
O debate em torno do empoderamento feminino tem crescido ano a ano, levando a uma maior participação das mulheres em diversos ambientes, incluindo o mundo dos negócios. Desde então, a quantidade de mulheres no empreendedorismo aumentou significativamente. O poder empreendedor da mulher e sua força para liderar têm aumentado consideravelmente.
De acordo com dados do Sebrae, as mulheres representam 34,5% de empreendedores individuais e 11,3 milhões de mulheres empreendedoras formalizadas no Brasil. Isso é resultado de uma série de fatores, como a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, o acesso à educação e ao crédito, e a mudança de mentalidade da sociedade.
O empreendedorismo feminino no Brasil vem crescendo nos últimos anos, com o número de mulheres à frente de seus próprios negócios chegando a 10,3 milhões no terceiro trimestre de 2022, segundo dados do Sebrae. Esse crescimento representa um avanço significativo, mas ainda existem muitos desafios a serem superados.
Empreender para uma mulher é sinônimo de força, garra e coragem. No entanto, as mulheres prosseguem empenhadas a criar seus próprios negócios para aumentar seus rendimentos e tornarem-se mais independentes. Fazendo história e quebrando paradigmas. Ainda assim, sustentar os seus negócios a médio e longo prazo é um grande desafio para elas. Essa dificuldade pode ser explicada por uma série de fatores.
Principais desafios para empreendedoras
Um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres empreendedoras é o preconceito. A sociedade ainda associa a figura do empreendedor à masculinidade, dificultando o acesso a oportunidades e recursos. As mulheres empreendedoras ainda hoje são discriminadas por investidores, fornecedores e até mesmo clientes. Vítimas de preconceito, assédio e violência, grande parte das mulheres empreendedoras veem o desenvolvimento de seus negócios prejudicado por conta dessa prática.
Outro revés é a brecha salarial. Estudos mostram que, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 22% a menos que os homens. Isso dificulta o acesso a crédito e capital de giro, essenciais para o crescimento dos negócios.
Na sequência de adversidades temos a falta de representatividade. As mulheres ainda são minoria nas posições de liderança no mercado de trabalho e no empreendedorismo. Isso dificulta a visibilidade de suas empresas e a criação de redes de apoio.
Para superar esses desafios, diversas mulheres precisaram adentrar no mercado do empreendedorismo e mostrar sua capacidade. Mulheres empreendedoras que se formalizaram, atualizaram e buscam diariamente se diferenciar em segmentos extremamente competitivos têm se mobilizado para criar redes de apoio e promover a igualdade de gênero.
Tendências e avanços o empreendedorismo feminino
Uma das iniciativas mais importantes é o Mapa de Empreendedoras, lançado pelo SEBRAE em 2022. O mapa reúne informações sobre empresas lideradas por mulheres em todo o Brasil, visando promover a visibilidade e o fortalecimento desse segmento. Outra iniciativa importante é a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei Complementar n.º 123/2006), que oferece benefícios e incentivos fiscais para micro e pequenas empresas, incluindo as lideradas por mulheres.
Apesar dos desafios, o empreendedorismo feminino vem avançando no Brasil. Em 2022, o número de mulheres empreendedoras cresceu 11,4% em relação ao ano anterior, segundo dados do SEBRAE.
Esse crescimento é resultado de diversos fatores, como o aumento da escolaridade das mulheres, a mudança de mentalidade da sociedade sobre o papel da mulher no mercado de trabalho e o surgimento de políticas públicas de apoio ao empreendedorismo feminino.
O SEBRAE criou um programa de aceleração que impulsiona o empreendedorismo feminino, orientando e inspirando chamado Sebrae Delas. Valoriza competências, comportamentos e habilidades de mulheres empreendedoras, qualificando e gerando networking para potencializar negócios femininos.
O governo, as empresas e a sociedade civil têm contribuído para o enfrentamento dos desafios que as mulheres enfrentam relacionados à igualdade de gênero, ao acesso à educação e ao crédito, e à criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo de diversas formas.
Através da promoção de políticas públicas que buscam promover a igualdade de gênero, o acesso à educação e ao crédito, e a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo, o governo tem contribuído para a promoção do empreendedorismo feminino. Como, por exemplo, o Programa Brasil para Elas, lançado pelo governo federal em 2022, que oferece linhas de crédito, capacitação e mentoria para mulheres empreendedoras.
Empresas têm adotado iniciativas para promover o empreendedorismo feminino. Hoje, muitas empresas oferecem programas de mentoria e capacitação para mulheres empreendedoras, e também têm adotado políticas de contratação e promoção que buscam a igualdade de gênero. A Coca-Cola Brasil, por meio de uma aliança global com a ONU Mulheres, capacitou 22 mil mulheres de comunidades de baixa renda a fim de adotas princípios de igualdade de gênero e privilegiar negócios liderados por mulheres.
