Marcelo Teixeira
(Atenção: contém palavrões, mas não posso deixar de transcrevê-los. Senão, nem faria sentido escrever as linhas a seguir).
Muitos dos que estão lendo este artigo decerto já foram elogiados por causa dos cabelos lisos, cacheados ou encaracolados; do corpo esbelto; dos olhos faiscantes; das pernas bem torneadas; da barriga tanquinho; da cintura de pilão; do tórax avantajado; do andar cheio de ginga; dos dentes bem cuidados; do sorriso cativante; da cútis de pêssego, do bumbum arrebitado e por aí vai. Creio ser pouco provável, no entanto, que alguém tenha sido elogiado do jeito que fui, e devido a um órgão que, pelo menos até onde eu sei, nunca foi objeto de enaltecimentos. Vamos à estória.
Nas décadas de 80 e 90, fui um malhador convicto. Rato de academia de ginástica. Nem tanto pela musculação, à qual me dedico religiosamente nos dias de hoje. Nas duas últimas décadas do século passado, no entanto – embora eu também levantasse um peso –, eu me esbaldava mesmo era nas atividades aeróbicas. Fiz dança aeróbica, natação, step, spinning... Era uma festa! Devo isso aos mestres que, então, me conduziam: Murilo Guerra, Tadeu Frinzi, Fatinha, Guto Muniz, César Schelza (que ficava abismado com a minha disposição) etc. Todos titulares da Academia Aeróbica.
Parei de malhar com essa turma em 1999. Fiquei desempregado e, tempos depois, fui trabalhar na capital fluminense numa editora que me pediu para passar um tempo em Brasília, onde ficava a matriz. Quando voltei ao RJ, ingressei em outro curso universitário, e a malhação foi ficando para trás.
Era o ano de 2006. Eu havia acabado de completar 44 anos. Entre trabalho, faculdade, idas, vindas e estadias no Rio e em Petrópolis (onde moro), peguei uma gripe bem forte. O inverno na Região Serrana do RJ costuma ser bem úmido. Tossindo bastante, febril e com uma baita congestão que evidenciava uma sinusite, fui à emergência de um hospital.
Chegada a minha vez, relatei os sintomas ao jovem médico de plantão, que auferiu minha temperatura, examinou a garganta, me auscultou e resolveu pedir uma radiografia do pulmão. Dirigi-me ao setor de raios-X e, instantes depois, estava de volta ao consultório com as radiografias em punho. Foi aí que, quando o simpático esculápio colocou o retrato pulmonar contra a luz, proferiu, estupefato, o mais surpreendente e inesperado dos elogios: Aí vai a transcrição na íntegra:
– Porra! Que pulmãozão, cara! Puta que pariu! Que pulmãozaço! Parabéns!
Entre aliviado e surpreso pelo que acabara de ouvir, agradeci, disse que havia malhado por muitos anos, nunca fumei, não sou de beber e sempre tive uma alimentação saudável. Em seguida, peguei a receita, dirigi-me a uma farmácia para comprar os medicamentos e fui pra casa, mas achando muita graça do elogio inusitado que recebera. Nunca soube de algo similar, confesso. Dois dias depois, já estava bom.
Só voltei a malhar em 2018, agora na Korper, que fica próxima à minha casa. Não tenho mais o hábito que cair fundo nas aulas de atividade aeróbica intensa. Além da musculação, no entanto, pedalo ou ando no aparelho chamado “transport” por 40min diários, religiosamente.
Sempre me lembrarei desse fato com muito carinho, contentamento e gratidão a Deus e ao pessoal da Aeróbica e da Korper por me ajudarem a manter o pulmãozaço em dia. E ele continua ótimo!
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