A Imperatriz Leopoldinense retorna à Sapucaí com uma reverência profunda à ancestralidade e à espiritualidade afro-brasileira. Atual vice-campeã do carnaval do Rio, a escola revive a mitologia dos orixás com o enredo “Ómi Tútu Ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, uma homenagem a Oxalá, o orixá da paz e da sabedoria. Depois de quase cinco anos afastada de temáticas afro-religiosas, a Rainha de Ramos traz à avenida o itan de Oxalá, conduzido pela obra poética de Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro.
O desfile celebrará o frescor das águas, elemento sagrado que conecta o espiritual ao humano, lembrando o papel vital das águas e dos saberes ancestrais que sustentam nossa cultura. Mais do que um espetáculo, será um ato de resistência e renovação, oferecendo ao público uma experiência que inspira respeito e celebra a liberdade de cultuar raízes e tradições tão presentes no coração do carnaval carioca. Em 2024, a Imperatriz convida todos a mergulharem no axé de Oxalá e a beberem dessa água sagrada.
Vai começar o itan de Oxalá.
Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, Babá.
Orinxalá, destina seu caminhar.
Ao reino do quarto Alafin de Oyó.
Alá, majestoso em branco marfim.
Consulta o ifá e assim,
No odú, o presságio cruel,
Negando a palavra do babalaô.
Soberano em seu trono, o senhor,
Vê o doce se tornar o fel.
Ofereça pra Exú… um ebó pra proteger.
Penitência de Exú, não se deixa arrefecer.
Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada.
É cancela fechada, é o fardo de dever.
Mas o dono do caminho não abranda.
Foi vinho de palma, dendê e carvão.
Sabão da costa pra lavar demanda.
E a montaria te leva à prisão.
O povo adoeceu, tristeza perdurou,
Nos sete anos de solidão.
Justiça maior é de meu pai Xangô.
No dendezeiro, a justiça verdadeira.
(Meu pai Xangô mora no alto da pedreira).
Onde o banho de abô pra purificar,
Desata o nó que ninguém pode amarrar.
Transborda axé no ibá e na quartinha.
Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha.
Oní sáà wúre! Awure awure!
Quem governa esse terreiro ostenta seu adê.
Ijexá ao pai de todos os oris.
Rufam atabaques da Imperatriz.
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