Em sua estreia na Revista Pàhnorama, Ludoviko Vianna convida para uma jornada de entendimento sobre o que é ser diverso, abordando temas como identidade, preconceito e a importância do diálogo em nossa sociedade multicultural
Olá, meus amores. Eu sou Ludoviko Vianna. A partir de agora, estarei com vocês aqui na Revista Pàhnorama falando sobre diversidade. E eu não poderia começar sem antes falar sobre o que é diversidade, o que, como o próprio nome já diz, tem a ver com diverso.
Sei que, no dicionário, está escrito que diverso é significa diferente, distinto, que representa diversidade ou variedade. O conceito, no entanto, vai muito além.
Não estamos falando sobre modismo ou tendência atual, mas sim, de um novo tempo, uma nova década, uma nova geração, um momento em que vivemos diversas transformações na sociedade e nos reconhecimentos, nas nomenclaturas, nos entendimentos sobre o outro e, principalmente, sobre nós mesmos, passando pelas questões de sexualidade, gênero, coloração, religião, pessoas com deficiência (PCD), nacionalidade, regionalidade e a forma de você se reconhecer como pessoa. Há pouco mais de 15 anos, muitas dessas questões não existiam, não eram faladas, não eram reconhecidas, e é claro, deixavam um buraco imenso na forma de se reconhecer e de se entender em várias pessoas da nossa sociedade. Por que isso é tão importante? Porque o fato de saber quem somos define nossa existência e nosso posicionamento dentro da sociedade em que vivemos.
O tema da diversidade abrange tantos assuntos que decerto teremos muito tempo para discuti-los. Aliás, estes são os grandes pontos da questão: a discussão e o diálogo. Claro que sempre caminhando de forma sadia, saudável, democrática e coerente pra que todos nós possamos seguir na construção de uma sociedade melhor.
Nosso meio social é múltiplo e diverso. Isso jamais mudará. Jamais! Somos um povo miscigenado, multicultural, multirreligioso, pluripartidário, mas que ainda carrega uma tendência forte e absurdamente cultural na nossa construção social (e na estrutura da nossa educação) de não aceitar que o outro seja diferente. E isso, aos olhos de uma boa parte da nossa população, se torna normal, em querer padronizar comportamentos, pensamentos, posturas e tudo que envolve religião, partido, sexualidade e compreensão étnica.
Como dizia o educador Paulo Freire: "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".
Sem sombra de dúvidas, todas as questões que provocam um extremo desentendimento e desequilíbrio nos respeitos coletivos e nos limites individuais dentro da nossa sociedade estão ligadas à educação. Não podemos falar em diversidade se não pensarmos sobre o que brutalmente nos mostra o quão diversos somos: o preconceito. Afinal, ele luta para separar e diminuir grupos ao longo de décadas.
Ao falar de diversidade em todos os seus aspectos, nos lembramos do racismo, da misoginia, da LGBTfobia, do etarismo, do preconceito religioso e também de como muitas dessas palavras, assim como algumas que citei no início do artigo, não eram faladas e talvez nem existiam, não eram pensadas, 15 anos atrás. A abertura para esses diálogos é muito recente. Ainda precisamos amadurecer – e muito – como sociedade, como pátria e como nação para entender e respeitar em absoluto toda grandiosidade de nossa diversidade.
Na próxima edição, irei começar falando do movimento LGBT no mundo e no Brasil. Por isso, quero propor algo leve e sutil para quem estiver lendo esta coluna: ao andar pelas ruas, ao estar dentro de um transporte público ou particular, pense, por poucos minutos que sejam, olhe pela janela e ao redor, veja quantos somos e como tão grandiosa é nossa população e como somos tão diferentes e diversos. Assim nós seguimos, ao longo de tantos anos de existência do nosso país, construindo cada vez mais uma nação que precisa se respeitar com muito mais amor, mesmo que a passos lentos.
Um beijo no coração de vocês e até a próxima.
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