
A emissora Globo, renomada por sua expertise em produções televisivas, encontra-se, atualmente, no epicentro de uma polêmica relacionada à sua abordagem de programação no horário das 18h. O remake de "Elas por Elas", inserido nesse horário, revelou-se um equívoco estratégico que resultou em audiência abaixo das expectativas. A falha fundamental reside na inadequação do conteúdo ao perfil de público característico desse horário específico.
O núcleo das novelas das 18h, pautado por tramas de época e, por vezes, incursões no espiritismo, cria uma expectativa particular no público. Novelas como "O Profeta", "Esplendor", e, mais recentemente, "Amor Perfeito", marcaram épocas, alcançando considerável sucesso. Contudo, "Elas por Elas" parece deslocada nesse contexto, carregando uma essência mais alinhada com o horário das 19h.
O equívoco da Globo torna-se ainda mais evidente quando observamos sucessos passados. Novelas como "A Vida da Gente" e "Coração de Estudante" conquistaram a audiência ao desviarem das tendências previsíveis. A primeira, uma crônica sobre superação, e a segunda, um drama e romance em 2002, provam que é possível inovar sem descartar o bom desempenho.
As novelas das 19h têm sua essência consolidada no humor, exemplificado pelo êxito de "Vai na Fé", uma comédia romântica que cativou o público. Essa fórmula, entretanto, não se traduz com eficácia nas narrativas das 18h, como evidenciado em "Elas por Elas". O público desse horário busca tramas mais leves, muitas vezes de época ou espiritualistas, e a Globo negligenciou esse requisito essencial.
Ao adentrarmos o horário das 21h, um território tradicionalmente dedicado aos dramalhões, a Globo tem um histórico notável com títulos memoráveis como "Travessia", "Avenida Brasil" e "A Senhora do Destino". Este horário tem se caracterizado por tramas intensas, complexas e recheadas de reviravoltas, consolidando uma audiência fiel.
No entanto, é válido ponderar sobre a atual abordagem das novelas, evidenciada em produções como "Todas as Flores" e a novela das 21h, "Terra & Paixão". A crescente presença de violência em detrimento do romance pode estar desconectada das expectativas do público, que historicamente aprecia enredos onde o romance é o fulcro.
Uma crítica se instala quando observamos a falta de equilíbrio na oferta de romances que envolvam o público, deixando uma lacuna que a violência não preenche de maneira satisfatória. A novela contemporânea parece ter perdido a mão na dose certa entre intensidade dramática e a narrativa romântica, uma fórmula que já provou seu êxito nas tramas brasileiras.
Portanto, cabe à Globo aprender com seus próprios erros, ajustar sua estratégia de programação, e reconhecer as particularidades e expectativas do público em cada horário, evitando assim desalinhamentos que comprometem a qualidade e a recepção de suas produções. A televisão brasileira e seus telespectadores merecem uma programação que respeite e antecipe suas preferências, elevando a experiência televisiva a um novo patamar.
Por Arllan Sìlva
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