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Os tais caquinhos - parte 3: religiões

  • Foto do escritor: Marcelo Teixeira
    Marcelo Teixeira
  • 2 de jun.
  • 2 min de leitura

Nunca a diversidade religiosa esteve tão latente. Eventos inter-religiosos em que representantes de várias denominações participam ocorrem frequentemente. Eu mesmo, como espírita kardecista, já tomei parte de alguns em câmaras municipais, escolas e praças públicas. Em todos, dividi bancada com o pessoal do candomblé, do catolicismo, de várias denominações evangélicas, do islamismo, do budismo etc. E sempre foi muito bom. Respeito às visões de cada um, debate construtivo em torno dos pontos em comum... Enfim, muito aprendizado.

 

Ao mesmo tempo, denominações radicais do campo evangélico ganharam espaço na política e vêm causando estardalhaço ao se valerem de uma fachada evangélica para defenderem seus próprios interesses. Entre eles, imposição da fé e aspirações de poder, sempre alicerçados por forte aparato financeiro, veículos próprios de comunicação e discurso de ódio. Enfim, tudo muito distante do amor fraterno e participativo que Jesus Cristo e outras grandes lideranças religiosas pregam.

 

Na canção “Pra começar”, que estamos analisando há algumas semanas, Marina Lima e Antônio Cícero são enfáticos em dizer que as religiões fazem parte dos caquinhos do velho mundo. Em suma, o pensamento religioso que está mais interessado em juntar dinheiro, iludir incautos, formar mentes fanáticas e ocupar cargos políticos para obter mais poder também se espatifará e, pelo visto, ninguém se disporá a colá-los. Afinal, como diz a letra da canção, “quebrou, não tem mais jeito”.

 

Não estou dizendo que as pessoas não devem seguir essa ou aquela corrente religiosa. Mas o pensamento classista que prega que a minha religião é a única correta, que a minha igreja é melhor que a sua ou quem não seguir a religião que eu sigo irá arder no fogo do inferno não mais se sustentará. Talvez por isso, os líderes de tais correntes religiosas façam tanto alarde. Eles sentem que o tempo que lhes resta pode não ser tão extenso assim.

 

Muitas correntes religiosas aferradas a preceitos antigos ainda usam respectivas Escrituras para intimidar e condenar. Até no movimento espírita kardecista, do qual faço parte, ainda podemos encontrar pessoas que apontam dedos inquisidores para os, digamos, pecadores. Herança de pensamentos religiosos antigos, aposto.

 

Outro fato que vem me chamando atenção é a questão de as religiões estarem preocupadas com o que ocorre à volta. Política, meio ambiente, violência policial, racismo, genocídio dos povos indígenas, homofobia... Muitos segmentos progressistas saíram da redoma e resolveram adotar uma vivência cidadã dos pressupostos espiritualistas que pregam, e não com o intuito de converter os outros, mas por comprometimento social e por perceberem que não há como construir um mundo mais espiritualizado enquanto não houver justiça social e respeito à diversidade. Estes são alicerces que ficarão de pé.

 

Em contrapartida, as alas conservadoras que se transformaram em antros de reacionarismo, autoritarismo e comércio travestidos de pureza espiritual irão, cedo ou tarde, ao chão e se partirão em mil pedaços. Impossível colar tudo. “Quebrou, não tem mais jeito”.

 

Marcelo Teixeira

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