Será o fim das histórias originais? Os impactos das readaptações e live-actions no cinema
- Gustavo Rangel
- 29 de ago.
- 3 min de leitura
Com o avanço das franquias e a aposta em fórmulas já conhecidas, o cinema enfrenta um dilema: repetir o sucesso ou investir em novas histórias?

Nas últimas décadas, o cinema tem passado por transformações significativas. Uma delas é o crescimento no número de filmes que são readaptações, remakes ou versões em live-action de obras já conhecidas, especialmente animações, quadrinhos, livros ou filmes antigos. Embora esse movimento seja lucrativo para os estúdios e traga certo conforto ao público nostálgico, ele também levanta um debate importante sobre o espaço destinado às histórias originais na sétima arte.
Antes de tudo, vale destacar a diferença entre dois termos presentes neste debate: as readaptações são qualquer nova versão de uma obra já existente, como um livro que vira filme, ou um clássico que ganha nova roupagem. Já os live-actions é um tipo específico de readaptação, geralmente quando animações ganham versões com atores reais e estética mais realista. Embora diferentes, os dois conceitos frequentemente se cruzam e ajudam a entender as transformações recentes no cinema.

Historicamente, o cinema sempre foi um reflexo de seu tempo. Nos anos 1970, por exemplo, diretores como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Stanley Kubrick marcaram época ao apresentar obras inéditas, com ideias ousadas e autorais. Na década de 1990, filmes como Clube da Luta, Matrix, Pulp Fiction e Forrest Gump mostraram que o público estava aberto a novas narrativas, muitas delas sem se basear em nenhum material já existente.
No entanto, com o avanço dos grandes estúdios e a necessidade crescente de retorno financeiro garantido, os riscos passaram a ser evitados. As franquias se tornaram a principal aposta de Hollywood. A Disney, por exemplo, transformou vários de seus clássicos animados em versões live-action: A Bela e a Fera, Aladdin, O Rei Leão, A Pequena Sereia, entre outros. Com essas nova estratégia posta no mercado cinematográfico, os dados colhidos dos últimos 10 anos de bilheteria apontam que foram certa de 6,1 bilhões USD para os filmes LIVE ACTIONS da Disney, que tiveram um retorno econômico maior do que seus FILMES ORIGINAIS que somam cerca de 3,6 bilhões USD.
Uma observação honrosa, que não só a Disney se manteve no topo, mas a sua concorrente Warner Bros, também, com suas grandes franquias que são uma releitura direta de obras que existiam no universo literário que são os filmes de Harry Potter e O Senhor dos Anéis que movimentaram por muito tempo a economia dessas grandes empresas do cinema.

Esse cenário gera impactos diretos na produção de roteiros originais. Com cada vez menos espaço nas grandes telas, muitos roteiristas e diretores independentes buscam alternativas no streaming ou em festivais menores para exibir seus trabalhos. A falta de investimento em novas ideias pode limitar a diversidade criativa do cinema, impedindo que surjam histórias inovadoras, com novos personagens e visões de mundo.
Outro efeito colateral é a saturação do público. Embora as readaptações atraiam multidões inicialmente, muitas vezes elas são criticadas por não trazerem nada de novo ou por desrespeitarem a essência da obra original. Isso gera frustrações e coloca em risco a longevidade das franquias.

Por outro lado, é importante destacar que nem toda readaptação é negativa. Algumas trazem revisões interessantes e necessárias, como as que inserem mais diversidade, atualizam temas ou corrigem estereótipos problemáticos do passado. O problema surge quando essas novas versões passam a ser a única prioridade, relegando o ineditismo a um segundo plano.
O aumento das readaptações e live-actions reflete uma indústria mais conservadora, focada em lucros e fórmulas testadas. Para que o cinema continue sendo um espaço de transformação, emoção e surpresa, é necessário reequilibrar a balança entre o velho e o novo, valorizando tanto as histórias que já amamos quanto aquelas que ainda não conhecemos.







É importante este tipo de esclarecimentos, devido às inúmeras transformações ocorridas ao longo do tempo e diversidade de públicos alcançadas! Finalizei a leitura com muita satisfação e absorção de conteúdo, que não tinha vasto conhecimento nesse assunto, mas a partir de hoje estarei observando melhor e com certeza buscando ampliar as minhas perspectivas! Parabéns pelo excelente trabalho!
Tema super interessante! Acho que as readaptações e live-actions podem trazer novas perspectivas para histórias que já conhecemos, mas o ideal é que não deixem de lado a criação de conteúdos originais, que também são essenciais para manter o cinema vivo e criativo... Adorei!