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Carlo Ancelotti é condenado na Espanha por fraude fiscal durante passagem pelo Real Madrid

  • Foto do escritor: Manú Cárvalho
    Manú Cárvalho
  • 10 de jul.
  • 3 min de leitura

NA DISPUTA! — Por Manu Cárvalho

Carlo Ancelotti
Reprodução/Goal/Getty Images

Figura respeitada e admirada nos gramados, Carlo Ancelotti viu seu nome atravessar os limites do esporte e parar no banco dos réus. Nesta semana, o atual técnico da Seleção Brasileira foi condenado pela Justiça espanhola a um ano de prisão por fraude fiscal, referente ao período em que comandava o Real Madrid, em 2014.


A sentença, no entanto, não implica o cumprimento da pena em regime fechado. A legislação espanhola permite que réus primários, com penas inferiores a dois anos e sem envolvimento em crimes violentos, não sejam encarcerados. O treinador também terá que pagar uma multa de 387 mil euros (equivalente a cerca de R$ 2,4 milhões).


O que motivou a condenação

O caso gira em torno da omissão de rendimentos ligados a direitos de imagem. Durante o julgamento, ficou constatado que Ancelotti não declarou corretamente os ganhos obtidos por contratos comerciais paralelos ao vínculo com o clube espanhol. O montante não declarado superaria 1 milhão de euros apenas em 2014.


De acordo com as investigações, parte desses valores foi transferida a empresas sediadas fora da Espanha, em países com regime fiscal mais brando. A prática, embora comum entre personalidades do esporte, foi considerada como tentativa de sonegação.


Curiosamente, Ancelotti foi absolvido das acusações relativas a 2015, já que a Justiça entendeu que ele não residia mais tempo suficiente na Espanha naquele ano para estar obrigado à mesma carga tributária.


Sem benefícios públicos e com mancha no currículo

A decisão da Justiça espanhola não se limitou à multa e à pena de prisão. Ancelotti foi proibido de receber auxílios ou subsídios públicos no país por três anos — o que inclui qualquer tipo de incentivo governamental, mesmo indireto.


Para um profissional que sempre prezou por uma imagem de seriedade e disciplina, a condenação representa uma mancha significativa em seu currículo, embora não interfira diretamente em sua carreira técnica no Brasil.


Defesa aponta responsabilidade do clube

Durante o processo, a defesa de Ancelotti sustentou que o esquema de repasse dos direitos de imagem foi elaborado pelo próprio Real Madrid. Segundo seus advogados, o treinador apenas seguiu orientações fiscais fornecidas na época, confiando que tudo estava sendo conduzido legalmente.


Além disso, a equipe jurídica alegou que Ancelotti contratou assessoria tributária no Reino Unido para administrar seus ganhos, o que evidenciaria a intenção de agir de forma transparente.


Mesmo assim, o juiz responsável pelo caso entendeu que, como figura pública e beneficiário direto, o técnico tinha responsabilidade sobre os rendimentos omitidos.


O técnico da Seleção segue no comando

A condenação não traz consequências diretas para sua atuação como treinador da Seleção Brasileira. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não se pronunciou oficialmente, e nos bastidores, dirigentes afirmam que confiam na integridade de Ancelotti e consideram o caso como um episódio resolvido na esfera espanhola.


Com a aproximação da Copa do Mundo de 2026, o treinador segue em preparação com a equipe nacional, sem qualquer impedimento jurídico que o impeça de exercer a função.


Precedentes no mundo do futebol

Carlo Ancelotti não é o primeiro nome de peso do futebol a ser condenado por fraude fiscal na Espanha. Nomes como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, José Mourinho e Luka Modrić também enfrentaram problemas semelhantes, todos relacionados à omissão de ganhos por imagem ou patrocínios pessoais.


Em todos os casos, as penas foram convertidas em multas e restrições acessórias, sem prisão efetiva. As autoridades espanholas, apesar de rigorosas na fiscalização, costumam adotar essa abordagem quando não há agravantes ou reincidência.


Reação do público e possíveis desdobramentos

A notícia gerou reações divididas entre torcedores, especialistas e a mídia esportiva. Enquanto parte do público minimiza o episódio como um "problema contábil", outros enxergam como um reflexo de um sistema onde ídolos também devem ser responsabilizados por suas escolhas fora de campo.


Ancelotti, conhecido por seu estilo reservado e educado, não se manifestou publicamente até o momento. A expectativa é que ele mantenha o foco na preparação da Seleção Brasileira, mas o episódio inevitavelmente entra para a sua biografia — com implicações tanto na imagem quanto no legado.


Um tropeço em meio a uma carreira brilhante

Com cinco títulos da Champions League, passagens vitoriosas por gigantes europeus e uma reputação sólida como um dos melhores técnicos da história do futebol, Carlo Ancelotti agora lida com um capítulo menos glorioso. A condenação por fraude fiscal não apaga seus feitos dentro de campo, mas serve como lembrete de que nenhuma carreira está isenta de contratempos — nem mesmo a dos maiores vencedores.


A seleção brasileira segue com ele. E o mundo observa, agora com um olhar mais atento.

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