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Eduarda Rocha

MULHERES: O Dia Internacional da Mulher como representação de Lutas e Conquistas

O Dia Internacional da Mulher, celebrado na última sexta-feira (08), além de uma forma de homenagem para as mulheres, é fundamentado pela lembrança da reivindicação por direitos demandada por esse grupo em toda sua essência e diversidade.



Sendo assim, mais que um dia de celebração, o 8 de março é um símbolo dos feitos já conquistados e do que ainda há de se conquistar pelas mulheres em suas várias esferas, sejam sociais ou políticas. Posto isso, entender a história e as conquistas que se sucederam a partir dessa data também devem ser de conhecimento geral, assim como a perpetuação prática das ações que agregam significado e relevância ao Dia Internacional da Mulher.


História do 8 de Março

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda metade do século XX, o Dia Internacional da Mulher possui suas raízes na luta operária por direitos e melhores condições de trabalho. No Brasil, as principais referências históricas do surgimento da data partem do contexto da Europa e dos EUA, onde muito similar ao restante do mundo pós Revolução Industrial, o ambiente de trabalho era bastante hostil aos operários, com ênfase de hostilidade às mulheres, com jornadas exaustivas, ausência de direitos trabalhistas fundamentais e escassez de folgas.

Nessa conjuntura, o Dia da Mulher foi corporificado entre o final do século XIX e o início do século XX no contexto de lutas por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito ao voto. 

Com a idealização da data pelo Partido Socialista da América, o primeiro dia das mulheres teria sido corporificado no dia 28 de fevereiro de 1909, onde mulheres se reuniram em manifestações em memória de uma greve ocorrida no ano anterior em prol de melhores condições de trabalho nas ruas de Nova York. No ano seguinte, na primeira conferência internacional de mulheres, foi sugerida pela socialista alemã Clara Zetkin a celebração anual da luta feminina, porém sem data definida.

No entanto, o fato histórico que efetivamente definiu a data do Dia Internacional da Mulher foi uma greve de trabalhadoras russas na data equivalente ao dia 8 de março do nosso calendário. Além de ser considerada uma manifestação orgânica das operárias russas, o movimento também ganha relevância por ser o desencadeador da Revolução Russa.

Direitos de Mulher

Após a organização de mulheres em diversas partes do mundo por reivindicação de direitos, houveram conquistas femininas significativas no cenário brasileiro. A busca pela igualdade de gênero levou as brasileiras a uma de suas mais importantes realizações: o voto feminino foi decretado e reconhecido de maneira facultativa em 1932 e se tornou obrigatório em 1965, equiparando-se assim ao voto masculino.

Dessa forma, as conquistas femininas mais relevantes do Brasil, pós-criação do Dia da Mulher, se organizam de maneira cronológica em:

1910: Ocorre a criação do primeiro partido político feminino no Brasil, o Partido Republicano Feminino.

1932: Decreto do direito ao voto para mulheres.

1962: Criação do Estatuto da Mulher Casada, que acabou com a necessidade de autorização dos maridos para que as mulheres pudessem trabalhar, além de adquirir o direito a receber herança e poder solicitar a guarda dos filhos em caso de separação.

1977: Lei do divórcio é aprovada.

2006: Sanção da Lei Maria da Penha como política pública de combate à violência contra a mulher.

2015: Lei do Feminicídio como qualificadora dos crimes de homicídio.

2018: Criminalização da importunação sexual feminina.

Logo, essas conquistas listadas são de extrema relevância na busca por igualdade de gênero e contribuíram de maneira significativa para a melhor inserção e posicionamento das mulheres frente à sociedade brasileira, mesmo que ainda insuficientes para garantir a proficiência ao assegurar o respeito e a dignidade da mulher.

Mulheres Brasileiras do século XXI

Ainda que todos os avanços tenham elevado o papel das mulheres na sociedade, ainda existem muitas violências que afetam o público feminino no dia a dia. 

Os registros do Mapa Nacional da Violência de Gênero apontam que no ano de 2023, uma em cada mil mulheres sofreram com o feminicídio, porém os números tendem a ser bem maiores devido a sub notificação e a falta de repasse de informações de alguns estados. A mesma pesquisa apresenta também que no ano de 2022 cerca de 200 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência, seja sexual, física, psicológica, financeira etc. Em dados mais recentes da Agência Brasil, os índices de violência sexual contra mulheres aponta para uma realidade problemática, onde pelo menos a cada 3 horas uma mulher é vítima de estupro no país.

Portanto, a reivindicação por direitos das mulheres já produziu muitas melhoras para a realidade feminina, mas como posto, ainda há muito pelo que lutar e melhorar até o alcance da equidade de gênero, termo adotado para melhor representar as demandas das mulheres na contemporaneidade.

Mulheres em Cena

O Dia Internacional da Mulher é um dia potente e histórico ao voltar o olhar da sociedade para as demandas femininas, pensando nisso, a Revista Pàhnorama está organizando para os dias 23 e 24 de março o evento Mulheres em Cena visando provocar o diálogo acerca das discussões que tangem as mulheres enquanto coletividade e em suas especificidades e exaltar grandes nomes femininos do cenário carioca.

Por Eduarda Rocha

Escrito em 13/03/2024


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