A sociedade civil também contribui para o enfrentamento dos desafios. Muitas organizações não governamentais oferecem capacitação, consultoria e apoio financeiro para mulheres empreendedoras. A Rede Mulher Empreendedora, do Instituto RME, é a primeira e maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil. Ela oferece programas de mentoria, aceleração e desenvolvimento gratuitos e cursos em diversas área e possui mais de 39 milhões em geração de renda para mulheres.
Características femininas associadas ao empreendedorismo.
Vale ressaltar que apesar de enfrentarem preconceitos e uma cobrança muito maior que outros integrantes do ecossistema empreendedor, mulheres apresentam características específicas que podem ser consideradas vantagens para o empreendedorismo. A exemplo disso vejamos:
· Capacidade de multitarefa: As mulheres são naturalmente multitarefas, o que as torna capazes de lidar com várias responsabilidades ao mesmo tempo. Isso é importante para o empreendedorismo, que exige uma grande capacidade de organização e gestão.
· Empatia e sensibilidade: As mulheres são naturalmente empáticas e sensíveis, o que as torna capazes de se conectar com os clientes e funcionários de forma mais profunda. Isso pode ser uma vantagem competitiva para os negócios.
· Perseverança: As mulheres são conhecidas por sua perseverança, o que é essencial para o sucesso no empreendedorismo. O caminho do empreendedorismo é cheio de desafios, e as mulheres conseguem superar esses desafios com determinação.
Mulheres que inspiram
O Brasil tem diversos exemplos de sucesso de mulheres empreendedoras. Mulheres que inspiram outras mulheres que estão em busca do empreendedorismo como caminho para o sucesso. Entre elas, destacam-se:
Luiza Helena Trajano, fundadora do Magazine Luiza, a maior rede de varejo do Brasil.

Natural de Franca, São Paulo, Luiza não é somente empresária de sucesso, mas também uma personalidade. Em 2021, o jornal britânico “Financial Times” a reconheceu como uma das mulheres mais influentes do mundo. Sua jornada é caracterizada por uma determinação inabalável, uma visão empresarial aguçada e um compromisso com a igualdade de oportunidades e a inclusão social.
Iniciou sua trajetória profissional no Magazine Luiza, o negócio familiar, aos 12 anos, durante o período de recesso escolar. Gradativamente, ascendeu na hierarquia da empresa, sendo eleita presidente em 1991. Sob seu comando, a companhia expandiu e se estabeleceu como uma das principais referências no segmento varejista do Brasil.
“A gente tem mania de pensar pobre e traçar coisas pequenas.” — A perspectiva de Luiza Helena Trajano em relação à mentalidade e ambição. Pensamento grandioso e ousadia para alcançar o sucesso.
Além de sua bem-sucedida carreira empresarial, ela também é fundadora do Grupo Mulheres do Brasil, uma organização que congrega mulheres de diversos setores da economia com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do país. O grupo, que se iniciou com cinquenta mulheres em 2012, conta atualmente com mais de quatro mil membros que se reúnem periodicamente para debater e propor iniciativas em áreas como educação, empreendedorismo, projetos sociais e cotas para mulheres.
Trajano desceu de posição na lista de bilionários da Forbes em junho de 2022 devido à grande perda de patrimônio causada pela queda nas ações da Magazine Luiza. Em consequência do cenário econômico de crise no país, devido ao aumento da inflação e da taxa Selic, o Magalu foi afetado negativamente, assim como demais empresas de varejo comércio eletrônico devido à queda do poder de compra nos últimos anos.
Nathalia Arcuri, fundadora do canal de finanças ‘Me Poupe!’.

Nathalia, a criadora do ‘Me Poupe!’, é responsável por um canal no YouTube voltado para a educação financeira, e atua entre o humor e o entretenimento. Atualmente reconhecido como o maior canal de finanças do mundo, o 'Me Poupe!' conta com mais de 5 milhões de inscritos.
Com uma forte personalidade, Nathalia estabeleceu o canal como uma forma de auxiliar mulheres a alcançar independência financeira. Dessa maneira, a youtuber marca presença em diversas plataformas ao compartilhar conteúdos sobre investimentos, principalmente em renda fixa. Isso ocorre porque a maioria de sua audiência é composta por iniciantes em investimentos que desejam aprender a investir. Logo, uma vez que a renda variável possui mais riscos do que a renda fixa, e é crucial criar uma reserva de emergência antes, Nathalia ensina, em primeiro lugar, os fundamentos desse tipo de investimento menos arriscado.
“O que você constrói quando alcança uma meta, não é tão forte a pessoa que você se torna ao alcançá-la.” — De Nathalia Arcuri sobre realização financeira, e satisfação no passo a passo.
