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Eduardo Bolsonaro nos EUA: Exílio, Estratégia ou Medo da Justiça

  • Foto do escritor: Ana Soáres
    Ana Soáres
  • 20 de mar.
  • 4 min de leitura

Deputado pede licença do mandato e levanta debate sobre perseguição política, diplomacia e o futuro da extrema direita no Brasil

Eduardo Bolsonaro nos EUA: Exílio, Estratégia ou Medo da Justiça
Mário Agra/Câmara dos Deputados

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu de cena, mas o barulho que deixou para trás continua ecoando. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou sua mudança para os Estados Unidos e, com isso, reacendeu debates sobre democracia, direitos políticos e a credibilidade das instituições brasileiras. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo justificou sua saída alegando perseguição política e mencionou a possibilidade de ser preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, afinal, há mesmo um pedido de prisão contra ele? Ele pode ser considerado um exilado político? E, mais do que isso, o que esse movimento significa para o futuro do bolsonarismo?

A Verdade Jurídica

Para começar, é preciso colocar os pingos nos "is": Eduardo Bolsonaro não foi indiciado nem denunciado na investigação sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. O que existe até agora é um pedido de apreensão de seu passaporte, feito por deputados petistas, ainda sem decisão do STF. Portanto, ao contrário do que ele sugere em seu vídeo, não há um pedido oficial de prisão contra ele.

A manobra política do deputado, então, levanta questões. Se não há processo penal em andamento que justifique sua fuga, o que realmente motiva essa saída repentina? A resposta pode estar em um cálculo político cuidadosamente orquestrado.

Eduardo Bolsonaro: Exilado ou Estrategista?

O discurso de Eduardo nos Estados Unidos é um déjà vu para quem acompanhou os passos de seu pai. Assim como Bolsonaro, que busca apoio internacional ao seu discurso de perseguição política, o "Zero Três" tenta criar um ambiente favorável para si fora do Brasil. Mas, ao contrário de figuras históricas que buscaram asilo político por perseguição real – como jornalistas e ativistas ameaçados por regimes autoritários –, Eduardo se ausenta do país sem qualquer justificativa legal concreta para isso.

Especialistas em direito internacional alertam que asilo político não pode ser confundido com um escudo contra investigações legítimas. Para a professora de Direito Constitucional Vânia Aieta, "se um país concede asilo a um político influente sem que haja perseguição real, isso pode ser visto como um gesto de afronta diplomática ao Brasil."

E não é só isso: ao permanecer nos Estados Unidos e articular contra as instituições brasileiras, Eduardo joga um jogo perigoso que pode ter consequências para as relações diplomáticas do Brasil com o governo norte-americano.

A Reação do PL e da Oposição

A decisão do deputado pegou até mesmo aliados de surpresa. O PL, partido que se movimentava para garantir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara para Eduardo, agora precisa reorganizar suas estratégias. Entre os cotados para assumir a vaga na comissão estão Luciano Zucco (PL-RS), Luiz Philippe de Orleans e Bragança e Filipe Barros.

Já a oposição vê a saída de Eduardo como uma jogada de desestabilização institucional. Para parlamentares do PT e outros partidos progressistas, o discurso de perseguição não passa de uma tentativa de inflamar a base bolsonarista e criar uma narrativa internacional contra as instituições brasileiras.

A Rua Fala: O Que Pensam os Brasileiros?

Levamos esse debate às ruas do Rio de Janeiro e ouvimos cariocas de diferentes perfis para entender como essa polêmica está sendo percebida.

Patrícia Souza, 33 anos, advogada: "Fugir sem ter sequer uma acusação formal? Isso mostra que ele está mais preocupado em criar um show midiático do que enfrentar qualquer possível investigação."

Carlos Mendes, 55 anos, comerciante: "Isso tudo é jogo político. Querem transformar o Bolsonaro em um mártir, igual tentaram com Trump nos EUA."

Joana Lima, 25 anos, estudante de Relações Internacionais: "Se ele diz que está sendo perseguido, por que não apresenta provas? Ficar nos EUA gritando 'perseguição' não adianta nada."

Rogério Martins, 40 anos, motorista de aplicativo: "Eu não confio na Justiça do Brasil, mas fugir não me parece a atitude de quem é inocente."

Marcos Amaral, 48 anos, empresário: "O que Eduardo Bolsonaro fez foi uma jogada inteligente. A perseguição contra a direita no Brasil é real, e ele sabe que se ficasse, poderia ser alvo de uma prisão política, como já vimos acontecer com outros aliados do ex-presidente. Indo para os Estados Unidos, ele tem mais liberdade para denunciar o autoritarismo judicial que se instalou no Brasil."

Fernanda Lopes, 36 anos, professora: "Se Lula pode manter relações estreitas com ditadores da América Latina e ser bem recebido internacionalmente, por que Eduardo Bolsonaro não pode buscar apoio em uma democracia como os Estados Unidos? Ele tem todo o direito de se proteger e proteger sua família da caça às bruxas que estamos presenciando."

Renato Figueiredo, 52 anos, advogado: "O Brasil está caminhando para um modelo de governo onde quem pensa diferente do sistema é silenciado. Não é sobre gostar ou não dos Bolsonaro, é sobre a liberdade de pensamento. Se Eduardo ficou nos EUA, foi porque entendeu que aqui, qualquer ação que tomasse poderia ser usada contra ele."

O Futuro de Eduardo Bolsonaro e do Bolsonarismo

A saída de Eduardo Bolsonaro do Brasil levanta questões que vão além da sua figura individual. O bolsonarismo está buscando uma nova narrativa para se manter relevante. Se antes o discurso era sobre patriotismo e "Brasil acima de tudo", agora a linha adotada parece ser a de que o país está se tornando uma ditadura onde a direita é perseguida.

A estratégia de Eduardo, portanto, pode ser um ensaio para o que veremos nos próximos anos: um bolsonarismo operando cada vez mais a partir do exterior, buscando apoio em figuras como Donald Trump e redes de extrema-direita nos Estados Unidos.

No entanto, há um risco nessa estratégia: o distanciamento de Eduardo pode fragilizar sua base política no Brasil. Longe do país, sem o cargo de deputado e sem a presença constante na mídia nacional, ele pode perder relevância no cenário político.

E Agora?

A história ainda está em movimento. Eduardo Bolsonaro ficará nos Estados Unidos indefinidamente? O STF realmente ordenará a apreensão de seu passaporte? O governo brasileiro reagirá diplomaticamente à sua atuação contra as instituições nacionais?

Seja qual for o desfecho, uma coisa é certa: o bolsonarismo não saiu de cena – só mudou de palco. A guerra política continua, agora com novos protagonistas e novas estratégias.

E você, leitor, o que acha dessa história? Eduardo Bolsonaro está fugindo da Justiça ou fazendo um movimento estratégico?

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