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Cazuza 2026: o grito que ecoa — por que o Prêmio BTG Pactual escolheu o poeta da carne e da rebeldia

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    Da redação
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Celebrar Cazuza é ressignificar coragem e liberdade num momento em que cultura, tecnologia e memória lutam para se manter vivas. A 33ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira quer acender o fogo de uma obra que nunca se apagou.

Enquanto o cenário musical se reconfigura diante de tendências efêmeras, o Prêmio BTG Pactual — a 33ª edição do PMB — surpreende ao escolher Cazuza como grande homenageado em 2026. É um resgate histórico, mas também uma aposta crítica: a voz do poeta, do transgressor, do marginal autenticado volta a gritar. A escolha foi unânime entre Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Karol Conká, Zélia Duncan e Zé Mauricio Machline.

Por que resgatar Cazuza agora?

Cazuza
Cazuza - Divulgação

1. Liberdade como urgência política

Em um Brasil marcado por flertes autoritários e censuras veladas, reviver Cazuza — autor de “O Tempo Não Para” e “Brasil” — é um ato de resistência. A obra dele continua a ecoar: questionar o poder, denunciar o estigma, cantar (e exorcizar) o caos político.

2. Pontes entre gerações

A cerimônia promete ser ponte entre veteranos e jovens artistas: mistura de nostalgia e novidade, ancestralidade e inovação. A curadoria de “novas leituras” do repertório reforça a ideia de que algumas vozes nunca envelhecem — e se reinventam.

O Conselho reúne peso simbólico

Com figuras como Gilberto Gil, fundadores como Zé Mauricio Machline e personalidades atuantes como Karol Conká e Zélia Duncan, o Conselho revela o compromisso com diversidade estética, social e geracional.

O Conselho reúne peso simbólico
Conselho reunido: Zé Mauricio Machline, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Antonio Carlos Miguel e Karol Conká, em reunião que escolheu Cazuza como homenageado da 33ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira - foto: PMB
“Celebrar Cazuza é celebrar a coragem, a liberdade e a potência de uma obra que segue viva e necessária”, disse Machline .

Zélia Duncan complementa:

“É um processo delicioso, democrático… Acho que é um ano importante, seu nome e obra merecem ser cada vez mais valorizados” .

Cazuza no pódio: canções que são manifesto

Nas três décadas de PMB, nomes como Elis Regina, Tom Jobim, Gilberto Gil e Marisa Monte foram homenageados. Mas Cazuza tem uma força específica: poeta engajado, artista revolucionário, homem visceral que fez da música denúncias sociais, confissões sexuais e grito de vida intensa num período de repressão, fuga, AIDS e ditadura.

Este será o primeiro grande prêmio dedicado a um representante do rock nacional revelado no início dos anos 80 — um sinal de abertura do PMB a gêneros que, por décadas, não integravam o panteão oficial.

Plano 2026: espetáculo, engajamento e legado

  • Apresentações colaborativas: jovem e veteranos reinterpretando “Exagerado”, “Codinome Beija-Flor” e “Brasil”.

  • Novas categorias e inovação: o prêmio segue no embalo do edital de 2025, com categorias urbanas separadas e exclusão de conteúdos gerados por IA.

  • Projetos de fomento: “Te Vejo no Palco” e “Música é Negócio” trazem letramento artístico e diferença econômica para quem inicia, honrando o espírito de coragem de Cazuza.

Prêmio BTG Pactual
Gilberto Gil e Zélia Duncan em reunião que escolheu Cazuza como homenageado da 33ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira - foto: PMB

Repercussão e o que está em jogo

  • Para o mercado: um movimento de mercado cultural robusto e multidirecional, fortalecendo artistas independentes e a diversidade sonora do país.

  • Para a cultura: um símbolo claro de continuidade da memória musical brasileira e afirmação de identidade em meio a plataformas globalizadas.

  • Para a sociedade: um chamado para lembrar que canto e grito são ferramentas de transformação — e que resistência passa por história, reflexividade e visibilidade.

Refletindo

Homenagear Cazuza em 2026 é muito mais do que revisitar um catálogo clássico: é abrir feridas, renovar esperanças, questionar o presente. É lembrar que a liberdade é tanto política quanto poética; que a memória carrega o futuro; e que a arte pode (e deve) ser combustível para mudança.

A pergunta que fica: em tempos de algoritmos, cliques e permissões estatais, quem mais precisa soar alto — e com autenticidade — para que a cultura continue viva?

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