[CRÍTICA] Until Dawn: Noite de Terror, uma viagem ao terror sob a lente de David F. Sandberg
- Manu Cárvalho
- 25 de abr.
- 3 min de leitura
LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho

O gênero de terror, com sua vasta gama de subgêneros e abordagens, sempre foi um terreno fértil para experimentações cinematográficas. Desde os clássicos filmes de slasher até as incursões mais psicológicas e sobrenaturais, o terror oferece uma paleta rica para cineastas explorarem os medos mais primitivos do público. Em 2025, o diretor David F. Sandberg, conhecido por suas contribuições ao gênero com filmes como Annabelle: A Criação e Lights Out, trouxe uma nova perspectiva ao adaptar o aclamado jogo de videogame Until Dawn para as telonas. A proposta era ambiciosa: criar uma narrativa que não apenas homenageasse o material original, mas também expandisse seu universo, incorporando elementos inovadores e desafiadores para os fãs do gênero.
A trama do filme segue Clover (interpretada por Ella Rubin), uma jovem que, um ano após o desaparecimento misterioso de sua irmã Melanie (Maia Mitchell), retorna ao remoto vale onde ela sumiu. Juntamente com seus amigos Max (Michael Cimino), Nina (Odessa A’zion) e Megan (Ji-young Yoo), eles se veem presos em um ciclo temporal aterrador, onde cada repetição da noite traz consigo uma nova ameaça sobrenatural. Essa abordagem de loop temporal, onde cada ciclo apresenta uma variação no tipo de horror enfrentado — seja slasher, sobrenatural, body horror ou found footage — foi uma escolha ousada de Sandberg, que desejava explorar a diversidade do gênero em um único filme.
A decisão de não seguir a narrativa do jogo original, mas sim expandir seu universo, gerou discussões entre críticos e fãs. Alguns apreciaram a liberdade criativa, enquanto outros sentiram falta da conexão direta com o material de origem. No entanto, é inegável que a escolha permitiu a Sandberg e sua equipe explorar uma variedade de estilos e atmosferas, mantendo o público constantemente alerta e envolvido. A presença do personagem Dr. Alan J. Hill, interpretado por Peter Stormare, que também apareceu no jogo, serviu como um ponto de ligação para os fãs do original, embora sua participação fosse mais simbólica do que central.

Do ponto de vista técnico, o filme se destaca pela cinematografia de Maxime Alexandre, que capturou a essência do terror psicológico e físico com maestria. As cenas de suspense são intensas, utilizando iluminação e sombras para criar uma sensação constante de apreensão. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch complementa perfeitamente a atmosfera, com composições que aumentam a tensão e o desconforto do espectador. A edição de Michel Aller também merece destaque, especialmente nas sequências que lidam com o loop temporal, onde a montagem precisa transmitir a repetição sem se tornar redundante.
As atuações do elenco jovem foram amplamente elogiadas. Ella Rubin, como Clover, trouxe profundidade à personagem, mostrando uma evolução emocional significativa ao longo do filme. Michael Cimino, como Max, ofereceu uma performance sólida, equilibrando momentos de vulnerabilidade com coragem. Odessa A’zion e Ji-young Yoo, como Nina e Megan, respectivamente, adicionaram camadas de complexidade às suas personagens, evitando os clichês frequentemente associados a filmes de terror. A química entre os membros do elenco contribuiu para a credibilidade das relações interpessoais, um aspecto essencial para que o público se importe com o destino dos personagens.

No entanto, nem todos os aspectos do filme foram unanimemente positivos. Alguns críticos apontaram que, apesar da variedade de estilos de terror apresentados, a execução de certos subgêneros não foi tão eficaz quanto poderia ser. Por exemplo, a seção de found footage, embora promissora, não conseguiu capturar completamente a essência do estilo, resultando em uma sensação de artificialidade. Além disso, a constante mudança de ameaças e atmosferas, embora inovadora, às vezes dificultava o desenvolvimento profundo da trama, deixando algumas subtramas pouco exploradas.
Em termos de recepção crítica, Until Dawn obteve uma resposta mista. No Rotten Tomatoes, o filme possui uma aprovação de 51% com base em 59 críticas, indicando uma divisão de opiniões entre os críticos. No entanto, entre o público, a reação foi mais positiva, com muitos espectadores apreciando a abordagem única e a diversidade de estilos de terror apresentados.

Em conclusão, Until Dawn é uma tentativa ousada de adaptar um jogo de videogame para o cinema, mantendo a essência do original enquanto introduz novas ideias e abordagens. Embora não seja perfeito e apresente algumas falhas, o filme oferece uma experiência de terror envolvente e inovadora, que certamente agradará aos fãs do gênero e aos admiradores do trabalho de David F. Sandberg.
⭐ NOTA: 4,0 de 5 estrelas
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