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[CRÍTICA] KAIJU Nº 8 – Missão de Reconhecimento (2025): Entre monstros e humanidade, uma jornada de coragem e identidade

  • Foto do escritor: Manu Cárvalho
    Manu Cárvalho
  • 11 de abr.
  • 5 min de leitura

LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho

Kafka Hibino é o melhor, sem sombra de dúvidas!
Kafka Hibino é o melhor, sem sombra de dúvidas! (Foto: Reprodução / CBR)

Lançado no dia 10 de abril de 2025, Kaiju nº 8 – Missão de Reconhecimento chega aos cinemas como uma espécie de carta de amor aos fãs da primeira temporada do anime e do mangá criado por Naoya Matsumoto. Dirigido por Shigeyuki Miya e Tomomi Kamiya, o longa reúne os principais momentos da trama original em um formato cinematográfico, adicionando um episódio inédito que traz novas camadas aos personagens já queridos pelo público.


Mas esse filme não é apenas uma recapitulação visual: é um respiro emocional, uma reafirmação da luta humana em meio ao colapso, e um lembrete de que, mesmo entre monstros colossais, a batalha mais intensa pode acontecer dentro de nós.


Kafka Hibino: o herói improvável que já foi um de nós

Para quem ainda não conhece a história, vale lembrar que Kaiju nº 8 apresenta Kafka Hibino, um homem comum, com mais de trinta anos, que vive à sombra de seu próprio fracasso. Quando criança, ele sonhava em se tornar um membro da Força de Defesa Anti-Kaiju ao lado de sua amiga de infância, Mina Ashiro. Mas a vida o colocou como funcionário da divisão de limpeza — limpando os restos dos monstros mortos e sobrevivendo entre os escombros.


É nesse contraste entre o sonho e a frustração, entre o ordinário e o épico, que Kafka se torna tão cativante. Ele representa milhões de pessoas que desistiram de um ideal, que se viram presos em funções apagadas pela engrenagem do mundo. Mas a faísca ainda está lá — e é quando ele reencontra Mina e revive seu desejo de ser alguém maior que o destino entra em ação, literalmente, na forma de um parasita kaiju que muda sua vida para sempre.


Um filme de ação, mas também de alma

Sim, estamos falando de uma obra cheia de monstros gigantes, batalhas explosivas e armaduras tecnológicas. Mas também falamos sobre pertencimento, aceitação e identidade. Quando Kafka é infectado e se transforma no misterioso Kaiju nº 8, ele precisa encarar o fato de que agora carrega dentro de si o mesmo poder destrutivo que passou anos ajudando a limpar. Ele é o inimigo. Mas também é a esperança.


Essa dualidade é muito bem explorada no filme, principalmente pela performance intensa de Masaya Fukunishi na dublagem. Kafka não é um guerreiro nato. Ele é um homem em construção. E cada transformação física acompanha uma transformação interna — da culpa à coragem, do medo à compaixão.


E isso é o que faz Kaiju nº 8 se diferenciar de outras franquias com criaturas gigantes: ele tem coração.

Poster do filme que passa logo depois da primeira temporada na Crunchyroll
Poster do filme que passa logo depois da primeira temporada na Crunchyroll (Foto: Reprodução / Crunchyroll)

A estética de um mundo em ruínas

Visualmente, o filme é um espetáculo. A animação da Production I.G., em colaboração com o Studio Khara no design de monstros, entrega um trabalho de tirar o fôlego. Cidades destruídas, combates aéreos, detalhes técnicos das armaduras... tudo é projetado com precisão e paixão. E, como toda boa obra de ficção pós-apocalíptica, o ambiente não é apenas pano de fundo — ele fala.


As paisagens desoladas, os hangares escuros da Força de Defesa e até o silêncio entre um ataque e outro são cuidadosamente construídos para imergir o espectador em um Japão que aprendeu a conviver com o terror.


A trilha sonora, composta por Yūta Bandoh, se encaixa como uma segunda pele da narrativa. Em especial, o tema central de Kafka consegue transmitir perfeitamente a ambiguidade do personagem. É ao mesmo tempo uma marcha de guerra e uma melodia melancólica — como se dissesse: "Eu lutei para estar aqui, mas ainda não sei se pertenço."


