Preta é a cor majoritária do Brasil, representando 56,1% da população feminina, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, apesar de sua representatividade numérica, ela ainda é vítima de uma série de desigualdades e preconceitos.
O contexto histórico brasileiro moldou a imagem da mulher preta como uma figura subalterna e inferior. Durante a escravidão, as mulheres pretas eram consideradas como propriedade e eram submetidas a um regime de trabalho escravo, violência e exploração sexual. Mesmo após a abolição da escravatura, em 1888, elas continuaram a sofrer com a discriminação e a exclusão social.
E as mulheres pretas continuaram a enfrentar uma série de obstáculos para a sua emancipação. Elas foram excluídas do mercado de trabalho formal e tiveram que se dedicar ao trabalho doméstico e informal para garantir o sustento de suas famílias.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média das mulheres pretas é 64% menor do que a das mulheres brancas. Além disso, as mulheres pretas têm menor escolaridade e maior taxa de desemprego em comparação às mulheres brancas.
Esses estereótipos e preconceitos são refletidos nos estudos socioeconômicos e se manifestam das mais variadas maneiras. As pretas têm menor escolaridade e renda que as brancas. Elas também têm mais dificuldade de acesso ao mercado de trabalho e aos serviços públicos, são frequentemente representadas como hipersexualizadas, violentas e incapazes. Esses estereótipos contribuem para a perpetuação da desigualdade e da violência contra as mulheres pretas, com um impacto negativo na vida dessas mulheres que são a maioria no Brasil. Em 2023, essa mulher ainda enfrenta uma série de desafios. As mulheres pretas são as principais vítimas de violência doméstica no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2022, elas representam 64% das vítimas de feminicídio. São frequentemente estereotipadas como trabalhadoras domésticas, mães solteiras e dependentes do Estado. Mulheres pretas têm menor acesso à educação, saúde e emprego que as mulheres brancas.
É preciso promover uma mudança de mentalidade na sociedade brasileira. É preciso combater o racismo e o sexismo e promover a igualdade de oportunidades para todas as mulheres, independentemente da raça ou etnia.
A mulher preta como objeto sexual, estereótipo reforçado pela mídia, que frequentemente retrata as mulheres pretas como hipersexualizadas e objetificadas ou, a mulher negra como mãe solteira, resultado do racismo institucional, que dificulta o acesso das mulheres negras à educação e ao mercado de trabalho ou, ainda, a mulher negra como dependente do Estado, fruto da desigualdade racial, que impede essas mulheres de alcançarem o mesmo nível de desenvolvimento que as mulheres brancas. Fatores que contribuem para a violência doméstica, a discriminação no mercado de trabalho e a falta de oportunidades.
Preta é a cor majoritária da mulher brasileira, mas também é a cor da desigualdade. Ela ainda enfrenta uma série de desafios, como a violência doméstica, a estereotipação e a desigualdade racial.
É imprescindível estabelecer medidas como promoção de educação sobre diversidade e inclusão nas escolas e universidades, fazer valer leis e criar políticas públicas que combatam o racismo e o sexismo e, promover a inclusão de mulheres pretas nas esferas de poder e decisão. A implementação dessas medidas é essencial para garantir que a mulher preta tenha as mesmas oportunidades que as mulheres brancas.
Ana Soáres
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