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Por dentro da mente de Nagabe: o criador de A Menina do Outro Lado fala sobre suas inspirações — e vem ao Brasil

  • Foto do escritor: Manu Cárvalho
    Manu Cárvalho
  • 20 de jun.
  • 3 min de leitura

BIENAL DO LIVRO RJ Por Manu Cárvalho

Nagabe
Mangaká Nagabe, responsável pela série “A Menina do Outro Lado” (Foto: reprodução/foradoplastico)

Com traço delicado e narrativas cheias de sensibilidade, o mangaká japonês retorna ao país em 2025 para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Uma chance rara de entender o universo por trás de um dos mangás mais emocionantes da última década.


Uma história que fala com o coração

Não é exagero dizer que A Menina do Outro Lado deixou uma marca profunda nos leitores brasileiros. Publicado pela DarkSide Books, o mangá cativa pela sua simplicidade poética, por sua atmosfera melancólica e pela maneira como trata de temas densos como exclusão, medo e afeto.


Nagabe
Nagabe (Foto: reprodução/portal nipponja)

Nagabe, o artista por trás dessa obra, já afirmou diversas vezes: “Vejo essa história como mais próxima de um livro ilustrado do que de um mangá convencional.” E isso fica claro ao folhear qualquer volume da série. Com um traço sóbrio, quase minimalista, e diálogos sutis, o autor nos leva a refletir sobre o que separa e o que aproxima os seres — humanos ou não.


obra A menina do outro lado

O encontro marcado com os leitores brasileiros

A boa notícia? Nagabe está vindo ao Brasil novamente — e desta vez para um evento de peso. Sua participação na Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2025 já está confirmada, e deve reunir centenas de fãs no Palco Apoteose Shell, no dia 22 de junho, às 13h.


O momento promete ser íntimo, sensível e inspirador. Além de conversar sobre o processo criativo por trás de A Menina do Outro Lado, Nagabe também falará de suas outras obras, como Nivawa e Saitou, e do que o motiva a contar histórias onde o que importa, no fim das contas, é o laço entre os personagens — não suas diferenças.


Nagabe, autor da obra A menina do outro lado
Nagabe, autor da obra A menina do outro lado (Foto: reprodução/omelete)

Contos de fadas sombrios, Europa medieval e O Pequeno Príncipe

A cabeça de Nagabe é um baú de referências que mescla literatura clássica, folclore europeu e uma pitada generosa de existencialismo. Em entrevistas recentes, ele revelou que obras como A Bela e a Fera, Alice no País das Maravilhas e O Pequeno Príncipe foram fundamentais em sua formação.


“A Europa medieval me fascina”, contou. E essa influência se vê nos cenários bucólicos, nos trajes de época e na ambientação melancólica de seus mangás. Mas, mais do que estética, essas inspirações servem de pano de fundo para perguntas universais: o que nos torna humanos? Como lidamos com o que é diferente? Há beleza na solidão?


obra A menina do outro lado

obra A menina do outro lado

Estônia, gatos e delicadeza

Outro traço marcante na personalidade de Nagabe é sua simplicidade. Discreto nas redes sociais, ele raramente mostra o rosto e prefere deixar que suas criações falem por si. Em seus desenhos, os gatos aparecem com frequência — seja como personagens, seja como símbolo de algo misterioso e silencioso, assim como sua arte.


O artista também já morou por um tempo na Estônia, o que pode explicar parte da atmosfera fria e etérea que permeia seus mundos. “Foi um período de muita reflexão”, comentou em um bate-papo com leitores, ressaltando como o isolamento criativo também contribui para o tom introspectivo de suas histórias.




Um convite à empatia

O encontro com Nagabe é mais do que um evento para fãs. É um convite à escuta. Em um mundo acelerado, onde os ruídos muitas vezes abafam as nuances, sua obra é um lembrete da importância do silêncio, do olhar cuidadoso, da escuta sensível.


E talvez por isso A Menina do Outro Lado tenha tocado tanta gente. Porque, no fundo, ela fala sobre nós.


Entre páginas suaves e personagens enigmáticos, o autor nos convida a repensar fronteiras — entre bem e mal, humano e monstro, dentro e fora. Ao vir ao Brasil, ele não só aproxima leitores de sua arte, mas reafirma que as boas histórias não precisam de muito para emocionar. Só precisam de verdade.

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