Samba 90 Graus: Três ícones do pagode voltam aos palcos para celebrar 30 anos de carreira
- Faby Souza

- 23 de jun.
- 3 min de leitura
“Vai ser só a gente começar o ‘Eu me apaixonei...’ e a multidão virá junto. Isso será mais do que música, será pertencimento.” – antecipa Chrigor, emocionado, sobre o reencontro que promete incendiar memórias afetivas de gerações.
No próximo dia 28 de junho, às 22h, quando os acordes de “Temporal” ecoarem no palco do Qualistage, no Rio de Janeiro, uma tempestade emocional tomará conta do público. Mas a chuva será outra: de lembranças, de ancestralidade, de celebração. Será o momento em que Chrigor (Exaltasamba), Netinho de Paula (Negritude Jr.) e Marcio Art (Art Popular) reviverão com o público o som que transformou as ruas das periferias em grandes arenas de cultura.
O show Samba 90 Graus marcará a estreia de uma turnê comemorativa que percorrerá o país. Mais do que uma homenagem aos 30 anos de trajetória desses artistas, o evento será um manifesto vivo do pagode como movimento cultural, popular e político.

O pagode que transformará a memória em resistência, Samba 90 Graus
A década de 1990 será lembrada como a era em que o samba romântico e periférico tomou conta do Brasil. As músicas que se originaram nas quebradas de São Paulo invadiram rádios, programas de auditório e festas populares com letras de amor, mensagens de superação e, principalmente, uma identidade coletiva que desafiou o apagamento cultural.
Esses grupos não apenas farão história novamente – como reforçarão que a cultura negra e periférica sempre esteve no centro das grandes revoluções musicais do país. Será uma noite de reencontro, entre artistas e fãs, entre gerações que foram embaladas por sucessos como “Me Apaixonei Pela Pessoa Errada”, “Cohab City” e “Beijo Geladinho”.
“Será uma sensação de missão cumprida, mas também de renovação. Vamos lembrar por que estamos há 30 anos nessa estrada e provar que o pagode ainda pulsa forte”, diz Chrigor.
Uma celebração que será também manifesto
O espetáculo trará mais que nostalgia. Com três horas de duração, dividido em cinco blocos temáticos, banda completa, cenário moderno e participações surpresa, Samba 90 Graus será um mergulho no que o Brasil tem de mais genuíno: sua capacidade de fazer arte com emoção e raiz.
“Cantar ao lado do Chrigor e do Netinho será um presente. Somos parte de um movimento que atravessou décadas. E ainda temos muito a dizer”, declara Marcio Art.

“Eu me sentirei privilegiado. Estar com esses amigos, com essa superprodução, será um privilégio para poucos. A gente viveu isso e vai viver de novo, agora com mais maturidade e consciência”, completa Netinho de Paula.
Por que isso ainda importará — e muito?
Em tempos de algoritmos, cultura efêmera e excesso de informação, Samba 90 Graus virá para lembrar que a memória é um ato político. Ao revisitar canções que marcaram gerações, o projeto também reforçará a importância da valorização de artistas que emergiram das margens e redefiniram o centro da cultura brasileira.
A cultura popular resistirá — e cantará ainda mais alto.
O projeto não se limitará aos palcos: será documentado, divulgado em escolas e fomentará novos debates sobre a presença do samba e do pagode nas narrativas da música nacional. Jovens artistas já declaram inspiração no estilo, e a nova onda de pagode retrô só confirma: os anos 90 estarão mais vivos do que nunca.
Samba que emocionará novas gerações
O que o pagode dos anos 90 provocou – e ainda provocará – é uma revolução afetuosa. Um espaço de liberdade, afeto e resistência, onde a música será mais do que entretenimento: será ferramenta de identidade e cura.
“Vamos carregar essa herança e entregar de volta ao povo com o amor que recebemos durante todos esses anos”, diz Chrigor. “É por eles que continuaremos cantando.”
SERVIÇO
Samba 90 Graus
28 de junho
Show: 22h | Abertura da casa: 20h
Qualistage – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da Tijuca, RJ
A partir de R$ 70,00
Ingressos: qualistage.com.br/samba-90-graus
Acessibilidade garantida
Classificação: 18 anos

Num país onde tantas vozes foram silenciadas, lembrar — e cantar — será um ato de resistência. E quando o povo se juntar para cantar “Telegrama”, “Utopia” ou “Pimpolho”, o Brasil mostrará, mais uma vez, que sua alma vive no compasso do samba. Que o futuro nos encontre dançando.







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