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Marcelo Teixeira

O futuro é black


mulheres pretas no comando

Acompanho vários ativistas negros nas redes sociais e, confesso, fico encantado com tudo que venho aprendendo sobre a África. Vêm deste nobre continente civilizações avançadas que, por exemplo, ensinaram, aos europeus, noções de higiene. Graças aos africanos, os branquelos do Velho Mundo aprenderam a se maquiar, tomar banho, usar perfume etc. Isso me lembra de algo que Valderez Laroche, professora de antropologia em minha época de faculdade, certa vez contou. Segundo ela, os europeus acabavam de comer frango ou similar e, em seguida, davam a mão para o cachorro lamber. Pelo visto, se não fossem os africanos, os europeus não teriam aprendido a lavar as mãos. Pobres cães!

 

            Há também histórias fascinantes. Entre elas, a de países como Libéria e Etiópia, onde os europeus escravagistas não conseguiram entrar. Da Etiópia, no entanto, vêm os fatos de que mais gosto. Os espanhóis tentaram invadi-la e, para tanto, prepararam um exército de 5 mil homens. Só que, em número infinitamente maior, os etíopes acabaram com a festa espanhola em três tempos. Além disso, a Etiópia detém uma técnica milenar: domesticar tigres. Já pensou tentar escravizar negros de uma nação onde há tigres treinados? Te mete! A Etiópia, aliás, fascina por vários outros motivos. Entre eles, o fato de o calendário lá utilizado se totalmente diverso do nosso. Lá, a noção de dia, mês e ano é outra. É mergulharmos em outra realidade e esquecermos o funcionamento estressante do mundo ocidental.

 

            Mas há também outros assuntos que me mobilizam quando vejo as postagens dos ativistas negros. O mais latente não poderia deixar de ser o racismo, que tanto nos infelicita como nação.

 

Somos um país que conta atualmente com 524 anos. De 1500 a 1888, ou seja, 388 anos, tivemos a triste escravidão como realidade. Subtraindo 524 de 388, chegamos a 136. Em suma, em 524 anos de história, temos mais tempo como nação que utilizou mão-de-obra escrava do que país com todos os cidadãos livres.

 

            Por essa razão, ainda pesam, em nosso cotidiano, os casos de racismo. Temos policiais abordando cidadãos negros de forma truculenta; pessoas negras sendo perseguidas, revistadas e constrangidas em lojas; bullying escolar; racismo recreativo e também o lamentável racismo ambiental, que majoritariamente atinge a população negra em casos de deslizamentos de encostas e enchentes. Afinal, são os nosso irmãos negros que, em sua maioria, habitam, ainda, os locais periféricos, menos assistidos e mais sujeitos a danos ambientais.  

 

            O futuro, contudo, é black. Essa população ainda periférica e discriminada no país é maioria – 56%. E com políticas de inclusão social e de cotas universitárias, veremos cada vez mais negros em instituições de ensino superior; viajando de avião; comprando casa própria; tendo acesso a bens de consumo; ocupando cargos em empresas públicas e privadas; sendo eleitos para cargos eletivos em âmbito municipal, estadual e federal...

 

            Hora, portanto, de assumirmos a marca registrada da diversidade e nos enxergarmos como nação multirracial.

 

            Black is beautiful! Black is the future!


Marcelo Teixeira

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