[CRÍTICA] Looney Tunes - O Filme: o dia que a terra explodiu; um caos de comédia, aventura e nostalgia que encanta gerações

LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho

Foto: divulgação/Warner Bros.

Quando se fala de animação clássica, poucos nomes têm o peso e a relevância que os Looney Tunes carregam. Os personagens criados no início do século XX se tornaram ícones de toda uma geração, e seu legado perdura até os dias atuais. Em 24 de abril de 2025, os Looney Tunes fizeram seu retorno triunfante com Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu, dirigido por Peter Browngardt. Este filme não é apenas uma nova aventura dos personagens que amamos; ele é uma mistura habilidosa de nostalgia, comédia absurda e uma história que consegue englobar o que torna os Looney Tunes tão especiais, enquanto ao mesmo tempo oferece algo de novo, adequado para os tempos modernos. A direção acertada e a animação de alta qualidade são apenas os primeiros passos de um longa que diverte enquanto toca em temas de amizade, coragem e, claro, caos desenfreado.

A premissa do filme é simples, mas cheia de potencial: Patolino e Gaguinho, personagens centrais da franquia, encontram-se no meio de uma nova confusão. Dessa vez, não se trata apenas de perseguir o próprio cansaço ou de se engajar em suas brigas habituais, mas de uma ameaça global que põe em risco o próprio planeta. A história começa com os dois personagens sendo contratados para trabalhar em uma fábrica de chicletes, que, em um giro bizarro e clássico do universo Looney Tunes, revela-se um disfarce para um plano alienígena insano, que visa conquistar a Terra por meio de chicletes mágicos capazes de controlar mentes. A coisa fica feia rapidamente, e, como é de se esperar, a confusão se intensifica, com perseguições, trapalhadas e momentos de pura comédia que são a essência da franquia.

A magia do filme reside em sua capacidade de combinar esse enredo absurdo com os elementos que tornaram os Looney Tunes um nome tão forte. Embora a premissa seja moderna, é impossível não sentir que o espírito da animação clássica se mantém intacto. A animação 2D tradicional, que foi cuidadosamente escolhida para dar vida a este projeto, traz de volta todo o charme dos desenhos originais. Isso não é só uma decisão estética; é uma forma de homenagear um legado e de criar uma conexão emocional com os fãs de longa data. Cada cena é vibrante, com cores intensas e uma paleta visual que mistura os elementos de ficção científica com o estilo clássico dos desenhos dos anos 40 e 50. A animação flui com uma leveza que permite aos personagens se moverem com a liberdade que sempre tiveram nas telas, com aquelas expressões exageradas e cenas de ação incrivelmente rápidas que, quando bem feitas, são um prato cheio para qualquer amante da animação.

Foto: divulgação/Warner Bros.

No entanto, mais do que apenas os visuais, é a história que brilha em muitos momentos. Embora o filme tenha todos os ingredientes para ser apenas uma comédia absurda, há algo muito mais genuíno em sua narrativa. A relação entre Patolino e Gaguinho continua sendo o coração pulsante da trama. A dinâmica entre os dois amigos, sempre repleta de desentendimentos e disputas, é o que dá a dose necessária de profundidade emocional a todo esse caos. Eles não são apenas dois personagens jogados em uma situação estranha; eles são amigos, falhos e, em última instância, incrivelmente leais um ao outro. Esta lealdade é um dos pilares do filme, que, embora seja sobre uma batalha épica contra forças alienígenas, também é sobre como essas duas figuras, em sua própria maneira bagunçada e insensata, encontram o melhor um no outro.

Eric Bauza, o talentoso ator de voz, faz um trabalho impressionante ao dar vida tanto a Patolino quanto a Gaguinho. Sua capacidade de capturar as nuances de cada um desses personagens, e ainda fazer com que ambos soem autênticos e distintos, é notável. Cada piada, cada grito e cada confusão entre os dois personagens se torna ainda mais divertida graças ao seu talento em manter suas vozes distintas, mas ainda dentro do espírito dos personagens clássicos. Se havia dúvidas sobre como esses personagens poderiam ser trazidos de volta com eficácia, Bauza as apaga com uma performance impecável que não apenas homenageia os originais, mas também os reinventa para uma nova geração de fãs.

