Por Manu Cárvalho

A produção cinematográfica "Emilia Pérez", dirigida pelo renomado cineasta francês Jacques Audiard, chegou à temporada de premiações como um dos filmes mais comentados do ano. Com uma narrativa que mistura drama, musical e representatividade trans, o longa conquistou destaque ao vencer o Globo de Ouro na categoria Melhor Filme em Língua Não Inglesa, superando produções elogiadas como "Ainda Estou Aqui". No entanto, apesar do sucesso, o filme também se tornou alvo de intensas críticas, especialmente no México, país que serve de pano de fundo para sua história.
Uma história polêmica
"Emilia Pérez" narra a trajetória de Manitas del Monte, um chefe do narcotráfico mexicano que decide abandonar o mundo do crime para realizar uma cirurgia de redesignação sexual e viver como Emilia. A narrativa é conduzida por Rita (Zoe Saldaña), a advogada que auxilia Manitas, e por Jessi del Monte (Selena Gomez), a esposa do personagem principal. A trama, que combina temas de identidade de gênero e crime organizado, ganhou atenção por sua abordagem artística e técnica, mas também levantou debates sobre representatividade e sensibilidade cultural.

Estereótipos e representatividade em questão
Desde sua estreia no Festival de Cannes, "Emilia Pérez" enfrenta críticas de diversos setores, especialmente de mexicanos que rejeitam a forma como o país é representado no filme. Temas sensíveis, como narcotráfico e a crise de desaparecimentos, foram transformados em números musicais, o que muitos consideraram insensível e estereotipado.
Além disso, a ausência de atores mexicanos no elenco principal gerou revolta. A diretora de elenco, Carla Hool, declarou que a escolha se deu por "falta de talentos mexicanos adequados", uma afirmação que foi amplamente criticada por profissionais do cinema e fãs. Para muitos, essa decisão reflete uma abordagem eurocêntrica que ignora o rico potencial artístico do México.
Reações nas redes e a defesa de "Ainda Estou Aqui"
Nas redes sociais, a rejeição ao filme foi rápida e contundente. Uma mensagem amplamente compartilhada diz: "Esta é uma mensagem para a Academia: o México odeia Emilia Pérez. Zombaria racista eurocêntrica. Quase 500 mil mortos, e a França decide fazer um musical. Sem mexicanos na equipe ou no elenco."
Ao mesmo tempo, usuários têm aproveitado a polêmica para destacar o filme "Ainda Estou Aqui", uma produção genuinamente latina que também aborda temas sensíveis, mas com uma perspectiva mais autêntica e respeitosa. Nomes de peso, como o cineasta mexicano Alfonso Cuarón, declararam abertamente que "Ainda Estou Aqui" é o melhor filme de 2024.

O que está em jogo no Oscar?
A estreia de "Emilia Pérez" nos cinemas brasileiros está marcada para o dia 6 de fevereiro, mas a controvérsia já colocou em xeque suas chances no Oscar. A produção enfrenta um dilema: será capaz de sustentar seu apelo internacional diante das críticas que questionam sua autenticidade e abordagem cultural?
Qual é a sua opinião?
Você pretende assistir a "Emilia Pérez"? Acredita que o filme merece o reconhecimento que vem recebendo, ou considera que as críticas sobre estereótipos e apropriação cultural são válidas? Compartilhe sua opinião e participe dessa discussão que está movimentando a indústria cinematográfica e moldando a forma como representações culturais são vistas nas grandes produções.
O debate está longe de acabar, mas uma coisa é certa: "Emilia Pérez" deixou sua marca, seja pelo sucesso nas premiações ou pelas polêmicas que levantou. Afinal, quando se trata de cinema, arte e representatividade, cada detalhe conta.
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