Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro: Brasil se despede de uma das maiores vozes da MPB
- Ana Soáres
- 1 de mai.
- 2 min de leitura
Nesta quinta-feira, 1º de maio de 2025, o Brasil perdeu uma de suas vozes mais emblemáticas. Morreu, aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi, figura central na história da música popular brasileira. A artista estava internada desde agosto do ano passado na Casa de Saúde São José, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, onde faleceu por disfunção de múltiplos órgãos.

O falecimento foi confirmado oficialmente pela unidade de saúde às 19h10. Segundo a nota divulgada pela instituição, a cantora apresentou agravamento progressivo no quadro clínico, que incluiu uma arritmia cardíaca de longa evolução. Durante o período de internação, chegou a ser submetida a um cateterismo cardíaco, a um procedimento de traqueostomia e ao ajuste de um marcapasso. O irmão da cantora, o também músico Danilo Caymmi, lamentou a morte nas redes sociais.
Nana Caymmi nasceu em 1941, no Rio de Janeiro, e era filha do compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris, tendo crescido em meio a uma das famílias mais respeitadas da música nacional. Seu talento vocal singular, que unia sofisticação técnica e emoção crua, marcou profundamente a MPB desde os anos 1960. Ao longo de mais de seis décadas de carreira, Nana se consolidou como uma intérprete de intensidade rara, com canções que refletiam profundidade, elegância e uma força emocional quase intransponível.
Mesmo enfrentando momentos de silêncio e afastamentos da mídia, a cantora jamais perdeu relevância no meio artístico. Com mais de 30 álbuns lançados, ela colaborou com nomes como Tom Jobim, César Camargo Mariano, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Sua versão da canção Resposta ao Tempo tornou-se um clássico moderno e é considerada por muitos como uma das mais belas gravações da música brasileira.
Nos últimos anos, Nana voltou ao centro das atenções também por suas declarações políticas. Declaradamente conservadora, apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro e fez críticas públicas a artistas historicamente ligados à esquerda, como Chico Buarque e Caetano Veloso. Ainda assim, seu legado musical sempre superou a polarização, sendo reconhecida por críticos e público como uma das grandes intérpretes da MPB.
A saúde da cantora já vinha inspirando cuidados há anos. Em 2015, ela passou por uma cirurgia gástrica para tratar uma úlcera, ficando nove dias internada. Em julho de 2024, deu entrada no hospital com um quadro de arritmia, vindo a passar por cirurgia para implante de marcapasso. Pouco depois, foi hospitalizada novamente por dores no tórax, passando por novo cateterismo. A partir de então, sua saúde entrou em declínio contínuo.
Com a partida de Nana, o Brasil perde uma artista que não apenas cantou, mas viveu a música com uma intensidade pouco comum. Deixamos de ouvir sua voz ao vivo, mas suas interpretações permanecerão vivas — nos discos, nas rádios, nos palcos que ajudou a construir, e sobretudo, na memória afetiva de gerações.
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