Caravana do Futebol Feminino: Quando o Campo se Torna Revolução
- Da redação
- 28 de jun.
- 3 min de leitura
Com paradas em 24 cidades do país, projeto itinerante chega ao Parque Madureira e transforma o futebol feminino em palco de memória, tecnologia e futuro para meninas brasileiras.
Onde uma bola rola, uma menina resiste

Em 1991, quando a Seleção Brasileira Feminina estreava na primeira Copa do Mundo da modalidade, na China, a jogadora Elane dos Santos — uma das pioneiras — precisou vender rifas para custear o uniforme. Trinta e quatro anos depois, no coração de Madureira, meninas da periferia brincam com a mesma bola, mas agora cercadas de telas interativas, inteligência artificial e histórias que, finalmente, são contadas por quem viveu e venceu.
Essa é a força da Caravana do Futebol Feminino Petrobras, que chegou ao Parque Madureira, no Rio de Janeiro, e está reescrevendo o futuro com as chuteiras no chão, a cabeça erguida e a tecnologia como aliada.
Caravana do Futebol Feminino: Um Brasil que viaja com elas
Sob o lema "Com Elas, o Brasil Vai Mais Longe", a Caravana é mais que um projeto esportivo: é uma ação sociocultural e educativa com potência transformadora. Até dezembro de 2025, o projeto vai percorrer 24 municípios em 12 estados e no Distrito Federal, ativando praças, escolas públicas, clubes de base e projetos sociais.
A cada parada, não só o futebol feminino é celebrado — mas também o direito das meninas de ocuparem todos os espaços, inclusive o mais simbólico dos campos: o de suas próprias narrativas.
“A gente foi ensinada a aplaudir os gols deles, agora chegou a hora de comemorarmos os nossos”, disse emocionada a professora Aline Miranda, de 39 anos, do Complexo do Alemão, após ver sua filha de 9 anos sair da cabine de inteligência artificial falando o nome de Sissi como sua nova ídola.
Tecnologia que inspira e inclui

A estrutura interativa da Caravana, desenvolvida pela SuperUber, oferece uma experiência imersiva e altamente inclusiva:
Photo Opportunity: o público pode se fotografar com até 4 estrelas da Seleção, criando uma imagem personalizada para as redes sociais com a hashtag #caravanadofutebolfeminino.
Cabine IA – Amiga Virtual: inteligência artificial responde perguntas sobre a história do futebol feminino de forma acolhedora e educativa.
Social Snap: um mosaico de fotos em tempo real com as postagens da comunidade.
Super Pong: jogo colaborativo que mistura tecnologia e diversão para todas as idades.
Experiência Audiovisual: vídeos curtos e potentes que contam momentos históricos da luta e da glória do futebol feminino.
Memória como ferramenta de justiça
Uma das ações mais potentes será no dia 5 de julho, quando o público poderá conversar com jogadoras que participaram da primeira Copa do Mundo Feminina da FIFA, em 1991. É a chance de ouvir histórias invisibilizadas por décadas — como a da zagueira Elane, que além das rifas, enfrentava treinos sem material adequado, preconceito institucional e ausência total de investimento.
“Essa caravana é como se alguém dissesse: a gente viu vocês. E agora, o país inteiro vai ver também.” – Roseli de Belo, ex-atacante da Seleção.

Muito além do futebol
A D+ PROJETOS, responsável pela realização da Caravana, trabalha desde 2008 com grandes experiências esportivas e culturais. Ao unir arte, esporte, inovação e mobilização social, a iniciativa transforma o futebol feminino em ferramenta pedagógica e instrumento político de empoderamento.
Segundo dados da ONU Mulheres, o esporte é um dos campos mais poderosos de emancipação feminina — mas também um dos mais resistentes às mudanças estruturais. No Brasil, apenas 8% dos cargos de gestão esportiva são ocupados por mulheres. A Caravana joga contra esse placar.
Futuro no pé e dignidade no peito
Em Madureira, onde o samba, a fé e a luta se misturam em cada esquina, meninas negras hoje fazem gols com seus nomes nos telões. A Caravana chegou para dizer que talento não é exceção, é regra — o que faltava era investimento, visibilidade e respeito.
Refletindo...
Num país onde o machismo ainda tenta apitar os jogos das nossas vidas, cada menina que chuta uma bola está também chutando uma estrutura. E quando a tecnologia, a memória e o afeto caminham juntas, é o Brasil que avança em campo.
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