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[CRÍTICA] FORÇA BRUTA: Punição (2025) – A fúria da justiça sul-coreana continua implacável

  • Foto do escritor: Manu Cárvalho
    Manu Cárvalho
  • 10 de abr.
  • 5 min de leitura

LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho

Ma Dong-Seok é o melhor quando se fala em ser o cara que resolve
Ma Dong-Seok é o melhor quando se fala em ser o cara que resolve (Foto: Reprodução / High On Films)

Na contramão das franquias ocidentais saturadas, Força Bruta: Punição chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de abril de 2025 como o quarto capítulo de uma das séries de ação mais bem-sucedidas da Coreia do Sul. A saga que começou com Os Fora da Lei (2017), ganhou força com Força Bruta (2022) e explodiu com Força Bruta: Sem Saída (2024), volta com mais violência, carisma e cenas de impacto lideradas pelo já icônico detetive Ma Seok-do, interpretado com fúria contida e força bruta (sem trocadilhos) por Ma Dong-seok, também conhecido como Don Lee.


O que torna a franquia tão popular? Em parte, é a forma como os filmes equilibram o que há de melhor no cinema de ação com o toque cultural único da Coreia: um senso de humor sarcástico, cenas de luta milimetricamente coreografadas e personagens que, embora maiores que a vida, têm dilemas humanos.


Força Bruta: Punição não é diferente. E isso é exatamente o que o público espera: pancadaria, tensão, sarcasmo e justiça servida com os punhos cerrados.


O retorno do detetive que virou símbolo da justiça urbana

Ma Seok-do é um daqueles protagonistas que parecem feitos sob medida para virar lenda. Grande, impetuoso, provocador — mas com um senso de ética que nunca se perde, nem mesmo quando a lei falha. Seok-do já não é um novato. Com os olhos marcados por batalhas passadas, ele volta agora para desmantelar uma rede criminosa envolvida com tráfico humano, corrupção institucional e uma nova e letal droga sintética que está se espalhando por Seul.


Ao lado dele está um novo esquadrão de policiais e agentes do governo, cada um com suas motivações e histórias. Mas, como sempre, é a presença de Ma que domina o espaço, mesmo em meio ao caos. Seu humor cortante e sua postura inabalável servem como âncora em uma trama que, mais uma vez, reflete as tensões de uma sociedade urbana em ebulição.


A brutalidade visual como linguagem narrativa

Se há algo que a série Força Bruta domina com maestria é a construção das cenas de ação. Dirigido por Heo Myeong-haeng, veterano coreógrafo de ação e agora cineasta, este novo capítulo se apresenta como uma verdadeira sinfonia de violência — mas nunca gratuita.

Cada soco, cada perseguição, cada explosão tem peso, tem impacto e, mais do que isso, tem ritmo.


Destaque para a sequência ambientada em um estacionamento subterrâneo, onde Seok-do e seus colegas enfrentam membros da Yakuza em uma batalha corpo a corpo memorável. A câmera se mantém próxima aos personagens, sem cortes desnecessários, deixando o espectador sentir o impacto de cada golpe.


É nesse tipo de cena que a franquia mostra seu diferencial: a violência não é apenas entretenimento — é linguagem, é denúncia, é catarse.

Ma Seok-do é um daqueles protagonistas que parecem feitos sob medida para virar lenda.
Ma Seok-do é um daqueles protagonistas que parecem feitos sob medida para virar lenda. (Foto: Reprodução / Festival do Rio)

O vilão da vez: novo sangue para uma velha guerra

Todo herói precisa de um antagonista à altura. E em Força Bruta: Punição, esse papel cabe ao ator Kim Mu-yeol, que dá vida ao cruel e implacável Baek Chang-gi, ex-militar transformado em chefão do tráfico. Ele representa não apenas o crime, mas o ressentimento social, o abandono e o ódio institucionalizado.


Sua atuação é fria, silenciosa, metódica — contrastando com a intensidade explosiva de Ma. Eles são opostos em todos os sentidos, mas igualmente perigosos. O embate entre os dois, que cresce ao longo do filme até culminar em uma sequência final de tirar o fôlego, é um dos grandes méritos do roteiro.


