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Os tais caquinhos - parte 4: preconceitos

  • Foto do escritor: Marcelo Teixeira
    Marcelo Teixeira
  • 9 de jun.
  • 2 min de leitura
preconceitos
Créditos: Pixbay

Vamos continuar a analisar a letra da canção “Pra começar”, de Marina Lima e Antônio Cícero. Já analisamos os conceitos de pátrias, famílias e religiões, os quais, segundo a música, estão superados e se espatifarão cedo ou tarde, sendo difícil encontrar alguém que os cole.

 

Chegamos agora aos preconceitos, e não há como falar deles sem passar pelo caso do “humorista” Léo Lins, que foi condenado a pouco mais de oito anos de prisão e pagar polpuda indenização por, segundo analisado por vários cientistas sociais e juristas, ter praticamente gabaritado o Código Penal ao proferir, num show realizado em 2022, toda sorte de ofensas disfarçadas de piadas, depreciando soropositivos, idosos, mulheres, negros, homossexuais, crianças famintas, imigrantes, pessoas obesas, vítimas de pedofilia... Numa só tacada, Léo foi xenófobo, homofóbico, capacitista, racista, misógino, aporofóbico, elitista e muito mais.

 

Branco, de olhos azuis, classe média alta e heteronormativo, o comediante, por isso mesmo, não faz parte de qualquer grupo que seja alvo de piadas depreciativas. Não à toa, muitos de seus pares (em sua maioria, brancos) saíram em sua defesa. Estou falando dos comediantes Danilo Gentili, Leandro Hassum, Antônio Tabet, Oscar Filho, Rafinha Bastos e também do apresentador Marcos Mion. Todos foram unânimes em demonstrar indignação e apontar que houve censura ao humor.

 

Os preconceitos, como aponta muito bem “Pra começar”, fazem parte dos caquinhos do velho mundo que poucos, muito poucos, quererão juntar. Por isso, tenhamos em mente que ser preconceituoso não diz respeito somente a ofender uma pessoa em local público. No momento em que uma pessoa pública faz um show em que dispara uma série de impropérios debochados a grupos tachados de minoritários e esse show viraliza nas redes sociais, muitos que pensam da mesma forma pejorativa se sentem autorizados a fazer o mesmo na vida cotidiana. Além disso, o show acabou alcançado a mais variada gama de públicos, incluindo crianças.

 

Léo Lins foi condenado não por ser humorista, mas por ser desumano. A condenação se faz necessária para mostrar que humor não pode ser confundido com discurso de ódio, fascista até, disfarçado de piada. Foi crueldade, desamor, preconceito, falta de caridade e tudo mais que muitos brancos heterossexuais que pensam que mandam no mundo e se julgam superiores gostam de fazer com quem julgam não serem tão bons e perfeitos quanto eles. Em minha adolescência e juventude, convivi com muitos colegas de clube e de escola que pensavam dessa forma.

 

Só que estamos num mundo cada vez mais plural e diverso. Conviver com a diversidade, aliás, é uma ótima porta de entrada para quem está disposto a viver num mundo mais leve, saudável e aberto às múltiplas possibilidades que essa convivência irá proporcionar. Quem não se adaptar que tente juntar, colar e montar os edifícios de um mundo que já terá ficado para trás.

 

Marcelo Teixeira

 

 

      

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