Por Manu Cárvalho

O renomado escritor britânico Neil Gaiman, conhecido por obras que marcaram a literatura contemporânea, como "Sandman" e "Coraline", está no centro de uma polêmica que abala a comunidade literária. Acusações graves de abuso e assédio sexual vieram à tona recentemente, após a publicação de uma matéria detalhada pela revista Vulture. Três mulheres relataram experiências traumáticas com o autor, desencadeando um debate intenso sobre poder, fama e responsabilidade.
Depoimentos que chocaram os leitores
Scarlett Pavlovich, de 23 anos, compartilhou um relato que remonta a fevereiro de 2022. Segundo ela, durante um encontro profissional na residência de Gaiman na Nova Zelândia, o escritor teria cometido um ato de agressão sexual. Pavlovich descreveu como o episódio abalou profundamente sua confiança e segurança. Gaiman, em resposta, negou as acusações, afirmando que o contato foi consensual.
Outro depoimento, de Kendra Stout, revelou um relacionamento conturbado com Gaiman que se iniciou em 2005, quando ela tinha apenas 18 anos. Kendra afirmou que conheceu o autor em 2003, durante uma sessão de autógrafos, e que a relação posterior foi marcada por dinâmicas abusivas e práticas que ela descreveu como violentas e contra sua vontade. Essas vivências teriam deixado marcas profundas, tanto emocionais quanto psicológicas.
A terceira mulher, Caroline Wallner, que viveu com sua família na propriedade de Gaiman até 2017, também relatou experiências negativas. Embora não tenha especificado detalhes dos abusos, seu depoimento reforça o padrão de comportamento descrito pelas outras duas mulheres.

Apoio entre as vítimas
Um elemento que chama atenção é como essas três mulheres, inicialmente desconhecidas umas das outras, formaram uma rede de apoio após as denúncias virem a público. Segundo Scarlett, o grupo funciona como um "porto seguro" para processar as experiências compartilhadas, comparando suas jornadas a "sobreviventes do mesmo culto". Essa conexão é uma demonstração de força diante de um sistema que, por vezes, marginaliza as vozes das vítimas.
Silêncio e críticas
Nem Neil Gaiman nem sua esposa, a música Amanda Palmer, emitiram declarações públicas sobre as acusações até o momento. O silêncio tem sido alvo de críticas de alguns setores, enquanto outros aguardam por um pronunciamento oficial que esclareça os fatos.
Reflexão sobre a fama e a responsabilidade
Essas revelações colocam em evidência não apenas o comportamento do escritor, mas também um debate mais amplo sobre a conduta de figuras públicas e a responsabilidade que vem com a fama. Fãs de Gaiman e leitores do mundo todo agora se veem em um dilema ético: é possível separar o criador de sua obra? A discussão, longe de ser simples, expõe as camadas complexas de uma questão que mistura admiração, poder e justiça.
O impacto dessas denúncias vai além da literatura. Elas ressaltam a importância de ouvir e amplificar as vozes das vítimas, além de exigir um olhar mais crítico sobre o comportamento de ídolos culturais. Independentemente do desfecho, essa história serve como um alerta: a fama não pode ser um escudo para a impunidade.
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