Viva a MULHER NEGRA, Viva TEREZA DE BENGUELA
- Faby Souza
- 25 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Hoje é um dia de celebrações e de honrar a Resistência da Mulher Negra. Viva Tereza de Benguela! Uma mulher guerreira, cheia de fibra e resiliência, que, na luta contra o racismo e o sexismo, enfrentou seu maior desafio. No momento de dor pela perda do marido, teve que se tornar resiliente e assumir um papel importante na história. Tereza se tornou líder quilombola e demonstrou que uma mulher preta pode estar onde quiser.
O Quilombo de Quariterê abrigou mais de 100 pessoas, incluindo povos indígenas e negros, e fez sua travessia com barcos através dos rios do Pantanal, ganhando o nome de "Rainha Tereza". Tereza comandou o quilombo em todas as esferas: política, econômica e administrativa. Sua trajetória era diferenciada, pois não temia a luta nem o trabalho árduo. "Governava" o quilombo à moda de um parlamento, com uma casa designada para o conselho.
Tereza de Benguela, assim como outras heroínas negras, é um dos nomes mais comentados pela historiografia nacional, devido ao movimento de mulheres negras em todo o país. No entanto, também é uma das figuras esquecidas pela historiografia oficial. Destacam-se algumas mulheres que representam esses espaços.
"Esse movimento de mulheres negras ocupando seus espaços tem crescido de forma natural. Uma visão empoderada tem feito a diferença. Em entrevistas, diversas mulheres negras potentes têm sido vistas com importância nos dias atuais. O dia 25 de julho se torna um dia para lembrar nossas lutas, valorizar nossas irmãs, orgulhar-se de quem somos, potencializar nossas falas, idealizar nosso futuro e o futuro da nossa juventude preta, unir-nos e confraternizar com louvor. Mostrar o quão importantes somos para nossa nação e exaltar nossos ancestrais. Demonstrar o poder da realidade que carregamos, e como diz a mestra Ângela Davis: 'Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.' E, com a bênção das minhas mais velhas, eu digo: A NOSSA LIBERDADE É A NOSSA RIQUEZA, ENTÃO SEGUIMOS NA LUTA", declarou Caroline Felix, Gestora de Políticas Públicas contra Violência à Mulher da Secretaria de Estado da Mulher.

"Ser uma mulher negra nesse contexto envolve enfrentar desafios estruturais que perpassam o racismo e o sexismo. Historicamente, as mulheres negras têm sido marginalizadas, enfrentando preconceitos e discriminações em múltiplas esferas da vida: no trabalho, na educação, na saúde e nos espaços de poder e decisão. No entanto, essas mulheres também têm sido protagonistas de importantes movimentos sociais e culturais, contribuindo significativamente para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.
A data é um momento para refletir sobre as conquistas e os desafios que ainda precisam ser superados. Ela é um chamado à ação, à solidariedade e ao reconhecimento da importância das mulheres negras na formação das identidades nacionais e na promoção de direitos humanos. É também uma oportunidade para celebrar a força, a resiliência e a criatividade dessas mulheres que, apesar das adversidades, continuam a lutar por um mundo onde todas as pessoas possam viver com dignidade e respeito", declarou Rejane Ribeiro, Coordenadora do Empreendedorismo Feminino da Secretaria de Estado da Mulher.

A historiadora Claudia Vitalino destaca:
"Penso que ter esse orgulho seja um dos principais pré-requisitos para reivindicarmos formas de ser da cultura negra, em especial as mulheres negras, que não estejam tuteladas pela feminilidade eurocêntrica. Assim como é também uma possível consequência das próprias modalidades de enfrentamento ao racismo e busca pelo autoconhecimento.
As mulheres negras formam o maior grupo demográfico do Brasil.
É urgente pensar em autonomia financeira enquanto proposta libertária de meninas e mulheres negras.
E, principalmente, esse modelo de economia é o que aprofunda as desigualdades estruturais para as mulheres pretas. Facilmente as ciências políticas e econômicas constatam que a precarização da vida é direcionada pelos marcadores sociais de raça e gênero.
A crise econômica brasileira também é fruto do processo histórico que exclui as mulheres não só dos espaços de tomada de decisão, mas principalmente do bem viver, sobretudo as mulheres pretas...
Ainda que nos vejam através da lente do racismo, tenhamos orgulho de ser mulher negra; apesar dos insultos, repulsa e da hipocrisia, eu me orgulho de ser mulher negra; independente do medo, julgamentos morais e generalizações, eu me orgulho de ser mulher negra."

Paula Tanga, presidente do Prêmio UBUNTU, fala sobre os desafios que a mulher negra enfrenta ao longo dos anos: "É um dia em que se reconhece a força, a resiliência e as contribuições significativas dessas mulheres para a sociedade. Ao longo dos anos, essa data tem se estabelecido como um momento de reflexão sobre a história, as conquistas e os desafios enfrentados pelas mulheres negras, latinas e caribenhas, que ainda permanecem sendo prejudicadas em várias áreas, principalmente na profissional, onde a mulher preta não recebe seu salário de acordo com suas funções, sendo sempre um salário menor."

Somos negras, a nossa pele é preta. Não somos nega de alguém.
A mulher negra é dona de si. Sabemos quem somos, temos orgulho de nossas raízes, seremos inabaláveis e nossa cultura será regada à resistência, contínua.
Viva a Mulher Negra!
Maravilhosa. Líder nata e aguerrida na pauta das mulheres .