Muito além da ação: uma crítica social embutida

Pode até parecer que estamos falando apenas de um filme de briga. Mas Força Bruta: Punição, como os anteriores, carrega em seu DNA uma crítica social potente. A Coreia retratada aqui é dura, desigual, suja. Policiais corruptos, empresários inescrupulosos e sistemas que priorizam o lucro estão em constante colisão com os ideais do protagonista.


Ma Seok-do se transforma então numa espécie de Robin Hood urbano — um defensor que quebra regras para proteger os inocentes, mesmo que isso signifique bater em colegas de farda. É essa tensão entre justiça e legalidade que alimenta o motor moral da franquia.


A franquia também não ignora a violência de gênero, o tráfico de mulheres, os esquemas de exploração dos marginalizados. Ao mostrar tudo isso com realismo brutal, o filme entrega mais do que entretenimento: ele nos obriga a refletir.

Força Bruta domina com maestria é a construção das cenas de ação
Força Bruta domina com maestria é a construção das cenas de ação (Foto: Reprodução / IGN)

Personagens secundários que brilham no caos

Além do protagonista e do vilão, Força Bruta: Punição conta com atuações marcantes. Lee Joo-bin interpreta uma jornalista investigativa que, mesmo sob ameaça de morte, continua cavando verdades que ninguém quer ouvir. Sua química com Ma Seok-do é construída sem precisar forçar romance — ela é parceira, cúmplice e peça chave na virada narrativa do terceiro ato.


Park Ji-hwan, como o braço-direito atrapalhado e hilário de Ma, continua sendo o alívio cômico necessário, trazendo humanidade em meio ao peso da história.

A franquia sempre soube equilibrar humor e seriedade, e isso se mantém com inteligência e sutileza.


Sucesso de público e um fenômeno nacional

Na Coreia do Sul, Força Bruta: Punição foi um sucesso imediato, vendendo mais de 10 milhões de ingressos em apenas cinco semanas — feito impressionante mesmo em um mercado aquecido. O público respondeu à altura da franquia que já se consolidou como patrimônio do cinema de ação local.


Mas não é apenas em bilheteria que o filme impressiona. A crítica especializada, embora reconheça a fórmula repetida em algumas passagens, também valoriza a consistência narrativa e o respeito que o diretor tem por seus personagens.


Heo Myeong-haeng entrega um filme que conversa com o público. Ele sabe que não precisa reinventar a roda — só precisa fazê-la girar com força, peso e propósito.


O que torna “Força Bruta” uma das melhores franquias de ação da atualidade

Ao longo de quatro filmes, a série construiu algo raro: uma mitologia própria dentro de um universo policial realista. Sem recorrer a superpoderes, grandes conspirações internacionais ou tecnologia futurista, Força Bruta fala de algo mais simples — e mais poderoso: gente

tentando sobreviver num mundo que parece já ter desistido delas.


Ma Seok-do é nosso anti-herói, nosso último bastião de honestidade em meio à decadência moral de um sistema corrupto. E é por isso que, quando ele entra em cena, o cinema vibra. Porque ele é falho, mas justo. Violento, mas humano.


E em Punição, talvez mais do que em qualquer outro capítulo, ele carrega nas costas o peso da responsabilidade que o público deposita nele: a de fazer justiça, mesmo quando ninguém mais quer.

A série construiu algo raro: uma mitologia própria dentro de um universo policial realista
A série construiu algo raro: uma mitologia própria dentro de um universo policial realista (Foto: Reprodução / IGN)

FORÇA BRUTA: Punição é um filme que soca o estômago e aquece o coração

Força Bruta: Punição é exatamente o que se espera dele — e mais um pouco. Com direção segura, um elenco afiado, cenas de ação insanas e uma mensagem social poderosa, o filme reafirma a força do cinema sul-coreano no gênero que Hollywood insiste em tratar como espetáculo vazio.


Aqui, o espetáculo é visceral. Mas também é político. Também é humano.


Se você busca ação pura com alma, esse é o seu filme. E se você ainda não conhecia a franquia, Punição pode ser o convite perfeito para mergulhar de cabeça no universo do detetive mais casca-grossa dos últimos tempos.


Nota Final: ⭐⭐⭐⭐½ (4,5/5)

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