Por Cigana Carmem
A verdade da alma, ou do ego?
Cara leitora, caro leitor, amados. Como já comentei aqui tantas vezes, sou uma entidade que não mais retornará à terra. Desta feita, compreendo muito bem como as coisas do lado de cá funcionam e também as coisas desse lado aí. Portanto, pergunto: qual verdade você quer ouvir? A verdade que te dá garantia constante de que o que você acredita é verdade e te mantém confortável na sua zona de conforto, trazendo sempre as mesmas situações que se repetem na sua vida, ou a verdade que dói muito, mas que te liberta desses ciclos repetitivos? Se é a segunda, saiba, é necessário muita paciência, perseverança e tolerância consigo mesma para aceitar que muitas das coisas nas quais passamos a vida acreditando como verdades, não são. E por que é preciso coragem para isso? Porque não é fácil lidar com o sentimento que nos acomete. Acabamos nos sentindo idiotas por termos passado tanto tempo acreditando em coisas irreais e nos auto punindo, nos ferindo, nos cobrando e gerando ainda mais dor.
O genuíno aprendizado nesse enfrentamento da verdade consiste justamente na tarefa da autocompaixão, da compreensão de que “está tudo bem”, da generosidade para consigo mesma. Entretanto, é árduo o caminho para o entendimento dessa premissa, uma vez que crescemos numa sociedade em que, em primeiro lugar, não somos incentivadas, principalmente nós, mulheres, ao autoconhecimento. Ou seja, olhar para fora importa mais do que olhar para dentro, e a opinião externa importa mais que a interna. Esse olhar para fora é que cria a irrealidade na qual estamos inseridos e da qual seremos massacradas caso queiramos nos desvencilhar. Até porque, a sociedade se dedica ferrenhamente a nos convencer, de todas as formas, de que lá dentro de nós vive um monstro horroroso, malvado e cruel, pronto para nos aniquilar caso sejamos atrevidas o suficiente para ousarmos atravessar nossas próprias dores.
Minha querida leitora, ninguém nos diz a verdade sobre a vida: O único e confiável axioma, autêntico, é a verdade da alma. Sabe aquele desejo profundo que sua alma vive gritando dentro de você, mas que você aprendeu a sufocar porque nos ensinaram que é besteira? E você vai empurrando com a barriga, mas que te gera angústias, tristezas e doenças? Pois é! A enfermidade do corpo vem da negligência dos desejos da alma. Pior, vem do fingimento, do “faz de conta que não estamos ouvindo” o chamado da alma. Não há outra consequência, portanto, a não ser o padecimento do corpo físico, que é pura energia. Um legítimo ímã que entende tudo que você está depositando nele e apenas te devolve o resultado do que você plantou.
Imagine passar 80, 90 anos ignorando sua própria alma? O problema do ser humano, principalmente o ocidental, é exatamente esse: fingir, fingir e fingir para si mesmo, e depois se fazer de coitado, que não entende porque está doente fisicamente. Além, claro, de culpar alguém ou algo pelo seu acometimento. A verdade da matrix, essa que os seres humanos tanto amam porque distrai a verdade da alma, e é orquestrada para nos tirar o foco de nós mesmos a todo segundo. Porque a verdade da alma liberta, e gente livre não aceita ordens. Contudo, o mundo dos padrões é cercado de ordens por todos os lados. É do encaixotamento humano que se faz o controle, e o controle se dá por meio do sensacionalismo e do medo. A matrix exige seres humanos distraídos de si mesmos. Então, criam-se as distrações, vendem-nas, e nós as compramos acreditando que são verdades, carregando-as, muitas vezes, por toda uma vida.
Ouvir a verdade da alma e deixar que ela conduza nossa vida é o que eu chamo de “adultecer”. É ser adulto de verdade, porque é nesse estado que assumimos todas as responsabilidades sobre nossa vida e os acontecimentos que nela ocorrem, sem encontrar culpados, sem responsabilizar fulano ou beltrano, sem julgar cicrano. E mais, é no “adultecer” que assumimos o compromisso com a mudança e seguimos firmes até que as transformações internas se manifestem na realidade externa. Porém, nesse ponto há mais percalços, porque qualquer mudança requer tempo, e às vezes, muito tempo mesmo. Todavia, no mundo imediatista, distraído e opressor em que vocês humanos vivem, quem é que se predispõe a abdicar das opiniões alheias e dos palpites dos julgadores de plantão? Quem é suficientemente corajoso para bancar suas escolhas até o fim? O resto, é ser criança em corpo adulto. É teimar em ser o adulto que não se é.
Minhas leitoras amadas, sei que sou mestra em provocar sentimentos incômodos que povoam seus dias, suas horas, te cutucando, até você olhar para eles, eu sei. Mas, não estou aqui para agradar. Ninguém está. Ninguém tem essa obrigação. Mas mesmo assim, amo você e é por isso que trago todos esses assuntos desconfortáveis. É no desagradável que crescemos, evoluímos e nos libertamos. E quero ver você ser luz, brilhar e viver a plenitude da sua alma.
Até a próxima semana,
Um afago.
Cigana Carmem.
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