Do Feminismo Interseccional ao Legislativo: A Ascensão dos Corpos-Bandeira na Luta pelo Bem Viver
Nos bastidores do ativismo negro feminino, uma revolução se desenha: mulheres negras deslocam estruturas e moldam um novo capítulo na sociedade. Do feminismo interseccional ao protagonismo político, a trajetória é marcada por resistência, estratégias ousadas e o compromisso pelo bem viver.
Nos anos 1990 e 2000, coletivos de mulheres negras forjaram uma "onguização", mas agora, a atenção se volta para novos horizontes. Com níveis educacionais elevados e estratégias de advocacy, essas mulheres movem-se dos escritórios burocráticos para as ruas, desafiando estruturas.
Enquanto as ONGs perdem centralidade, emerge um ativismo mais contundente. Mulheres negras ocupam cargos legislativos, tornando-se "surrogate representatives", ampliando vozes suprimidas. O ápice desse movimento é a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.
Com propostas ousadas, a marcha denuncia feminicídios, intolerância religiosa e a violência que assola a população negra. A Carta das Mulheres Negras, entregue à presidenta Dilma Rousseff, é um manifesto pela vida, igualdade racial e justiça ambiental.
Do Feminismo Negro ao Interseccional: Um Novo Paradigma
Na virada dos anos 2000, o feminismo negro se reinventa. Jovens lideranças emergem, redefinindo estratégias e repertórios. A internet se torna palco para o "rolê feminista", desafiando a hierarquia e promovendo experimentações coletivas.
O Blogueiras Feministas surge, adaptando-se às linguagens das redes sociais. No entanto, a marginalização secundária alerta para invisibilizações. Surge então o Blogueiras Negras, inovando discursivamente e reivindicando espaços específicos.
O ativismo se estende à cultura hip hop, inovando a produção cultural nas periferias. Saraus e coletivos como o Coletivo Hip Hop Chama destacam-se, influenciando até carreiras políticas. A Aparelha Luzia e o Festival Latinidades consolidam-se como espaços de diálogo interseccional.
Movendo Estruturas pelo Poder Legislativo
Feministas negras questionam a sub-representação na política institucional. Em resposta, surgem candidaturas coletivas como As Muitas, buscando mudar a narrativa. Essas estratégias desafiam a falta de dados e destacam a urgência de pesquisas interseccionais.
As eleições de 2015 revelam que mulheres negras são praticamente ausentes da representação política. O desafio é gigantesco, mas a força das candidaturas coletivas, como As Muitas, aponta para uma revolução na política brasileira.
No horizonte, a luta persiste, promovendo uma transformação profunda. As mulheres negras estão não apenas reescrevendo suas narrativas, mas moldando um novo pacto civilizatório. O ativismo negro feminino é a força que impulsiona o Brasil em direção a um futuro mais inclusivo e justo.
Ana Soáres
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