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[CRÍTICA] Código Alarum: quando a ação tropeça na ambição

LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho


Um filme que é apenas uma tentativa
Um filme que é apenas uma tentativa (Foto: Reprodução / CinePop)

Código Alarum, lançado em 3 de abril de 2025 nos cinemas brasileiros, chegou com todos os elementos típicos de um blockbuster de ação: espionagem internacional, um casal de ex-agentes em fuga, uma pen drive com segredos que poderiam derrubar governos e nomes de peso no elenco — incluindo Scott Eastwood, Willa Fitzgerald e Sylvester Stallone. Dirigido por Michael Polish e roteirizado por Alexander Vesha, o filme se vende como um thriller policial repleto de tensão, reviravoltas e sequências de combate.


No entanto, o que se vê em tela está longe de cumprir essas promessas. Apesar do elenco carismático e da premissa instigante, Código Alarum tropeça em quase todas as áreas que se propõe a explorar. Com um roteiro inconsistente, cenas de ação mal coreografadas e uma direção que hesita entre o drama e a paródia, o filme acaba sendo mais um exemplo de como boas ideias nem sempre se traduzem em bons filmes.


A trama: pen drives, resort de luxo e espiões em férias

A história começa com Joe (Scott Eastwood) e Lara Travers (Willa Fitzgerald), ex-agentes de elite que abandonaram a vida de perigos para buscar um pouco de paz em um resort isolado. A calmaria termina quando presenciam a queda de um avião e, nos destroços, encontram uma misteriosa pen drive. Essa pen drive, como não poderia deixar de ser, contém informações sigilosas que envolvem a operação ALARUM — uma rede de espiões considerados desonestos por agências de inteligência global.


A partir daí, eles se tornam alvos de diversas organizações, incluindo um grupo de mercenários liderado pelo implacável Orlin (Mike Colter) e até mesmo a CIA. Em uma tentativa desesperada de escapar, Joe procura ajuda de Chester (Sylvester Stallone), um antigo colega de armas, agora encarregado de eliminá-lo. Lara, por sua vez, precisa sobreviver sozinha dentro do resort, que rapidamente se transforma em um campo de batalha.


Embora a premissa prometa tensão e suspense, a execução deixa muito a desejar. A trama, repleta de clichês, alterna entre diálogos expositivos demais e sequências de ação desconexas. O mistério da pen drive, que deveria ser o centro da narrativa, se dilui em meio a reviravoltas confusas e personagens secundários sem desenvolvimento.

Stallone acompanha o Eastwood, mas seu personagem não é muito bem entregue para o peso do seu nome
Stallone acompanha o Eastwood, mas seu personagem não é muito bem entregue para o peso do seu nome (Foto: Reprodução / Cricríticos)

Scott Eastwood: herói sem brilho

Scott Eastwood, que já demonstrou carisma e presença em filmes como Corações de Ferro e Esquadrão 6, tenta aqui assumir a posição de protagonista de ação, mas é prejudicado por um roteiro que não lhe dá espaço para evoluir. Joe é construído como o típico herói cansado e traumatizado, mas falta ao personagem profundidade para que o público crie qualquer conexão verdadeira.


Eastwood até tenta imprimir humanidade ao personagem, mas os diálogos superficiais e a ausência de uma construção emocional sólida acabam transformando Joe em mais um “herói genérico”, daqueles que surgem aos montes em filmes do gênero. Seus conflitos são pouco explorados, suas motivações são básicas, e sua jornada é previsível.


Willa Fitzgerald: o ponto alto que merecia mais

Willa Fitzgerald, por outro lado, entrega uma performance que poderia ter elevado o nível do filme se tivesse mais espaço. Sua Lara é inteligente, resiliente e disposta a lutar, mas o roteiro a coloca em situações que beiram o absurdo — como enfrentar um esquadrão armado em um spa com utensílios de manicure. Ainda assim, Fitzgerald consegue transmitir credibilidade e força.


É curioso notar que, em muitos momentos, Lara parece mais preparada e lúcida do que Joe, invertendo os papéis clássicos de gênero em filmes de ação. Seria interessante se o longa tivesse abraçado de vez essa inversão e dado a ela o protagonismo real da história. Infelizmente, o foco se mantém em Joe, desperdiçando o potencial de Fitzgerald.

Isis Valverde brilha, mas entrega os pontos logo no ínicio!
Isis Valverde brilha, mas entrega os pontos logo no ínicio! (Foto: Reprodução / Cinebuzz)

Stallone: presença que pesa mais pela nostalgia

Sylvester Stallone, uma lenda viva dos filmes de ação, interpreta Chester, um ex-colega de Joe que agora está do outro lado. Sua presença no filme foi amplamente divulgada como um dos atrativos principais, e de fato, sua entrada gera expectativa. No entanto, seu papel é limitado a algumas cenas que alternam entre o constrangimento e o déjà vu.


