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Silver Marraz

Você é o diabo!

Por Silver D'Madriaga Marraz


Não é à toa que os religiosos dizem que o diabo é o anti-Deus. Deus junta e não é o diabo que separa! A crueldade humana é bigorna já destruiu e destrói muitos lares!


Não existe demônio. O diabo é as pessoas que são más e tentam justificar seus erros em entidades para se livrarem da consciência por tamanhas crueldades. É um fato indiscutível que a história humana está maculada por atos de uma crueldade inominável. O curioso é que, em meio a esses atos, muitos tentam encontrar desculpas, culpar entidades sobrenaturais ou até mesmo alegar uma suposta manifestação demoníaca para justificar tamanhas atrocidades. A verdade é só uma: não existe um demônio maior do que a própria crueldade humana, uma predisposição terrível que se manifesta em inúmeros episódios ao longo dos tempos.

Olhando para a história, encontramos exemplos contundentes dessa afirmação. Os períodos sombrios da Inquisição, por exemplo, são uma representação viva da brutalidade justificada em nome de uma suposta pureza religiosa. O sofrimento infligido às pessoas rotuladas como hereges ou bruxas é um capítulo macabro que revela como a humanidade pode se voltar contra seus próprios semelhantes, alimentada por dogmas e justificativas infundadas.

O Holocausto, talvez um dos episódios mais sombrios da história recente, é um testemunho indiscutível da monstruosidade humana. Milhões de vidas foram ceifadas em um genocídio meticulosamente planejado, baseado em ideologias de superioridade racial. Homens, mulheres e crianças foram vítimas de uma crueldade sem precedentes, perpetrada por indivíduos que se consideravam moralmente justos.

E não precisamos recuar muito no tempo para testemunhar exemplos gritantes. Guerras recentes, genocídios em massa, atos terroristas... todos esses eventos são um reflexo cruel da capacidade humana de infligir dor e sofrimento sem um pingo de remorso. Enumerando alguns:

1. Hererós e Namaquas ­– Os alemães envenenavam os poços pelo deserto. Anos depois, ossadas foram achadas em buracos – as pessoas cavavam com as próprias mãos em busca de água.

2. Terror no Timor Leste – Em 1999, antes de sair do Timor, milícias indonésias mataram 61 pessoas que estavam escondidas numa igreja. A atrocidade ficou conhecida como Massacre de Liquiçá.

3. Crueldade na Bósnia – Cerca de 40 mil mulheres bósnias foram sistematicamente estupradas. E quando engravidavam eram obrigadas a dar à luz.

4. Revolta Circassiana –  limpeza étnica foi tão completa que hoje ninguém mais na região do Cáucaso fala os idiomas dos povos circassianos.

5. Porajmos, a caçada aos ciganos – Um dos casos mais macabros do médico nazista Josef Mengele é o dos gêmeos ciganos Guido e Ina, costurados um ao outro, pelas costas, como siameses. A mãe matou os dois com morfina para terminar com o sofrimento.

6. Massacre em Ruanda – A principal arma usada para matar os tútsis eram as machetes (facões). Milhares delas foram importadas da China meses antes, num ato calculado de preparação.

7. Morte em massa na Armênia – Quem “escoltava” os armênios até o deserto eram grupos paramilitares formados por ex-presidiários, que estupravam, roubavam e matavam os exilados durante a jornada.

8. Sangue no Camboja – O desprezo pela vida marcava o lema do Khmer Vermelho: “Manter você vivo não nos traz nenhum benefício. Destruir você não será nenhuma perda para nós”.

9. Genocídio ucraniano – Stálin lançou a “lei das cinco espigas”. Quem fosse preso pegando comida para si mesmo era acusado de roubar o Estado. Pena: dez anos de trabalhos forçados ou até a morte.

10. Brasil – Regime Militar – Os torturadores aplicavam descargas elétricas violentas nas orelhas, no ânus, na vagina e no pênis dos torturados. As bocas dos prisioneiros eram completamente cobertas de besouros vivos e, em alguns casos, baratas. Os torturadores brasileiros introduziam cassetes embebidos em pimenta pelo reto dos torturados, até que perdessem completamente a consciência. Os algozes também tampavam o nariz dos prisioneiros para introduzir mangueira com água corrente em suas bocas, entre outras atrocidades.                                  

E Lúcifer, o diabo, o capeta, o capiroto, o demônio, o satanás leva a culpa. É mesmo muita burrice acreditar nisso. A verdade é que não há demônio maior do que a própria humanidade quando se permite justificar seus atos cruéis em entidades sobrenaturais ou ideologias deturpadas. A crueldade é uma manifestação da pior faceta do ser humano, um desvio moral que é tanto individual quanto coletivo. A racionalização desses atos por meio de desculpas fictícias apenas serve para obscurecer a responsabilidade individual e coletiva. Certamente, o diabo deve estar tentando correr é da humanidade, porque ele deve estar estarrecido com a crueldade do homem que foi capaz inclusive de matar o FILHO DE DEUS. Foram homens, repito, homens religiosos e autoridades que condenaram e mataram Jesus apoiados pela população.

É imperativo reconhecer essa realidade sombria, encarar a brutalidade que habita em nós e tomar medidas para evitá-la. Isso não é apenas um chamado à reflexão, mas uma convocação para a ação. É necessário um compromisso coletivo para promover a empatia, a compaixão e a tolerância, criando assim uma sociedade mais humana, onde tais atos de crueldade se tornem cada vez mais inaceitáveis.

A história é uma narrativa repleta de lições amargas sobre a capacidade humana de infligir dor e sofrimento. E a única maneira de verdadeiramente confrontar essa cruel realidade é aceitar que não há demônio externo, mas sim um lado sombrio da humanidade que precisa ser combatido diariamente, através do amor, da compreensão e da busca incessante por um mundo mais justo e compassivo, porque compreendo que – liderado por seres humanos – o inferno é aqui, muito mais perto do que imagininamos.

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