Uma tragédia que acende o alerta sobre a segurança nos bastidores da maior festa popular do Brasil.

Na manhã desta quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025, o bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi palco de um incêndio devastador que atingiu a Maximus Confecções, renomada fábrica de fantasias de carnaval. O incidente deixou pelo menos 22 feridos, sendo 10 em estado grave, conforme informações do Corpo de Bombeiros. A fábrica, situada na Rua Roberto Silva, nº 129, estava em plena atividade com cerca de 100 funcionários no momento em que as chamas começaram a se alastrar.

Responsável por aproximadamente 60% das fantasias e adereços utilizados no Carnaval carioca, a Maximus Confecções teve sua estrutura completamente destruída. Hugo Júnior, presidente da LigaRJ, afirmou que "tudo indica que a perda de material foi total". Três escolas de samba da Série Ouro — Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu — sofreram perdas significativas, com todas as suas fantasias consumidas pelo fogo.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 7h39 para combater o incêndio e resgatar os trabalhadores presos no edifício. Imagens divulgadas mostravam funcionários pendurados nas janelas, tentando escapar da densa fumaça que tomava conta do local. A maioria dos feridos sofreu queimaduras nas vias aéreas devido à inalação de fumaça. Os casos mais graves foram encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, enquanto outros pacientes foram levados ao Hospital de Bonsucesso.

A Defesa Civil Municipal interditou o galpão da fábrica devido ao risco de desabamento. A 21ª DP (Bonsucesso) iniciou investigações para determinar as causas do incêndio, e o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) anunciou que irá apurar as condições de trabalho na fábrica, especialmente considerando que o estabelecimento possuía documentação irregular.

Em resposta à tragédia, o prefeito Eduardo Paes garantiu que as escolas de samba afetadas não serão rebaixadas na Série Ouro. Ele sugeriu que, caso seja viável, as agremiações desfilem "hors concours", ou seja, fora da competição, mas mantendo sua participação no evento.
Ao longo dos anos, o Carnaval do Rio de Janeiro tem sido marcado por episódios trágicos de incêndios que atingiram barracões de escolas de samba e fábricas relacionadas ao samba, especialmente às vésperas das festividades. Esses incidentes não apenas causam prejuízos materiais significativos, mas também afetam profundamente a cultura e a tradição carnavalesca da cidade.

Incêndios Notáveis:
1992: Um incêndio atingiu o barracão da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, destruindo mais de 1.500 fantasias. O fogo teria sido causado por um curto-circuito na rede elétrica.
1999: Chamas destruíram o barracão e as alegorias da União da Ilha do Governador, causando grandes prejuízos à agremiação.
2011: Um incêndio de grandes proporções na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio, destruiu carros alegóricos e fantasias das escolas Grande Rio, Portela e União da Ilha. O fogo começou por volta das 7h da manhã e atingiu pelo menos quatro barracões.
NOTA À IMPRENSA
A secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, está no Hospital Estadual Getúlio Vargas acompanhando o atendimento às vítimas que chegam pelos Bombeiros, com apoio das ambulâncias do SAMU. Até o momento, 10 (dez) vítimas do incêndio de uma fábrica de tecidos em Ramos deram entrada na unidade. Nove estão em estado grave e uma em avaliação. Três vítimas do sexo masculino estão em estado grave. Seis mulheres em estado grave e uma mulher em avaliação pela equipe médica. Todos os pacientes deram entrada por queimadura em via aérea após inalação de fumaça tóxica.
Este incidente - incêndio em fábrica de fantasias no carnaval carioca é mais comum que se pode imaginar - lança luz sobre a precariedade e as condições inadequadas em que muitas escolas de samba menos favorecidas preparam seus desfiles, especialmente quando comparadas às 12 principais escolas que contam com melhores recursos na Cidade do Samba. A tragédia ressalta a necessidade urgente de revisar protocolos de segurança e garantir condições de trabalho dignas para todos os envolvidos na produção do Carnaval.
Enquanto a cidade se prepara para a folia, fica o alerta: é imperativo que a alegria do Carnaval não ofusque a segurança e o bem-estar daqueles que trabalham incansavelmente para fazer a festa acontecer.
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