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Cacá Diegues: o cineasta que revolucionou o Cinema Novo

Manu Cárvalho

Por Manu Cárvalho Cineasta morreu nesta sexta-feira (14); não há detalhes ainda sobre a causa da morte.

Cacá Diegues
(Foto: reprodução/Instagram/@caca_diegues)

O Brasil se despede de um de seus maiores cineastas. Cacá Diegues, um dos fundadores do movimento Cinema Novo, morreu na madrugada desta sexta-feira (14), aos 84 anos. A informação foi confirmada pelo prefeito de Maceió, JHC (PL). Até o momento, não há detalhes sobre a causa da morte.


Uma vida dedicada ao cinema

Nascido em Maceió, em 19 de maio de 1940, Carlos José Fontes Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues, foi uma figura essencial na construção do cinema nacional, com uma carreira que atravessou décadas, indo dos anos 1950 até 2018.


Ele estudou no Colégio Santo Inácio e mais tarde ingressou no curso de Direito da PUC-Rio, onde começou sua militância cultural. Foi presidente do Diretório Estudantil, criou um cineclube e, ao lado de nomes como David Neves e Arnaldo Jabor, deu seus primeiros passos no cinema.


Na mesma época, editou o jornal O Metropolitano, da União Metropolitana de Estudantes, e fez parte do Centro Popular de Cultura da UNE. Foi nesse ambiente efervescente que nasceu o Cinema Novo, movimento que revolucionaria a estética e a narrativa cinematográfica no Brasil, ao lado de nomes como Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade.


Cacá Diegues
(Foto: reprodução/DANIEL TEIXEIRA/Pleno News)

As primeiras obras e o impacto do AI-5

Em 1961, Cacá co-dirigiu, com David Neves e Affonso Beato, o curta Domingo, uma das primeiras produções do Cinema Novo. Seu primeiro trabalho solo veio em 1962, dirigindo o episódio Escola de Samba Alegria de Viver, do longa Cinco Vezes Favela.


Com o endurecimento da ditadura militar e a promulgação do AI-5, Diegues e sua então esposa, a cantora Nara Leão, exilaram-se na Itália e na França. O cineasta só retornaria ao Brasil nos anos 1970, período em que dirigiu clássicos como Quando o Carnaval Chegar (1972) e Joanna Francesa (1973).


Foi também nos anos 70 que ele alcançou seu maior sucesso comercial com Xica da Silva (1976), filme que redefiniu a maneira como o Brasil abordava sua história no cinema. Outras obras marcantes incluem Chuvas de Verão (1978) e Bye Bye Brasil (1979), uma de suas obras-primas.


Crise no cinema e reconhecimento internacional

Em 1981, Cacá foi jurado no Festival de Cannes, evidenciando sua importância no cenário internacional. Durante a crise do cinema brasileiro nos anos 80, dirigiu filmes como Um Trem para as Estrelas (1987) e Dias Melhores Virão (1989), com orçamentos mais reduzidos.


Nos anos 90 e 2000, mesmo com o desmonte da Embrafilme, voltou a conquistar o público com produções como Tieta do Agreste (1996) e Deus é Brasileiro (2003). Seus filmes representaram o Brasil no Oscar em sete ocasiões, um recorde para um cineasta brasileiro.


Em 2018, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras, consolidando seu legado não apenas como cineasta, mas também como intelectual e defensor da cultura nacional.


Cacá Diegues
(Foto: reprodução/Marcos Arcoverde/A Critica)

Legado e despedida, Cacá Diegues

Cacá Diegues deixa três filhos, Isabel, Francisco e Flora, e três netos. Sua contribuição para o cinema brasileiro é imensurável, e sua obra continua viva, inspirando novas gerações de cineastas e amantes da sétima arte.

Seu cinema seguirá iluminando as telas e a memória do Brasil.

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