Em 2018, Arcuri publicou o livro ‘Me Poupe’. Dez passos para nunca mais ficar sem dinheiro no bolso. O livro se tornou um best-seller e um dos títulos mais vendidos no Brasil. Outro projeto dela é a Jornada da Desfudência, curso online de educação financeira. Também é palestrante. A partir do sucesso, Nathalia Arcuri recebeu algumas ofertas para voltar à televisão, mas todas as propostas foram rejeitadas. Porém, sua intenção é voltar à televisão e fazer um reality show. Como essa ideia foi rejeitada quando ela trabalhava na tv. Por isso, alguns anos após sair da Rede Record, filmou um reality show em seu próprio canal, que se tornou um sucesso.
Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, um dos maiores bancos digitais do mundo.

Cristina Junqueira é uma empreendedora brasileira, co-fundadora e diretora de operações do Nubank, o maior banco digital da América Latina.
Nascida em São Paulo em 1983, Cristina tem graduação e mestrado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e tem MBA pela Northwestern University (Kellogg School of Management). Após os estudos, trabalhou como consultora de estratégia na McKinsey & Company, onde atuou em projetos para clientes como o Banco Central do Brasil e o Ministério da Fazenda.
Em 2013, Cristina co-fundou o Nubank com o colombiano David Vélez e o americano Edward Wible, respectivamente CEO e CTO do Nu. A empresa foi criada visando oferecer serviços financeiros inovadores e acessíveis para a população brasileira. O Nubank rapidamente se tornou um sucesso, conquistando mais de 60 milhões de clientes em todo o mundo. Em 2021, a empresa foi avaliada em US$ 30 bilhões, tornando-se um dos unicórnios mais valiosos do mundo.
Cristina é uma das mulheres mais poderosas do Brasil e uma das principais vozes do empreendedorismo feminino. Ela é frequentemente convidada a falar em eventos sobre tecnologia, inovação e empreendedorismo.
“Queremos ser a empresa mais igualitária do setor de tecnologia da América Latina, quem sabe do mundo todo”, afirmou Cristina. “Sabemos da importância de ter referências femininas em cargos de liderança. O contato com líderes mulheres ajuda outras mulheres a alcançarem altas posições e a ficarem mais tempo nas empresas.”
Em março de 2021, foi eleita a segunda mulher mais importante do mundo no ramo das finthecs no ranking Top 100 Women in Fintech pela revista britânica FinTech Magazine.
Junqueira ocupa, em 2023, a 71.ª posição no ranking. Ela é a primeira mulher brasileira a se tornar bilionária ao criar uma rede de computadores no Brasil e uma das poucas mulheres do Brasil que integram o time de self-made bilionários, com patrimônio adquirido por meio de trabalho próprio, e não por herança.
“Na prática, se a gente ficar esperando essas coisas acontecerem para sermos felizes, vai ser uma droga. Por isso, acredito em viver a jornada. Eu, por exemplo, não condiciono meu nível de felicidade aos resultados do Nubank. O importante é você estar feliz com o que faz e aproveitar o caminho.” — Cristina Junqueira, Co-fundadora do Nubank.
Perspectivas para o ecossistema empreendedor feminino.
O considerável crescimento do empreendedorismo feminino no Brasil é um movimento positivo para a sociedade. As estratégias criativas e inovadoras são um dos fatores que impulsionam o crescimento desse movimento. Hoje, mulheres usam a tecnologia para aumentar a eficiência e a produtividade, e estão desenvolvendo produtos e serviços que atendem às necessidades específicas femininas.
Boas alianças e parcerias são importantes para o sucesso do empreendedorismo feminino. As mulheres empreendedoras podem se beneficiar da colaboração com outras mulheres, com empresas e com órgãos governamentais. Os avanços significativos conquistados pelas mulheres empreendedoras no Brasil são um reconhecimento do seu potencial e da sua importância para a economia. Elas representam uma força crescente no mercado, e estão contribuindo para a transformação da sociedade. O papel da mulher é cada vez mais importante. A mulher tem o potencial de transformar, inovando, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social Brasil.
O networking é uma ferramenta importante para que as mulheres se conectem com outras pessoas e oportunidades. Participar de eventos, grupos e cursos para aprender com outras mulheres e com especialistas em empreendedorismo, e assim, ter de levar seus empreendimentos a serem mais conhecidos.
A exemplo disso, temos o prêmio “Empreendedora do Ano”, concedido pelo SEBRAE às mulheres que se destacam no empreendedorismo. O prêmio reconhece as mulheres que contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país.
O empreendedorismo feminino é um movimento transformador, que está contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. As mulheres empreendedoras são agentes de mudança, que estão gerando empregos, inovando e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Sebrae:
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