E o Oscar da moda vai para...os melhores looks do Met Gala 2025
- Renata Freitas
- 10 de mai.
- 3 min de leitura
Na coluna de ontem, compartilhei um pouco da história do Met Gala 2025, realizado no último dia 5 de maio. O tema deste ano, “Superfine: Tailoring Black Style” (em tradução livre, “Superfino: a alfaiataria do estilo negro”), celebra a elegância e a força da moda masculina negra, com foco no estilo conhecido como dandismo negro.
A proposta é inspirada na exposição anual do Costume Institute, baseada no livro Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity, de Monica L. Miller. A obra é referência fundamental para entender o dandismo negro como fenômeno estético e político que atravessa séculos, continentes e linguagens artísticas. O livro analisa como a alfaiataria e o vestuário foram — e ainda são — instrumentos cruciais na construção da identidade negra na diáspora atlântica.
Hoje, trago a opulência e a magnitude desse red carpet azul. Confesso: não costumo acompanhar o evento com a assiduidade que ele movimenta no universo da moda. Trabalho na área há muitos anos, mas minhas referências sempre caminharam por outras rotas. Às vezes, o Met Gala me parece mesmo um outro universo. Como produtora de moda no hemisfério sul, na América Latina, na periferia global de uma cultura historicamente eurocentrada, é difícil encontrar as semelhanças e pontos de contato que legitimem nosso olhar dentro desses palcos de visibilidade.
Enquanto nossa vasta tradição em manualidades — rendas, bordados, crochês, práticas sustentáveis com o uso de matérias-primas orgânicas e de reaproveitamento —, seja transmutando escassez em criatividade ou sustentada pelo profundo respeito ao meio ambiente promovido pelos povos originários, ainda é classificada como artesanato (e, por isso, considerada menor), a produção de moda eurocêntrica segue alçada ao status de arte.
Quando refletimos sobre a ruptura cultural violenta provocada pelo processo colonizatório e observamos a complexidade da moda contemporânea no Brasil, compreendemos os intensos esforços de reconstrução cultural na reorganização dos povos originários e na tentativa de formação de uma nova pátria em diáspora — que abarcasse ex-escravizados, senhores de engenho, refugiados e sobreviventes. A origem da moda como a conhecemos hoje é atribuída a movimentos revolucionários de contracultura do hemisfério norte — motivo de orgulho para muitos. Mas é urgente que passemos a nos apropriar também do orgulho das nossas produções culturais, ricas em tecnologia ancestral, de valor simbólico inestimável, e da resistência necessária para o florescimento de uma nação sob condições históricas tão adversas.
Por tudo isso, o tema deste Met Gala é de extrema relevância: propõe o surgimento de novas narrativas, descentralizadas e profundas.
Agora, voltemos às amenidades — aos looks icônicos. A alfaiataria e a arte do alfaiate já são fascinantes por si só, mas quando se somam à potência subversiva do movimento do dandismo negro, ganham contornos de revolução: cores, texturas e uma elegância superfina resultam no espetáculo que foi este tapete vermelho.
Seria impossível abordar todos os trajes, mesmo que eu quisesse. Separei alguns que ilustram bem a grandiosidade do evento. Também não conseguirei discorrer sobre todos os detalhes agora — me faltariam tempo e repertório. Fiquemos, então, com o prazer estético da apreciação, enquanto prometo desenvolver essas reflexões com mais profundidade nas próximas colunas.
E o Oscar de estilista do Met Gala 2025 vai para... Thom Browne!
Na humilde opinião desta que vos fala, a união da tradição do alfaiate com a inovação de um criativo que entende de design, o futurismo, a excelência que só mesmo um especialista consegue entregar:
Janelle Monae, Paul Tazewell, Zoe Saldaña, Anok Yai, Demi Moore, Whoopi Goldberg, Walton Goggins, Lorde, Angel Reese, Saquon Barkley, Tramell Tillman, Mona Patel. Fotos: Reprodução/instagram @thombrowne
A Realeza presente!
Aqui, cada look renderia um texto. Como não nos é possível, vamos apreciar demoradamente cada um deles!
Colman Domingo; Lewis Hamilton; Pharrel Williams e Helen Lasichanh; Anna Wintour; Dapper Dan; Diana Ross; Rihanna; Savannah James; Cyntiah Erivo; Teyana Taylor; Jodie Turner Smith. Fotos: Getty images
O clássico - mesmo que reinventado - também tem seu valor!
Jamie Singer Soros; Doechii; Halle Bailey; Lupita Nyongo; Whitney Peak. Fotos: Getty images
O pretinho - nada - básico!
Jennie Kim; Eaddy Kiernan Bunzel; Miranda Kerr; Kim Kardashian; Charli xcx; Suki Waterhouse. Fotos: Getty images
E de repente... branco!
Aqui, confesso que surpreendeu a escolha do branco por muitos, onde esperava cores, texturas e estampas.
Christian Latchman; Breanna Stewart; Zendaya; Rosalia; Grace Murdoch; Deborah Roberts; Lauren Santo Domingo; Alex Consani. Fotos: Getty images
Enfim, o lúdico da criatividade!
Cardi B; Doja Cat; Tracee Allis Ross; Alicia Keys e Swizz Beatz; Angela Basset; Regina King; Dynasty Ogun e Soull Ogun; Lauren Amos; Adult Akech; Joey King; Andre 3000; Adrienne E. Adams; Zuri Hall; Liu Wen. Fotos: Getty images
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