
Entre tantos filmes de terror e horror que já foram lançados atualmente, temos bons exemplos que acertam demais na pegada de narrativa, fotografia, ambientação e também em atuação. Infelizmente, não é isso que o filme Lobisomem entrega. Mas vamos lá, vou tentar mostrar um pouco do que foi a experiência de assistir o filme. Contém spoilers do filme!
Dirigido por Leigh Whannell, mesmo diretor de O homem invisível (2020) e Sobrenatural (2010), o Lobisomem é um filme onde a direção Whannell não brilhou. Tem muitas falhas e muita, mas muita falta de coragem. Talvez, se fosse um filme de um outro bicho, até que seria interessante de uma perspectiva mais branda e que até aceitaríamos a famosa "suspensão de descrença". Temos bons exemplos de filmes de horror e de monstros que mereceram palmas de pé para as inúmeras sensações que eles causaram. Nosferatu é um deles, que, entra na lista de "remakes bons de filmes antigos ". Como citei antes, Lobisomem tenta. Mas falha.

Com um enredo bem simples, Lobisomem conta a história de Blake, um cara que passou boa parte da sua infância aprendendo a caçar e desenvolver habilidades do campo, graças a seu pai, que era um caçador nato e sempre o ensinava que as florestas tinham bichos perigosos e que a noite nunca é segura por onde eles moravam. Um dia, eles são atacados por um ser supreendentemente estranho que os embosca em uma pequena guarita de madeira. Seu pai, óbvio como todo bom pai, tem que caçar aquele bicho.
Até aí tudo bem, certo? Errado. Por que o filme dá um pulo pro futuro onde o Blake já mais velho, traumatizado e longe de seu pai (nesse caso quem foi comprar cigarro foi o filho e não o pai), está com a sua família e tem uma relação muito boa com a sua filha, porém, nada interessante com a sua esposa a qual trabalha demais, está extremamente focada nas suas prioridades e nenhuma delas é a família.

Olha, sendo bem sincero, os diálogos do filme são estranhos e meio soltos, apenas para representar uma desavença do casal e da mãe com a filha. A mãe, que sempre sinaliza que não consegue ter conexão com a menina e a menina que sempre está do lado do pai por ele ser mais compreensivo e ter mais tato ao resolver as coisas. Em uma tentativa de unir a família, o Blake, ao descobrir que seu pai tinha falecido do nada, tenta animar uma ida para a antiga casa no campo, onde seu pai morava, a fim de reconquistar a tranquilidade de uma união, ter um tempo a sós com a sua família, longe de trabalhos intensos e da cidade grande.
A partir daí a trama se desenrola com pequenos fatores inseridos dentro do roteiro, que forçam a barra para fazer sentido do lobisomem atacar todo mundo. É aí que a falta de coragem do filme acontece, pois Blake é atacado por algo, sofre um ferimento e e começa a a sua transformação lenta e sem sal. Que caracterização ruim! É uma caracterização muito mais humana do que lupina, para um filme de Lobisomem. Sério, o filme começa a falhar daí. E nem lua tem!

A história se passa praticamente dentro de uma casa antiga e com adjacências que não ajudam em nada. A ambientação é fraca, a fotografia do filme é quase nula, o filme é muito escuro, mas a trama continua a acontecer pois ela precisa forçar uma barra e botar o Blake, ferido pelo lobisomem, para evitar sua transformação e sua agressividade por causa da sua família. Fazendo inclusive ele mesmo comer a sua própria carne. E ainda tem a cena da estufa... Mas essa eu vou deixar pra você assistir!
O filme tenta tanto transformar o Blake em lobisomem, mas quer passar tanta moral para ele, que não acontece nada além de uma briga atrás de briga de lobisomem contra um quase lobisomem. Pasmem pro fato do lobisomem que está atacando, ser o pai do Blake. Isso até afetaria a trama, mas só se for para você ligar pontos e entender as mensagens do filme. E sim. O pai que protegia tanto o filho da floresta em que moravam, sucumbiu em uma das caçadas ao bicho. Entendem quando eu falo que a trama força a barra para mostrar que o pai, protege a filha enquanto o outro pai tenta acessar o filho? Não existe medo. Existe conexão.

A dificuldade dele em tentar não atacar a sua mulher e a filha é até louvável em certo ponto, mas o filme não tem mais nada além disso. É um filme sobre conectar e sobre acessar algo que já se perdeu. E olhe que é tentar muito, observar por esse ângulo. A divisão de atenção do filme entre a transformação dele, a filha que sempre está colada com um pai transformado, "mostrando o amor" (quase que lendo a mente do monstro), o lobisomem "do mal" atacando elas, e ele tendo que se manter ali e proteger sua prole, tira completamente a tensão do filme em diversos momentos. Tem certos sustos, mas nada que consiga prender sua atenção para isso. Uma narrativa fraca que deixa o espectador sem medo e com bastante tédio. Você até torce pro cara voltar ao normal!
Por esse motivo que eu comentei sobre ser outro tipo de monstro e filme no ínicio dessa crítica. Se fosse qualquer outro monstro com essa trama mais superficial e tão família, menos impactante, seria tranquilo, passaria como um filme ok. Mas ele carrega o nome "Wolf Man", lobisomem na sua tradução. Esperamos brevemente algo nível Nosferatu. Mais grotesco, agressivo, irracional, mas com a sua devida mensagem ali para quem quisesse entender. Mas, acredito que esperamos demais.
A dúvida fica: filmes de horror devem criar conexão? Reflexão? Ou serem apenas filmes de horror que dão susto, causam desconforto e medo?
Lobisomem é um filme que falta confiança demais e merece 2 estrelas pelo esforço de tentar ser algo.
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