Stallone parece desconfortável, como se estivesse cumprindo contrato mais do que interpretando um personagem. Seus diálogos são mecânicos, sua motivação é rasa e sua participação, no fim das contas, tem pouca relevância para o desfecho da história. É uma pena ver um ator do calibre de Stallone desperdiçado em um papel que não exige nem 10% de seu talento ou carisma.


Direção e ritmo: um filme que nunca engrena

A direção de Michael Polish carece de pulso firme. O filme parece constantemente indeciso entre ser um thriller sério e uma ação desenfreada com toques de humor involuntário. As cenas de perseguição são mal filmadas, com cortes excessivos e falta de geografia visual. É difícil entender onde os personagens estão, o que está em jogo e por que as ações estão acontecendo.


O ritmo também sofre com essa indecisão. Os primeiros 30 minutos prometem algo mais psicológico e introspectivo. Depois, o filme tenta virar um Missão: Impossível de segunda linha, com cenas exageradas e situações pouco críveis. Em vez de escalar a tensão, Código Alarum tropeça em suas próprias ambições, tornando-se um amontoado de ideias não resolvidas.

Mike Colter com o seu papel mal aproveitado
Mike Colter com o seu papel mal aproveitado (Foto: Reprodução / YouTube)

O vilão que poderia ter sido

Mike Colter, conhecido por seu papel em Luke Cage, interpreta Orlin, o mercenário implacável que persegue o casal. Com presença física imponente e um tom de voz ameaçador, Colter tem todos os ingredientes para um vilão memorável. Porém, assim como os demais personagens, seu papel é mal desenvolvido.


Orlin aparece, mata alguns figurantes, pronuncia ameaças genéricas e desaparece por longos períodos. Sua relação com o restante da trama é superficial, e seu desfecho é tão anticlimático quanto o próprio clímax do filme. Um vilão desperdiçado que poderia ter sido muito mais.


Ambientação e fotografia: acertos pontuais em meio ao caos

Apesar dos problemas narrativos, Código Alarum acerta em alguns aspectos técnicos. A ambientação do resort funciona bem como pano de fundo para o início da trama. O contraste entre o luxo do local e a violência que irrompe ali cria uma tensão interessante — ao menos no início.


A fotografia de Jayson Crothers é eficiente, especialmente nas cenas noturnas. Há um bom uso de sombras, iluminação indireta e enquadramentos fechados para criar sensação de claustrofobia. Esses momentos mostram que havia intenção estética, mesmo que o restante da execução não acompanhe.

Isis Valverde e a sua breve atuação no filme
Isis Valverde e a sua breve atuação no filme (Foto: Reprodução / Conecta Geek)

Trilha sonora e efeitos: uma trilha que passa batida

A trilha sonora composta por Mark Kilian tenta reforçar a atmosfera de espionagem e urgência, mas acaba sendo genérica. Faltam temas marcantes, variações melódicas e impacto emocional. Em momentos cruciais, a música parece simplesmente estar lá — sem elevar a cena nem acompanhar sua intensidade.


Os efeitos visuais e práticos também são desiguais. Algumas explosões e sequências de tiroteio são bem-feitas, mas outras revelam orçamento apertado e direção imprecisa. Há uma cena em que Joe salta de uma sacada em câmera lenta com fundo digital que parece saída de um filme da década passada.


Recepção crítica: do zero ao esquecimento

A recepção de Código Alarum foi dura. No Rotten Tomatoes, o filme amargou um raro 0% de aprovação entre os críticos. Peter Sobczynski, do RogerEbert.com, deu apenas uma estrela de quatro possíveis, destacando o roteiro confuso, a edição desleixada e a sensação geral de um projeto sem direção.


A crítica brasileira não foi mais generosa. Sites como AdoroCinema e Omelete ressaltaram a frustração de ver um elenco talentoso desperdiçado em uma história rasa. Mesmo o público, que costuma ser mais tolerante com filmes de ação, reagiu com frieza: redes sociais se encheram de memes ironizando o roteiro e lamentando a presença de Stallone.


Scott Eastwood e sua tentativa de salvar o filme!
Scott Eastwood e sua tentativa de salvar o filme! (Foto: Reprodução / YouTube)

Código Alarum: quando a fórmula falha

Código Alarum é o típico caso de um filme que tem todos os ingredientes, mas erra na receita. Com uma premissa promissora e um elenco talentoso, poderia ter sido um thriller envolvente e eletrizante. Em vez disso, entrega uma experiência esquecível, repleta de lugares-comuns, personagens rasos e sequências mal executadas.


Não é um desastre absoluto, e há momentos de tensão e bons desempenhos individuais. Mas no todo, falta coesão, criatividade e, sobretudo, direção clara. Para os fãs do gênero, pode até funcionar como passatempo despretensioso. Para os exigentes, fica a sensação de que Código Alarum desperdiçou o potencial que tinha.


Nota final: ⭐⭐☆☆☆ (2/5)

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