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Val Kilmer morre aos 65 anos e deixa legado de intensidade e resiliência

Por Manu Cárvalho


Val Kilmer
(Foto: reprodução/ Portal Em Off)

Val Kilmer não era apenas um rosto conhecido de Hollywood. Ele era intensidade pura. Um ator que mergulhava de corpo e alma nos papéis, mesmo quando isso significava perder a voz – literalmente. O artista norte-americano faleceu no dia 1º de abril de 2025, aos 65 anos, em decorrência de complicações causadas por uma pneumonia. A morte foi confirmada por sua filha, Mercedes Kilmer.


Kilmer deixa dois filhos – Mercedes e Jack – e uma trajetória marcada por personagens memoráveis, escolhas ousadas e, nos últimos anos, uma luta pública contra o câncer de garganta. Uma batalha que enfrentou sem esconder suas cicatrizes, sem romantizar a dor, mas também sem abrir mão da arte.


Do teatro à fama: a ascensão de um camaleão

Val Edward Kilmer nasceu em Los Angeles, em 31 de dezembro de 1959. Formado pela prestigiada Juilliard School, ele começou no teatro, mas rapidamente ganhou espaço nas telas com comédias como “Top Secret!” (1984) e “Real Genius” (1985). A virada veio em 1986, quando vestiu o uniforme de piloto para viver o lendário Tom “Iceman” Kazansky em “Top Gun”, ao lado de Tom Cruise.


A partir daí, sua filmografia virou um desfile de personagens icônicos: Jim Morrison em “The Doors” (1991), Doc Holliday em “Tombstone” (1993), o enigmático Simon Templar em “O Santo” (1997), e claro, Bruce Wayne em “Batman Eternamente” (1995). Mesmo quando os papéis não eram protagonistas, Kilmer tinha uma presença que dominava a cena.


Silêncio, mas não apagamento

Em 2014, Kilmer foi diagnosticado com câncer de garganta. A doença afetou severamente sua voz e saúde, e ele passou por uma traqueostomia que o deixou com dificuldades para falar. Mesmo assim, recusou-se a desaparecer. Em 2020, lançou a autobiografia “I'm Your Huckleberry”, e em 2021 emocionou o público com o documentário “Val”, que costura imagens de arquivos pessoais com reflexões sobre fama, identidade e finitude.


Em “Top Gun: Maverick” (2022), voltou como Iceman. Desta vez, quase sem fala – mas não sem voz. Graças à tecnologia de inteligência artificial, sua participação no filme foi uma homenagem sensível ao seu legado e à sua coragem de continuar, mesmo em silêncio.


Um artista que nunca deixou de criar

Mais do que ator, Kilmer era também poeta, artista plástico, roteirista. Alguém que transformava dor em arte e que, mesmo longe do burburinho dos blockbusters, continuava criando. Sua relação com a espiritualidade, com o cinema e com o próprio corpo doente foram temas recorrentes nos últimos anos.


“Amo a vida, e a arte me salvou inúmeras vezes”, escreveu certa vez. A frase diz muito sobre quem ele foi – e sobre como será lembrado.


Um adeus sem fim

A morte de Val Kilmer marca o fim de uma era em Hollywood, mas também reforça a potência de quem viveu e atuou com entrega total. Ele foi muito mais que um Batman ou um Iceman. Foi vulnerável, profundo e incansável. E, acima de tudo, humano.


Na memória dos fãs e das telonas, fica a certeza de que sua voz – ainda que ferida – continuará ecoando por muito tempo.

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