Rio apresenta traçado de autódromo em Guaratiba e sonha com a F1

Por Emanoelly Rozas

Foto: Reprodução Câmara de Vereadores do Rio

Depois de mais de uma década sem um espaço próprio para corridas internacionais, o Rio de Janeiro volta a sonhar alto. O projeto do novo autódromo de Guaratiba foi apresentado oficialmente, trazendo um traçado arrojado e inspirado na história de Jacarepaguá, que marcou a era de ouro do automobilismo carioca. A proposta não é apenas devolver ao Rio o status de referência no cenário esportivo, mas também criar um complexo que combine sustentabilidade, lazer e impacto urbano positivo.

O traçado foi assinado pela renomada empresa Populous, responsável pelo circuito do GP de Miami da Fórmula 1. O desenho inclui quatro grandes retas, que devem permitir velocidades superiores a 320 km/h, além de curvas de alta exigência técnica, garantindo emoção e ultrapassagens ousadas.

Uma pista que homenageia o passado e olha para o futuro

O formato da pista presta homenagem direta ao antigo autódromo de Jacarepaguá, demolido em 2012 para dar espaço ao Parque Olímpico. Essa ligação simbólica busca resgatar a memória afetiva dos fãs que viram Ayrton Senna, Nelson Piquet e outros ídolos correrem na Zona Oeste do Rio.

Ao mesmo tempo, o projeto traz um olhar para o futuro: além da Fórmula 1, a pista foi pensada para receber grandes eventos como Indy, MotoGP, Fórmula E e categorias nacionais, tornando-se um espaço multifuncional. A capacidade estimada é para 150 mil espectadores, consolidando o autódromo como um dos maiores da América Latina.

Sustentabilidade como pilar central

Um dos grandes diferenciais do projeto está no compromisso ambiental. Quase 98% da área total será dedicada a um parque verde, com preservação de um manguezal de 43 mil m², replantio de espécies nativas e integração com a paisagem natural de Guaratiba.

Entre as medidas previstas estão uso de energia solar, iluminação em LED e captação de água da chuva. A ideia é que o espaço vá muito além das corridas, tornando-se um parque urbano de lazer, cultura e turismo sustentável, disponível para a comunidade mesmo fora das competições.

Impacto urbano e social esperado

O novo autódromo faz parte de uma Operação Urbana Consorciada, modelo que prevê financiamento privado em troca de contrapartidas à cidade. Isso inclui investimentos em mobilidade urbana, escolas públicas, áreas de lazer e revitalização de bairros próximos.

Para a Zona Oeste, a expectativa é de que o projeto seja um divisor de águas, gerando empregos, valorizando imóveis e atraindo turistas nacionais e internacionais. Além disso, há promessa de criação de espaços para projetos sociais e esportivos, democratizando o acesso ao automobilismo e a outras modalidades.

Cronograma otimista e ambições globais

Segundo os responsáveis, o autódromo poderá ser concluído em até 24 meses após o início das obras. Embora o prazo seja considerado ousado, a intenção é clara: colocar o Rio de Janeiro novamente na rota das grandes competições o mais rápido possível.

O sonho maior é trazer de volta a Fórmula 1, que já passou por Interlagos (São Paulo) e Jacarepaguá, mas desde 1990 tem como casa fixa o circuito paulistano. Para isso, será necessário cumprir rigorosos requisitos da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), mas o projeto foi desenhado para atender desde o início esses padrões.

Um novo legado para o Rio

Mais do que um espaço para corridas, o novo autódromo promete ser um símbolo de modernidade e inovação para a cidade. O Rio, que já foi referência esportiva global, busca agora resgatar esse protagonismo por meio de um projeto que combina tradição, tecnologia e consciência ambiental.

Se a Fórmula 1 de fato voltar a acelerar em solo carioca, será não apenas uma vitória esportiva, mas também um marco de transformação urbana e cultural. Até lá, a expectativa cresce, e a torcida é para que o novo traçado, já apresentado, saia do papel e acelere em direção a um futuro promissor.

Ficha Técnica – Autódromo de Guaratiba

• Local: Guaratiba, Zona Oeste, Rio de Janeiro

• Projeto: Escritório Populous (responsável pelo GP de Miami da F1)

• Capacidade: Até 150 mil pessoas

• Traçado: Quatro grandes retas e curvas técnicas; inspirado em Jacarepaguá

• Sustentabilidade: Preservação de manguezal, energia solar, iluminação LED, parque ambiental (98% da área)

• Competições previstas: Fórmula 1, Indy, MotoGP, Fórmula E

• Prazos: Até 24 meses após o início das obras