Carnaval Lab promete transformar bastidores da maior festa popular do país

Da redação
7 de ago.
3 min de leitura

Atualizado: 8 de ago.

O futuro do carnaval não estará apenas no brilho da avenida — estará também nas pranchetas, planilhas e projetos estratégicos de uma nova geração de líderes.

Carnaval Lab vai transformar bastidores da maior festa popular do país — Reprodução/Instagram @carnavallab

Na tarde do próximo sábado, dia 9 de agosto, um novo capítulo será escrito na história do carnaval brasileiro — e desta vez, longe da Marquês de Sapucaí ou do Anhembi. Com sede na Casa Carnaval (Rua do Mercado, 04, Centro Histórico do Rio), o Carnaval Lab será oficialmente lançado com a proposta de profissionalizar e potencializar a gestão de instituições carnavalescas, colocando foco onde muitas vezes há improviso: estratégia, marketing, sustentabilidade e captação de recursos.

A promessa é ousada — e urgente.

Carnaval é potência. Mas falta estrutura.

Em 2025, o carnaval do Rio e de São Paulo movimentou mais de R$ 6,5 bilhões, de acordo com estimativas da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Mais de 20 milhões de pessoas tomaram as ruas em um espetáculo que, além de cultural, é econômico, simbólico e profundamente identitário.

Pedro Silva , idealizador do Carnaval Lab — **Pedro H. Silva, idealizador do Carnaval Lab - Divulgação**

Mesmo assim, como observa o idealizador do projeto, Pedro H. Silva, o setor ainda engatinha em termos de gestão profissional:

“O carnaval é um gigante. Mas nos bastidores ainda faltam braços preparados para lidar com questões complexas como sustentabilidade financeira, relação com marcas e estratégias a longo prazo. O Carnaval Lab nasce para ser esse braço. Ou melhor, essa cabeça pensante”, define Pedro, que já atuou nas gestões carnavalescas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Da passarela para a prancheta: quem está por trás do Lab

Ao lado de Pedro, dois pilares fundamentais conduzem essa estreia:

Júlia Rodrigues, especialista em marketing estratégico e branding, que trará sua visão sobre como posicionar as escolas de samba no mercado contemporâneo sem perder a alma do samba.
Júlia Rodrigues, especialista em marketing estratégico e branding - Divulgação
Diego Carbonell, referência em projetos sustentáveis para eventos de grande porte, será o responsável por conectar o carnaval à agenda ambiental, propondo soluções reais e aplicáveis.
Diego Carbonell, responsável por conectar o carnaval à agenda ambiental - Divulgação

E não para por aí. O evento de estreia contará com um time de peso:

Renato Cândido, especialista em captação de recursos;
Fabiana Amorim, mestre em gestão de projetos culturais;
Claudia Reybolt, especialista em gestão pública e leis de incentivo;
Flávio Silva, presidente do GRES Império Serrano;
Marcos Jesus, da fornecedora Print9, referência em parcerias com agremiações.

Cada um, à sua maneira, mostrará como o carnaval pode — e deve — ser tratado como um setor estratégico da cultura e da economia nacional.

Porque isso importa — e muito.

Quantas vezes já ouvimos que “o carnaval começa em março”, com o fim da folia? A frase é bonita, mas a realidade é mais dura: muitas escolas de samba enfrentam dificuldades financeiras crônicas, estrutura administrativa frágil e baixa capacitação técnica em seus quadros. Enquanto isso, o interesse das marcas no evento não para de crescer.

A questão, portanto, não é se o carnaval vai continuar crescendo — mas quem vai conseguir acompanhar esse crescimento com inteligência, preparo e estrutura.

“O Carnaval Lab quer ser ponte entre a tradição e o futuro. A ideia é que dirigentes e produtores não apenas sobrevivam às exigências do mercado, mas saibam se posicionar como líderes, gestores e agentes de transformação”, reforça Júlia Rodrigues.

Entre purpurina e planilhas: um convite à revolução dos bastidores

O carnaval sempre foi resistência. Sempre foi política. Sempre foi inovação estética, cultural e social. Mas agora, precisa também ser inteligência estratégica. Porque a cultura popular brasileira já provou que pode brilhar no mundo — falta, talvez, cuidar melhor das bases que sustentam esse brilho.

É por isso que o Carnaval Lab chega em boa hora. Não como um luxo, mas como uma necessidade urgente.

Se o Brasil quer ver suas escolas de samba crescendo, se fortalecendo e conquistando novos espaços — no Brasil e no mundo — será preciso investir também em conhecimento, organização e inovação.

A pergunta que fica é: o Brasil está pronto para levar a sério a maior festa popular de sua cultura?