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Galvão Bueno, a voz que atravessa gerações, se reinventa no SBT rumo à Copa de 2026

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    Da redação
  • 10 de set.
  • 3 min de leitura

Fonte: Folha de S.Paulo, reportagem de Gabriel Vaquer, publicada em 10/09/2025.


Galvao Bueno narrador SBT Copa 2026
Galvão Bueno, narrador do SBT na Copa 2026 - Reprodução/Internet

Aos 75 anos, Galvão Bueno não fala em aposentadoria. Pelo contrário: sua voz, que atravessou gerações e se confunde com a própria história do futebol brasileiro, voltará a ecoar em 2026, quando o narrador será a principal aposta do SBT para a cobertura da Copa do Mundo nos Estados Unidos, México e Canadá. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo, em reportagem assinada por Gabriel Vaquer, e já movimenta os bastidores da comunicação esportiva.

O contrato ainda aguarda assinatura, mas já está no setor jurídico da emissora de Silvio Santos. O acordo foi viabilizado pela NSports, empresa da qual Galvão é sócio, e garante ao narrador a transmissão de todos os jogos da seleção brasileira, das partidas decisivas e da final do torneio.

O peso de uma voz que atravessa décadas

Galvão vive uma relação visceral com as Copas do Mundo. Desde 1974, quando estreou no torneio, até a cobertura in loco iniciada em 1978, ele se tornou personagem central na forma como o Brasil narra — e ouve — sua própria paixão. Foram erros, gafes, gritos, bordões, mas também emoção genuína, que ainda hoje ecoa nas casas de milhões.

“É como se o futebol tivesse uma trilha sonora, e essa trilha fosse a voz de Galvão”, disse à Folha o historiador esportivo José Carlos Marques, professor da USP, que estuda a memória coletiva do esporte no Brasil.

A voz que atravessa gerações

Desde 1974, quando estreou em Copas, Galvão é mais do que um narrador — é um personagem da memória afetiva do Brasil. Em 1986, ainda ao lado de Osmar Santos, narrou o primeiro jogo da seleção em Copas. A partir de 1990, não largou mais o microfone: cada drible de Romário, cada lágrima de Ronaldo, cada passe mágico de Ronaldinho ou Neymar foi narrado sob o seu timbre reconhecível.

Agora, em 2026, o desafio será outro.

 A nova disputa: streaming, CazéTV e a força da nostalgia

A volta de Galvão ao protagonismo não é apenas uma escolha sentimental. É, sobretudo, um movimento de mercado. O SBT, que disputa audiência com a Globo e com novos players digitais como a CazéTV, sabe que a credibilidade e o apelo popular de Galvão podem se converter em audiência e faturamento.

Segundo a apuração de Gabriel Vaquer, a emissora da família Abravanel fechou cotas publicitárias robustas para o Mundial de 2026, em um mercado onde direitos de transmissão chegam a cifras bilionárias. A presença de Galvão funciona, assim, como selo de confiança para patrocinadores e público.

O contraponto: a narração na era do streaming

Mas há também críticas. O narrador, em recente entrevista à Folha, declarou que há “gente gritando demais” nas transmissões atuais, apontando que parte da nova geração de narradores prioriza a performance em detrimento da cadência narrativa.

O jornalista esportivo Eduardo Tironi, em comentário no UOL, observou:

“Galvão é um ícone, mas o futebol mudou. A forma de assistir também. Hoje, narradores precisam dialogar com um público fragmentado, que comenta em tempo real no celular. A volta dele é um resgate histórico, mas também um teste: será que sua voz ainda terá o mesmo impacto na era do streaming?”

Arena 21: o que está em jogo para a Copa 2026

O que a presença de Galvão na Copa de 2026 nos diz é mais profundo do que a simples escolha de uma emissora. Ela escancara a disputa entre memória e inovação, tradição e ruptura, numa sociedade que ainda busca se equilibrar entre o passado da TV aberta e o futuro das transmissões digitais.

Aos que cresceram ouvindo “haja coração”, sua voz é porto seguro. Aos mais jovens, pode soar como um elo com um Brasil que parece distante — mas que continua vivo quando a bola rola.

E fica a provocação: em um país que ainda carece de narrativas positivas, será que a emoção de Galvão nos jogos do Brasil poderá unir novamente diferentes gerações em torno de uma mesma paixão? Ou estaremos apenas repetindo, com nostalgia, uma fórmula de sucesso do passado?

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