top of page

Prêmio Potências transforma a Sala São Paulo em território para a voz preta brasileira

  • Foto do escritor: Ana Soáres
    Ana Soáres
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura

Prêmio Potências!
Créditos: @projetoclicknafavela

A Sala São Paulo respira história, mas na noite de ontem foi algo ainda maior: respirou futuro. A quinta edição do Prêmio Potências! 2025, realizada na segunda-feira, 24 de novembro, transformou o centro da capital paulista em um território onde a arte preta dita o ritmo, o corpo, a estética e o pensamento do país. É uma cerimônia que não apenas entrega troféus, mas reafirma trajetórias, levanta debates, rompe silenciamentos históricos e ilumina os caminhos da próxima geração.

Seu Jorge, Lucas Leto, Gaby Amarantos, Liniker, Bella Campos e tantos outros nomes que moldam a cultura brasileira sob a ótica preta deixaram a noite com o reconhecimento que já ecoa além das telas, dos palcos e das redes. Mas o prêmio vai além da lista de vencedores. Ele é um gesto político. Uma convocação coletiva para que o Brasil enxergue, finalmente, o protagonismo que sempre existiu, embora tantas vezes relegado a rodapés de jornais e bastidores de emissoras.

Prêmio Potências transforma a Sala São Paulo em território para a voz preta brasileira
Créditos: @projetoclicknafavela

Péricles, homenageado da noite por seus 40 anos de carreira, é recebido com a reverência que se destina aos grandes pilares da música brasileira. Ao celebrar o legado do cantor, a premiação faz mais do que recordar o passado. Ela apresenta ao país uma linha do tempo que une ancestralidade, dignidade e inovação. Em sua fala, o artista traduz a emoção do momento com a simplicidade firme que o consagrou:

“Receber essa homenagem tem um peso muito grande pra mim. A música sempre foi o meu caminho, mas também a forma que encontrei de honrar quem veio antes e abrir espaço pra quem está chegando. Ser reconhecido num prêmio que celebra a força da nossa comunidade preta é especial demais. É um lembrete de que a nossa voz importa, de que seguimos construindo e ocupando novos lugares.”

A fala de Péricles encontra eco nas palavras de Julio Beltrão, CEO e idealizador do Potências!, que reforça o sentido profundo da iniciativa:

“Quando reconhecemos profissionais e artistas negros, reforçamos ideias, abrimos caminhos e estimulamos que mais pessoas ocupem espaços de destaque. O Prêmio Potências! Nasceu desse desejo de celebrar narrativas que, historicamente, foram silenciadas. Cada edição confirma que estamos fortalecendo redes, ampliando oportunidades e criando novas referências para o mercado e para o país.”


Júlio Beltrão - CEO do Prêmio Potências
Júlio Beltrão - CEO do Prêmio Potências - Créditos: @projetoclicknafavela

Uma noite que incorpora a amplitude da criação preta

A edição de 2025 premiou talentos em 13 categorias que atravessam música, audiovisual, comunicação, esporte, publicidade e influência digital. É uma radiografia atual da produção preta que movimenta o país.

Entre os premiados:

● Artista Revelação — Ajuliacosta

● Música do Ano — Foguinho, de Gaby Amarantos (Álbum Rock Doido)

● Creator do Ano — Nicolly Martins (TikTok: @elanicolzzzzzz)

● Profissional do Ano — Zé Ricardo, VP Artístico da Rock World

● Campanha do Ano — Realezas Negras | Cliente: White Horse (Diageo), Agência Gana

● Apresentadores do Ano — Thiago Oliveira (É de Casa/Globo) e Kenya Sade (Multishow/Globo)

● Ator Coadjuvante — Lucas Leto (Sardinha, Vale Tudo/Globo)

● Atriz Coadjuvante — Alice Carvalho (Otilia, Guerreiros do Sol/Globoplay)

● Ator do Ano — Seu Jorge (Leandro, Melhor Mãe do Mundo/Biônica Filmes)

● Atriz do Ano — Bella Campos (Maria de Fátima, Vale Tudo/Globo)

● Atleta do Ano — Rodrigo Pantera, fisiculturista

● Personalidade do Ano — Gilberto Gil

● Artistas do Ano — Liniker e Jota.pê

Cada nome dessa lista traduz uma potência política e sensível do que o Brasil está construindo hoje. Os premiados não representam apenas trajetórias individuais, mas movimentos que se encontram, se fortalecem e se expandem.

A cultura preta como referência, não exceção

Com o tema A celebração da voz negra, a cerimônia deste ano reforça que a voz preta não se limita ao canto. Ela ocupa escritórios de criação, salas de direção, sets de filmagem, campos esportivos, editorias de moda, timeline de milhões de celulares e conversas públicas que ajudam a redefinir o país.

A potência da noite se concretiza também no palco. As performances de Péricles, Rael, JotaPê, Karol Conká, Duquesa, Jude Paula e Kenan e Kel trazem à Sala São Paulo uma diversidade de ritmos, corpos e linguagens que traduzem a música preta em sua totalidade contemporânea. A apresentação de João Pimenta e Rita Batista conduz essa celebração com firmeza, presença e humor, consolidando a representatividade como narrativa central, não como detalhe.

Um ecossistema que sustenta e amplia vozes

O Prêmio Potências! Chega à sua quinta edição com recorde de marcas parceiras e um conjunto expressivo de empresas que apostam em diversidade como compromisso e não como discurso. Entre elas: Salon Line, Fenty Beauty, TikTok, Brutal Fruit Spritzer, Gol, Johnnie Walker, Porto, Fiat, Stanley, MSP Estúdios e Billboard Brasil. O evento também recebe apoio do Governo Federal, do Ministério da Cultura e da Lei Rouanet, fortalecendo o encontro entre mercado, políticas públicas e produção cultural.

A transmissão multiplataforma via DiaTV e PodPah levou o evento para além das paredes da Sala São Paulo, atingindo milhares de espectadores e consolidando a premiação como espaço de conversa nacional.

Prêmio Potências: Celebrar é político. E urgente.

O Prêmio Potências! Não é apenas um palco iluminado. É uma trincheira de afeto, arte e futuro. Em um país que ainda enfrenta desigualdades raciais profundas, o reconhecimento do trabalho e da genialidade preta não pode ser exceção no calendário cultural. Precisa ser regra, prática, política pública, compromisso institucional.

Ontem, a Sala São Paulo testemunhou não apenas uma premiação, mas um pacto coletivo para que o Brasil reconheça, valorize e amplifique as narrativas que moldam sua identidade de maneira mais justa, plural e verdadeira.

A pergunta que fica para todos nós é simples, mas inescapável: Que Brasil estamos dispostos a construir quando a potência preta não apenas participa, mas lidera a conversa cultural do país?

bottom of page