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Trump mira Hollywood global: tarifas de 100% em filmes estrangeiros sacodem a indústria

Por Manu Cárvalho


Trump mira Hollywood global
(Imagem: reprodução/You Tube)

Com um anúncio inesperado, Donald Trump volta a desafiar o cenário global — desta vez, mirando diretamente no coração da indústria do entretenimento, Hollywood.


A indústria cinematográfica foi pega de surpresa no início de maio de 2025, quando Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato às eleições, anunciou a proposta de impor uma tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros exibidos no país. A justificativa?

Segundo Trump, é preciso "proteger os interesses americanos" e reaquecer uma indústria que, na visão dele, tem perdido força por causa de incentivos oferecidos por governos estrangeiros.


“Não podemos mais permitir que países nos tirem empregos e levem nossos estúdios para filmar fora”afirmou Trump em uma publicação na rede social Truth Social.

Cultura ou comércio? A linha tênue do cinema globalizado

A proposta levanta um debate antigo, mas agora mais urgente: cinema é apenas entretenimento ou também uma questão econômica e estratégica nacional? Para Trump, claramente é a segunda opção.


As tarifas, se aprovadas, afetariam diretamente a importação de filmes produzidos fora dos Estados Unidos, incluindo grandes produções europeias, asiáticas e latino-americanas. Até mesmo blockbusters norte-americanos que foram filmados em locações internacionais — como no Reino Unido ou Canadá — correm o risco de se enquadrar na medida.


Trump mira Hollywood global
Foto: reprodução/ Academy Museum of Motion Pictures/Divulgação)

Resistência e incerteza nos bastidores

A reação da indústria foi rápida. Executivos de estúdios, distribuidores e produtores independentes expressaram preocupação com o impacto da proposta, que pode restringir não apenas o acesso a filmes internacionais, mas também encarecer produções feitas em parceria com outros países.


“Isso cria uma divisão artificial em um mercado que é, por essência, colaborativo e global”, comentou um produtor durante o Festival de Cannes, que teve o tema da diversidade cultural como um de seus focos em 2025.

Para muitos, a medida parece mais uma jogada política do que uma política pública eficaz. Ainda assim, a incerteza paira — especialmente porque a Casa Branca, atualmente sob outra gestão, informou que está analisando o pedido de Trump, sem ainda ter descartado sua implementação.


Quem realmente será impactado?

Enquanto os debates acontecem em nível institucional, o impacto real pode ser sentido nas salas de cinema e no acesso do público americano a produções estrangeiras. Filmes premiados, cultuados ou até mesmo animações e documentários que hoje chegam com facilidade aos cinemas e streamings nos EUA podem passar a ser inviáveis economicamente.


Além disso, há uma contradição implícita: muitos filmes norte-americanos dependem de incentivos internacionais para viabilizar suas filmagens. Tom Cruise, por exemplo, evitou comentar diretamente o tema durante um evento na Coreia do Sul, onde promovia “Missão: Impossível – Dead Reckoning”, gravado em diversos países fora dos EUA.


Trump mira Hollywood global
(Foto: Divulgação/Universal)

Entre patriotismo e protecionismo

O protecionismo de Trump volta a se manifestar, desta vez em um dos setores mais simbólicos da identidade americana: o cinema. Sua proposta está alinhada com sua retórica de “America First”, mas especialistas alertam para possíveis consequências negativas, como retaliações comerciais, perda de competitividade e empobrecimento cultural.


“É uma tentativa de conter uma maré que já é global. O cinema não tem fronteiras — ou pelo menos não deveria ter”, escreveu um crítico do New York Times em editorial recente.

O que vem agora?

A proposta ainda não tem data para ser votada nem aplicada. Ela depende de trâmites legais e enfrenta resistências internas. Mas o alerta foi dado. E o mundo está olhando.


Em um momento em que o cinema busca se reinventar após os impactos da pandemia, das greves em Hollywood e da ascensão dos streamings, a proposta de Trump adiciona uma nova camada de instabilidade — e de urgência — à discussão sobre o futuro da sétima arte.


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