top of page
Da redação

Crítica: O Som da Esperança


Uma surpresa emocionante.


Crítica: O Som da Esperança
Reprodução: Angel Studios

A história segue um casal no interior do Texas que adota, e convence outras famílias a adotarem, 77 crianças do sistema de adoção. Embora pareça uma descrição simplificada, o filme realmente se concentra nisso: nas complexidades e dificuldades do processo de adoção, especialmente quando se trata de famílias de baixa renda.


Antes de mais nada, destaco a atuação de Nika King, que interpreta a protagonista Donna Martin. Logo no início, ela é desafiada por uma cena emocionalmente intensa, uma situação familiar para muitos. O fato de sabermos exatamente como esses momentos se desenrolam torna ainda mais desafiadora a atuação, mas King se sobressai com uma performance poderosa e assustadora (no melhor sentido da palavra) do início ao fim.


O filme começa a todo vapor, e confesso que poderia ter um ritmo mais lento. Embora a motivação da protagonista seja clara, a forma como ela decide transformar radicalmente sua vida e a de sua família ao adotar, inicialmente, duas crianças, pareceu um tanto apressada. No entanto, essa pressa no desenvolvimento da trama logo dá lugar a um soco no estômago. O diretor Joshua Weigel apresenta cenas de crianças rejeitadas por suas famílias, incluindo uma em que uma garotinha liga para a polícia enquanto sua mãe é brutalmente espancada e assassinada por um cobrador de dívidas. Mas o verdadeiro impacto vem na sequência em que a assistente social, interpretada por Elizabeth Mitchell, expõe a trágica história de várias crianças. Essas cenas são chocantes, não apenas por serem baseadas em fatos reais, mas porque sabemos que situações como essas são dolorosamente comuns. Weigel dosa o choque de forma precisa.


Embora seja um filme cristão e não esconda isso, ele não ofende quem não compartilha dessa fé. A trama, embora movida pela fé dos protagonistas, foca mais nas circunstâncias das crianças do que na religião propriamente dita. O filme tem uma história importante para contar – uma história que prende a atenção, ao menos até a metade.


O segundo ato começa a se concentrar na relação entre os protagonistas e sua filha adotiva Terri, interpretada de forma tocante por Diaana Babnicova. A narrativa se torna mais íntima, mas deixa a sensação de que "mudou o jogo". O filme me cativou com uma história e, de repente, passou a contar outra. Embora a relação entre Terri e seus pais não seja mal desenvolvida, essa parte do enredo pareceu anticlimática, como o núcleo secundário de uma série. Eu esperava mais foco nas outras famílias e nas repercussões que a adoção em massa teve no estado, já que o próprio filme menciona o interesse das autoridades.


Apesar disso, entendo que a relação de Terri com seus pais reflete o que a comunidade enfrentava naquele momento. No entanto, essa mudança de foco ficou um pouco aquém das expectativas criadas pelo filme até então.


Tecnicamente, mesmo sem um grande orçamento, o filme é honesto e muitas vezes inventivo. Weigel equilibra bem o drama com pitadas de humor, arrancando risadas genuínas em momentos oportunos.


No fim das contas, "O Som da Esperança" é uma grata surpresa: emocionante, bonito, e, se assistido com o coração aberto, capaz de arrancar lágrimas. Minhas expectativas foram moldadas pela própria narrativa, e, embora eu acredite que o filme poderia ter entregado mais, o saldo final é positivo. A segunda metade pode deixar a desejar um pouco, mas o desfecho é satisfatório, emocionante e faz jus à história.


"O Som da Esperança" é mais do que deveria ser e menos do que promete. No fim, é um bom filme.


Pedro Andratto

Bình luận

Đã xếp hạng 0/5 sao.
Chưa có xếp hạng

Thêm điểm xếp hạng
bottom of page