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Purpurina, política e memória: Wilson Piran volta com “Estrelas”, sua ode à cultura brasileira queer-popular

  • Foto do escritor: Da redação
    Da redação
  • 7 de ago.
  • 3 min de leitura

Rogéria, de Wilson Piran
Rogéria, de Wilson Piran - Divulgação

No dia 7 de agosto, quando a luz dourada do fim de tarde cair sobre a Gávea, o coração cultural do Rio de Janeiro pulsará com mais brilho — e não é metáfora. A Galeria Danielian Rio abrirá suas portas para a exposição "Estrelas", de Wilson Piran, um dos nomes mais visionários da arte contemporânea brasileira. Serão 36 obras inéditas, um mapa do Brasil em purpurina com dois metros de lado, e uma constelação de retratos — literal e simbolicamente — de figuras que moldaram a identidade artística e política do país.

A mostra ficará em cartaz até o dia 14 de setembro, com entrada gratuita. E vai ser impossível sair dela da mesma forma que entrou.

Estrelas em resistência: brilho como linguagem política

A obra de Wilson Piran sempre foi como o Brasil profundo: exuberante, contraditória, ruidosa, resistente. Mas em “Estrelas”, ele radicalizará o gesto — com uma linguagem que não só seduz pelo apelo visual, mas cutuca feridas históricas com afeto e ironia, como só os grandes artistas sabem fazer.

Entre retratos reluzentes de Gal Costa, Mercedes Baptista, Chacrinha e muitas outras figuras que ajudaram a reconfigurar o imaginário nacional, Piran costurará, em lantejoulas e crítica social, a pergunta: "Quem são os verdadeiros ícones do Brasil?"

“A purpurina aqui é mais do que matéria efêmera. Ela é a vontade idealizada de um país que constrói suas próprias histórias e verdades, determinado por essa grande 'usina de alegria e criatividade' que o grande Joãosinho Trinta sempre frisava”, explica o curador Marcus de Lontra Costa.

Em um tempo em que a memória coletiva anda em disputa constante — quando se apagam vozes negras, femininas, LGBTQIA+, periféricas e populares —, Piran reconectará esses fios da história com brilho, irreverência e reverência.

“Estrelas”: Um inventário de afetos e uma poética da brasilidade

Mais do que uma exposição, “Estrelas” será uma celebração visual da brasilidade queer e popular — uma experiência estética e política.

“Piran é um artista fundamental pra gente perceber a importância das questões identitárias na arte e o quanto elas contribuem na criação de novas visualidades e estéticas”, afirma o também curador Rafael Fortes Peixoto. “Os retratos de personagens icônicos da nossa cultura falam exatamente sobre isso.”

E falam alto.

Seja pelo uso quase sacramental da purpurina como linguagem — híbrido de Andy Warhol com Joãosinho Trinta —, seja pelas expressões escolhidas, seja pelas ausências gritantes que a própria mostra denuncia por meio da escolha de seus protagonistas, “Estrelas” será uma oportunidade rara de reencontrar o Brasil profundo em suas camadas mais pulsantes: alegria, dor, ancestralidade e festa como forma de resistência.

Wilson Piran: quatro décadas de arte entre o kitsch e o necessário

Desde os anos 1980, Wilson Piran tem desbravado a fronteira entre o “bom gosto” da arte erudita e o poder imagético das estéticas populares. Seus trabalhos já integraram o acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com instalações como “Constelações I e II”, e hoje ele é reconhecido como pioneiro na introdução de visualidades LGBTQIA+ na arte brasileira.

Agora, aos 64 anos, retorna com uma maturidade inquieta — aquela que só os artistas que nunca se acomodaram conseguem manter. E faz isso no espaço certo.

Danielian Rio: um templo da arte que respeita a memória e escuta o presente

Rita Lee, de Wilson Piran - Divulgação
Rita Lee, de Wilson Piran - Divulgação

A galeria Danielian Rio, que receberá a exposição, é mais que uma vitrine de arte. Fundada por Luiz e Ludwig Danielian, a partir de uma coleção familiar que atravessa séculos, a galeria se tornou um polo de pensamento crítico e sensível à transformação cultural brasileira.

Com sedes no Rio e em São Paulo, a Danielian atua nacional e internacionalmente e será o palco ideal para que “Estrelas” dialogue com o público jovem, diverso e criativo que a Revista Pàhnorama sempre conversa.

SERVIÇO

Exposição: Wilson Piran | Estrelas

Curadoria: Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto

Abertura: 7 de agosto de 2025, das 18h às 21h

Período de visitação: de 8 de agosto a 14 de setembro de 2025

Local: Danielian Rio – Rua Major Rubens Vaz, 414, Gávea, Rio de Janeiro

Entrada gratuita

Informações: danielianrio

Por que você não vai querer perder essa exposição?

Porque “Estrelas” não será só sobre arte. Será sobre memória, identidade, desejo e pertencimento. Será sobre o direito de brilhar — não como fuga, mas como enfrentamento. Será sobre um Brasil que existe apesar de tudo, e que insiste em celebrar suas vozes mais fortes, mesmo quando tentam silenciá-las.

Então, se você é dessas pessoas que ainda acreditam que cultura muda o mundo — ou se você quer voltar a acreditar —, marque no seu calendário. E vá. Leve os olhos abertos e o coração sem armadura.

E aí, bora nessa?

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