Fusão Petz e Cobasi: riscos, monopólios e impacto para tutores de pets
- Da redação

- 4 de set.
- 3 min de leitura
Por mais que o amor pelos animais de estimação seja infinito, o bolso dos tutores não é. E agora, a fusão Petz e Cobasi, decisão que promete sacudir o mercado pet no Brasil, está prestes a colocar essa relação à prova. A pergunta que ecoa nos corredores de Brasília e nas ruas das cidades é simples, mas decisiva: quem ganha e quem perde se esse casamento for aprovado?

O mercado pet brasileiro e a fusão Petz e Cobasi
O Brasil já é o terceiro maior mercado pet do mundo, movimentando cerca de R$ 67,5 bilhões em 2023, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Nesse universo, ração, medicamentos e serviços básicos como banho e tosa não são luxo: são itens essenciais para os cerca de 168 milhões de pets registrados no país.
É nesse cenário que Petz e Cobasi buscam unir forças. Juntas, controlariam uma fatia majoritária do setor, criando uma concentração de poder sem precedentes. Mas o que para o investidor soa como “estratégia de crescimento” pode significar, para o consumidor, a perda da liberdade de escolha e aumento dos preços. A disputa por um mercado bilionário
O Brasil já é o terceiro maior mercado pet do mundo, movimentando cerca de R$ 67,5 bilhões em 2023, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Nesse universo, ração, medicamentos e serviços básicos como banho e tosa não são luxo: são itens de sobrevivência para os cerca de 168 milhões de pets registrados no país.
É nesse cenário que Petz e Cobasi buscam unir forças. Juntas, controlariam uma fatia majoritária do setor, criando uma concentração de poder sem precedentes. Mas o que para o investidor soa como “estratégia de crescimento” pode significar, para o consumidor, a perda da liberdade de escolha e o aumento dos preços.
Riscos para pequenos pet shops e consumidores
Em uma nota técnica anexada ao processo, o Instituto Caramelo, em parceria com o IPS Consumo, lançou um alerta preocupante: nas cidades onde Petz e Cobasi já coexistem, os pequenos pet shops têm 35% mais chance de fechar as portas. Se a fusão for aprovada, especialistas apontam para a formação de “monopólios locais”, nos quais uma única rede controla oferta e preços.
“Não estamos falando apenas de um risco econômico, mas de um impacto direto no cotidiano das famílias brasileiras”, afirma Marília Lima, responsável técnica do Instituto Caramelo. “A alta de preços em ração e medicamentos pode levar ao abandono de animais, já que muitos tutores não terão condições de arcar com os custos básicos. É uma cadeia de consequências invisíveis, mas devastadoras.”
O que diz o Cade sobre a fusão Petz e Cobasi
Relator do caso, o conselheiro José Levi Mello do Amaral Júnior reforçou que a decisão será técnica. Ele encomendou novos estudos sobre o mercado online e o comportamento do consumidor, considerando o impacto dos programas de fidelidade que podem amarrar clientes às grandes redes.
“É preciso um contexto concorrencial mais aprimorado”, disse Levi ao justificar a prorrogação do prazo de análise, agora estendido até o fim do ano.
A deputada federal Gisela Simona (União-MT), que acompanha o processo, alertou:
“Estamos falando de produtos básicos, como ração e remédios, que podem ficar mais caros para milhões de famílias. Sem concorrência, o consumidor perde o direito de escolha.”
Quando o afeto encontra a lógica do mercado pet
Por trás das cifras, há uma realidade que escapa aos relatórios técnicos: o vínculo afetivo entre tutores e seus animais. Dados do IBGE revelam que mais de 47% dos lares brasileiros possuem ao menos um cachorro, e 19% um gato. Para essas famílias, o impacto econômico da fusão pode significar muito mais do que números: pode representar decisões dolorosas, como reduzir consultas veterinárias ou até abrir mão do animal.

Amor pelos animais X concentração de poder
O Cade terá até o fim do ano para decidir. Mas a pergunta que fica é clara: em um país onde a desigualdade social já limita o acesso a bens essenciais, faz sentido entregar um mercado tão vital a duas empresas gigantes?
A sustentabilidade não se faz apenas com políticas ambientais, mas também com escolhas econômicas que preservem a diversidade — de espécies, de serviços e de opções. Se o amor pelos animais é coletivo, por que permitir que o cuidado com eles se torne privilégio de poucos?
A decisão do Cade será mais do que técnica: será um termômetro da nossa capacidade de equilibrar afeto, consumo e justiça social.






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