemplo, Daniela Mercury foi criticada por evangélicos ao homenagear orixás em seu trio. Já Ivete Sangalo, conhecida por seu sincretismo e respeito a diferentes crenças, sempre faz questão de exaltar as religiões afro-brasileiras em seu repertório.
Claudia, que se declara evangélica, já havia recebido críticas anteriormente por suas escolhas musicais e declarações públicas sobre fé. Dessa vez, a questão foi além das redes sociais e chegou ao Ministério Público. O Idafro argumenta que artistas que recebem verbas públicas para apresentações no Carnaval devem respeitar a diversidade religiosa e cultural do país.
Senta lá, Claudia!
A cantora ainda não se pronunciou oficialmente sobre a ação. Seu bloco, Largadinho, está confirmado para desfilar na folia de Salvador, e a expectativa é de que a prefeitura e o governo do estado esclareçam sua posição em breve.
Nas redes sociais, fãs da artista dividem opiniões. Enquanto alguns defendem a liberdade de expressão e o direito da cantora de exaltar sua fé, outros argumentam que a mudança da letra reforça um apagamento histórico das religiões afro-brasileiras, que já enfrentam preconceito há séculos no Brasil.

Carnaval cancelado ou polêmica passageira?
O que está em jogo não é apenas a participação de Claudia Leitte no Carnaval de Salvador, mas o próprio papel dos artistas dentro da festa. O Carnaval é um evento cultural e democrático, mas também carrega forte identidade afro-brasileira. Diante disso, a questão que fica é: até que ponto a liberdade artística pode ser exercida quando envolve símbolos de uma cultura historicamente marginalizada?
Independentemente da decisão do MP, a discussão já entrou para o enredo do Carnaval 2025. Afinal, como canta Gilberto Gil, “a Bahia tem um jeito que nenhuma terra tem”. E nesse jeito, respeito e celebração devem andar juntos na avenida.
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