Missão de Reconhecimento: mais do que uma pausa, um presente aos fãs

O episódio original incluso no longa, intitulado “O Dia de Folga de Hoshina”, funciona como uma delicada homenagem aos personagens secundários.


Hoshina, vice-capitão e um dos personagens mais populares da franquia, finalmente tem seu momento de respiro. E é bonito de ver. Longe do uniforme, da tensão dos ataques e do peso da liderança, ele caminha por um Japão ainda em reconstrução e se permite rir, comer, observar — ser humano.


Esse contraste entre a brutalidade dos monstros e a leveza do cotidiano é o que faz Kaiju nº 8 – Missão de Reconhecimento ganhar força. É como se o filme dissesse: “você pode ser uma arma, mas ainda precisa de um dia para respirar”.

Soshiro Hoshina o mais brabo que existe! O cara mais leal que o anime já viu!
Soshiro Hoshina o mais brabo que existe! O cara mais leal que o anime já viu! (Foto: Reprodução / Crunchyroll)

Reno, Mina, Kikoru e mais: a força está nos laços

Wataru Katō (Reno), Asami Seto (Mina) e Fairouz Ai (Kikoru) completam o elenco com performances carismáticas e envolventes. O filme dedica tempo para mostrar as conexões que esses personagens constroem com Kafka — e entre si. Reno, o jovem prodígio, vê em Kafka tanto um rival quanto um mentor. Mina, agora uma comandante implacável, equilibra sua frieza estratégica com a ternura silenciosa de quem ainda reconhece o amigo de infância por trás da armadura kaiju.


E Kikoru Shinomiya... o que dizer dessa adolescente com um passado trágico e um espírito feroz? Ela é uma força da natureza, mas também carrega um peso emocional enorme. O filme faz justiça à sua trajetória, explorando não apenas suas habilidades em combate, mas sua dor e sua busca por aceitação.


Um épico condensado (e seus riscos)

Se há uma crítica justa ao longa, é que sua estrutura compactada pode prejudicar o desenvolvimento de alguns arcos emocionais. Ao tentar condensar toda a primeira temporada em pouco mais de uma hora e meia, certas transições parecem apressadas.

Quem já viu o anime pode preencher essas lacunas com facilidade. Mas quem chega agora pode sentir que algo ficou de fora — uma pausa, uma construção, um momento de silêncio que daria mais força à próxima explosão.


Ainda assim, o filme consegue manter o ritmo e a coesão narrativa, especialmente ao intercalar os momentos de ação com cenas introspectivas bem dirigidas.


Além do Kaiju: o monstro é o medo, a coragem é a resposta

Ao final, Kaiju nº 8 – Missão de Reconhecimento se firma como um dos lançamentos mais interessantes da temporada. Não apenas por sua estética primorosa ou por suas batalhas grandiosas, mas porque entende que, mesmo em um mundo tomado por monstros, os verdadeiros conflitos acontecem dentro de nós.


Kafka Hibino, como tantos outros protagonistas do mangá moderno, não é um guerreiro escolhido por destino divino. Ele é um adulto falho, que demorou para encontrar seu propósito. E talvez por isso mesmo ele seja tão necessário. Porque ele nos representa. Ele mostra que nunca é tarde demais para lutar por quem você ama, nem para se tornar o herói da sua própria história — mesmo que, por dentro, você ainda carregue o monstro.


KAIJU Nº 8: Para quem é esse filme?

Se você é fã do anime ou do mangá, vá ao cinema sem medo: Kaiju nº8 é um presente embalado com carinho. Para quem está conhecendo a história agora, talvez o ideal seja assistir ao anime primeiro — e depois voltar ao filme para sentir o impacto completo de algumas cenas.


Mas se você, como Kafka, anda buscando uma faísca de coragem em meio aos escombros do mundo, talvez Kaiju nº 8 – Missão de Reconhecimento seja mais do que um entretenimento. Talvez ele seja um lembrete de que, mesmo quando tudo parece perdido, ainda dá tempo de se transformar.


Nota final: ⭐⭐⭐⭐ (4/5)

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