Assisti no domingo (15/09/24) à noite a um vídeo em que um cidadão de Petrópolis (RJ), onde moro, mostra a situação da principal represa da cidade. Como era tristemente de se esperar, os níveis de água estão bem abaixo do recomendável.
Trata-se de uma situação que infelizmente tornou-se corriqueira nestes dias de estiagem prolongada e queimadas para todos os lados. Queimadas, aliás, que resultam em perda da biodiversidade, prejuízos econômicos e imagens desoladoras de animais esturricados pelo fogo.
A situação é grave. As autoridades preveem que, se a degradação ambiental continuar neste ritmo, biomas como o Pantanal e a Amazônia desaparecerão até o final deste século. Preocupante. Muito preocupante. Um vilipêndio ambiental.
O cidadão comum, vendo tamanha destruição, talvez se sinta impotente e creia que nada pode fazer. Mas podemos sim! Se todos agirmos de forma conjunta, podemos reverter esse processo de destruição.
Em primeiro lugar, devemos nos tornar consumidores mais conscientes. Por exemplo, checando a procedência dos produtos que consumimos. No caso dos alimentos, as empresas que os fabricam têm algum processo devido a trabalho escravo? Possuem certificação que ateste o manejo sustentável das carnes e vegetais que porventura utilizem? O móvel que tanto queremos comprar para a nossa sala é feito de madeira certificada ou de madeira de demolição? Utilizamos sacolas ecológicas na hora de ir às compras? Fazemos coleção de sapatos, bolsas, toalhas, roupas íntimas e similares? Não estou querendo limitar o número de itens nos armários alheios. Afinal, todo mundo sabe quantas blusas, cintos, pares de sapato etc. precisa ter. No entanto, se você está fazendo coleção, aconselho ligar o pisca-alerta. Closet não é sala de troféus! Aliás, closets, a meu ver, nem deveriam existir.
Essa questão do consumo ganha ares ainda mais alarmantes quando pensamos no material que é confeccionado para levarmos o sapato da loja à nossa casa. Um papel que vem embolado dentro do calçado a fim de mantê-lo no molde, a caixa na qual ele é guardado, a sacola que irá transportá-lo... Tudo isso é feito de material tirado da Mãe Natureza, e para confeccioná-lo, foram utilizadas máquinas movidas à água e energia elétrica, corantes e toda sorte de itens que, se continuarem sendo tirados dos rios, florestas e animais de forma indiscriminada, perigam desaparecer. Lembremo-nos que o planeta é um só.
Podemos também reciclar lixo. A maioria das prefeituras possui serviço de coleta seletiva. Se sua cidade não oferece esse tipo de serviço, decerto há ONGs que o fazem. Pois bem. Separe metais, vidros, plásticos e papeis em bom estado e combine com o serviço de reciclagem de buscá-los periodicamente em sua casa. E se você mora em condomínio, converse com o síndico e com os demais moradores para que adiram à coleta seletiva. Faz uma diferença enorme!
Economize água. Nada de se esquecer da vida debaixo do chuveiro ou deixar a torneira toda a vida aberta na hora de lavar louça. Cuidado com a água! Para ela, não há plano B.
Por fim, já que estamos em ano eleitoral, vote em prefeitos e vereadores que tenham pautas ambientais consistentes. As cidades precisam ser mais limpas, arborizadas, ter o tráfego de veículos particulares limitado, o transporte coletivo incentivado. Além disso, o monitoramento das áreas verdes deve ser efetivo e constante, a fim de que queimadas (sejam elas criminosas ou acidentais) sejam coibidas e, se for o caso, punidas. É na vida municipal organizada que o país começa a melhorar de forma efetiva.
Não basta, contudo, somente elegê-los. O mundo está exigindo de nós participação cada vez mais atuante na vida pública, o que significa participar de iniciativas comunitárias e cobrar constantemente das autoridades o comprometimento com as pautas ambientalistas.
Sei que posso parecer utópico. Mas se há saídas possíveis e com a nossa participação, não percamos mais tempo. O planeta agradece!
Marcelo Teixeira
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