Foto: divulgação/Warner Bros.

A química entre Patolino e Gaguinho é palpável ao longo de todo o filme. Embora as situações em que se encontram sejam completamente insanas, os dois personagens ainda compartilham uma dinâmica genuína que é, ao mesmo tempo, engraçada e comovente.

Essa interação é o verdadeiro motor do filme. O filme não tem medo de explorar o absurdo de suas situações, mas também não ignora o fato de que, em sua essência, os Looney Tunes sempre foram sobre a amizade entre personagens improváveis. Esse aspecto da narrativa é o que faz com que o filme se destaque, pois há um equilíbrio entre momentos de pura ação e humor e outros de introspecção que mostram as relações humanas de maneira sutil, mas eficaz.

A trilha sonora de O Dia que a Terra Explodiu é outro destaque. Composta por Bryce Dessner, a música adiciona um ritmo frenético à narrativa, ampliando a energia das cenas de ação e intensificando as sequências de comédia. As composições são agitadas e perfeitamente sincronizadas com as imagens, criando uma sensação de urgência e emoção. A música se encaixa perfeitamente na proposta do filme, ajudando a dar vida a uma história que mistura humor e ação de maneira equilibrada. Não é apenas um acompanhamento da ação, mas um elemento que intensifica a experiência, envolvendo os espectadores na emoção de cada momento.

Ainda que o filme tenha um tom generalizado de aventura e comédia, O Dia que a Terra Explodiu também consegue explorar aspectos mais profundos da amizade e da coragem. A lealdade dos dois protagonistas não é apenas uma característica fofoqueira ou engraçada; é, de fato, uma das mensagens centrais do filme. Patolino e Gaguinho estão em uma jornada onde não apenas enfrentam inimigos, mas se confrontam com suas próprias falhas e limitações. Em certo momento, vemos ambos os personagens tendo que tomar decisões difíceis e colocar o bem-estar do outro acima de tudo, uma mensagem poderosa que ressoa além do riso.

Foto: divulgação/Warner Bros.

No entanto, como qualquer longa-metragem animado, O Dia que a Terra Explodiu tem suas falhas. Alguns podem achar que a mistura de ficção científica e comédia ultrapassa certos limites, tornando-se absurdamente exagerada em momentos que podem não agradar todos os espectadores. Há cenas em que o caos parece se desenrolar de forma um pouco excessiva, e talvez a sequência de ação se perca em sua tentativa de ser ainda mais épica do que precisa ser. Contudo, isso é uma característica inerente ao estilo dos Looney Tunes — um exagero que sempre foi parte de sua identidade. Embora o filme seja, em muitos momentos, descomplicado e até desmesuradamente absurdo, essa qualidade também é o que lhe dá sua essência e autenticidade.

Em termos de bilheteira, o filme teve um desempenho satisfatório, conquistando tanto a crítica quanto o público. A combinação de nostalgia com uma narrativa divertida e visualmente encantadora fez com que O Dia que a Terra Explodiu se tornasse um sucesso de público e uma verdadeira celebração da animação clássica. A recepção foi bastante positiva, com uma aprovação geral que reflete a conexão instantânea que os Looney Tunes têm com os fãs de todas as idades.

Foto: divulgação/Warner Bros.

Em conclusão, Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu é uma excelente mistura de nostalgia, comédia e aventura. Ele não só mantém os elementos clássicos que fizeram os Looney Tunes famosos, mas também introduz uma nova e divertida aventura que pode ser apreciada tanto por fãs antigos quanto por novos admiradores. É um filme que, acima de tudo, celebra a amizade e o espírito caótico dos personagens que conquistaram o mundo.

Se você procura um filme leve, divertido e que também toca em aspectos emocionais profundos, este filme certamente vai atender às suas expectativas.

⭐ NOTA: 4,0 de 5 estrelas